BEM-VINDOS À CRÔNICAS, ETC.


Amor é privilégio de maduros / estendidos na mais estreita cama, / que se torna a mais / larga e mais relvosa, / roçando, em cada poro, o céu do corpo. / É isto, amor: o ganho não previsto, / o prêmio subterrâneo e coruscante, / leitura de relâmpago cifrado, /que, decifrado, nada mais existe / valendo a pena e o preço do terrestre, / salvo o minuto de ouro no relógio / minúsculo, vibrando no crepúsculo. / Amor é o que se aprende no limite, / depois de se arquivar toda a ciência / herdada, ouvida. / Amor começa tarde. (O Amor e seu tempoCarlos Drummond de Andrade)
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sábado, 20 de novembro de 2010

1980 - a parada de sucessos


Há 30 anos, em 1980, o que se ouvia nas rádios era um estilo de música que tem nada a ver com as de hoje. Pra começar, não havia pagode, funk, axé e nem sertanejo. A base da música nacional era a chamada MPB. Como afirmei, ouvíamos 14 Bis, Fagner, Alceu Valença, Djavan, Boca Livre, Elis Regina, Rita Lee e outros da nossa MPB. No lado internacional, ainda não havia começado de fato a Era Michael Jackson, mas podíamos ouvir Pink Floyd, Roger Keny, Abba, KC & The Sunshine Band, Air Supply, Queen. A maioria dessas eram temas de novelas da época.
Era uma Parada de Sucesso de muito romantismo e de música boa. O tempo não volta, mas as canções ficam marcadas para sempre. Eu guardo todas. Ainda lembro que a rádio que mais ouvia na minha cidade era o Difusora FM, que depois mais tarde virou RD-90.
Quem quiser o arquivo em MP3 da trilha sonora que embalou 1980, eu tenho as 100 música abaixo:

1980

1 Balancê - Gal Costa
2 Another Brick In The Wall - Pink Floyd
3 Crazy Little Thing Called Love - Queen
4 Momentos - Joanna
5 Menino do Rio - Baby Consuelo
6 Toada (Na Direção do Vento) - Boca Livre
7 Lady - Kenny Rogers
8 Lost In Love - Air Supply
9 Meu Bem Querer - Djavan
10 Alô Alô Marciano - Elis Regina
11 Grito de Alerta - Maria Bethânia
12 Don't Stop Till You Get Enough - Michael Jackson
13 Sailing - Christopher Cross
14 Admirável Gado Novo - Zé Ramalho
15 20 e Poucos Anos - Fábio Jr.
16 Xanadu - Olivia Newton-John & Electric Light Orchestra
17 Foi Deus Que Fez Você - Amelinha
18 Little Jeannie - Elton John
19 Amante à Moda Antiga - Roberto Carlos
20 Mania de Você - Rita Lee
21 Magic - Olivia Newton-John
22 Coração Bobo - Alceu Valença
23 All Out Of Love - Air Supply
24 Cruisin' - Smokey Robinson
25 Demônio Colorido - Sandra Sá
26 Do That To Me One More Time - The Captain & Tennille
27 Cheiro de Mato - Fátima Guedes
28 Another One Bites The Dust - Queen
29 Noturno - Fagner
30 The Winner Takes It All - Abba
31 Bandolins - Oswaldo Montenegro
32 Canção da América - Milton Nascimento
33 With You I'm Born Again - Billy Preston & Syreeta
34 Feminina - Joyce
35 Him - Rupert Holmes
36 Babe - Styx
37 Upside Down - Diana Ross
38 Essa Tal Criatura - Leci Brandão
39 Please Don't Go - KC & The Sunshine Band
40 Sol de Primavera - Beto Guedes
41 Call Me - Blondie
42 Chega Mais - Rita Lee
43 Só Nos Resta Viver - Angela Rô Rô
44 Fame - Irene Cara
45 Shining Star - The Manhattans
46 Nosso Estranho Amor - Marina & Caetano Veloso
47Special Lady - Ray, Goodman & Brown
48 After You - Michael Johnson
49 Do Right - Paul Davis
50 Meu Amigo, Meu Herói - Zizi Possi
51 Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira - Moraes Moreira
52 Into The Night - Benny Mardones
53 Just Like You Do - Carly Simon
54 Menino Sem Juízo - Alcione
55 Eu e a Brisa - Baby Consuelo
56 More Than I Can Say - Leo Sayer
57 Noites Cariocas - Gal Costa
58 Ponto de Interrogação - Gonzaguinha
59 Gonna Get Along Without You Now - Viola Wills
60 Give Me The Night - George Benson
61 Lead Me On - Maxine Nightingale
62 I Never Fall In Love - Davitt Sigerson
63 Desesperar Jamais - Simone
64 You And I - Mireille Mathieu & Paul Anka
65 Quem Tem a Viola (Cecília) - Boca Livre
66 Quero Colo - Fábio Jr.
67 Semente do Amor - A Cor do Som
68 Shine On - L.T.D.
69 I'm So Glad That I'm A Woman - Love Unlimited
70 Ships - Barry Manilow
71 Agonia - Oswaldo Montenegro
72 Survive - Jimmy Buffett
73 Bola de Meia, Bola de Gude - 14 Bis
74 Three Times In Love - Tommy James
75 Wave - João Gilberto
76 Canção de Verão - Roupa Nova
77 Modern Girl - Sheena Easton
78 More Love - Kim Carnes
79 Caminhando (Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores) - Simone
80 Love I Need - Jimmy Cliff
81 Aroma - Lúcia Turnbull
82 Planeta Sonho - 14 Bis
83 Cais - Milton Nascimento
84 Escravo da Alegria - Toquinho & Vinícius
85 First Be A Woman - Leonore O'Malley
86 Clareana - Joyce
87 Fracasso - Gilliard
88 Quero Quero - Cláudio Nucci
89 Novo Tempo - Ivan Lins
90 Lembranças - Kátia
91 Meninas do Brasil - Moraes Moreira
92 Never New Love Like This Before - Stephanie Mills
93 Rua Ramalhete - Tavito
94 Faltando Um Pedaço - Djavan
95 Se Eu Quiser Falar Com Deus - Elis Regina
96 Doce de Pimenta - Olivia
97 No Night So Long - Dionne Warwick
98 Nova Manhã - 14-Bis
99 The Second Time Around – Shalamar
100 A Massa - Raimundo Sodré
 



Postado Por Antônio - Novembro / 2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Bastardos

,
Para ficar de bem com o mal — já que ontem foi dia das bruxas — fui presenteado pelo canal telecine com o filme “Bastardos Inglórios” (2009) — Quentin Tarantino. Já perdi a conta de quantas vezes vi este filme, mas acredito que seja a quinta vez. A cada repetição uma emoção, uma descoberta. Quando vi pela primeira vez, fiquei tão fascinado que considerei o melhor filme do ano, sem o ano ter terminado e sem ver os outros. A academia deverá dar o Oscar de melhor filme, constatei. Depois lembrei que a Academy Awards não daria um prêmio de melhor filme a um filme aos moldes de Bastardos — uma ficção sobre o terceiro reich e sanguinário.

Tarantino é um consagrado diretor pelos filmes sangrias. Há quem não goste do seu estilo, mas em Bastardos ele se superou. Fez um dos seus melhores filmes. Sorte e competência teve o ator Christoph Waltz; ainda no projeto do filme, Tarantino quase desistiu de rodar o filme, pois não conseguia encontrar um ator que falasse fluentemente Inglês, Alemão, Francês e Italiano. Encontrou, por fim, Waltz. E não poderia dar outra: ele brilhou e ainda levou o Oscar de ator coadjuvante. Antes já havia ganhado o prêmio de melhor ator no festival de Cannes. Waltz fez um vilão vibrante, ácido, repugnante, eloqüente, às vezes engraçado; roubou as melhores cenas do filme. Só posso comparar a Heath Ledger como Coringa em Batman – o cavaleiro das trevas.

Quem brilhou também foi Brad Pitt no papel do caricato tenente Aldo Raine. Suas caras e falas são de dar gargalhadas e sua atuação foge completamente do seu estilo: herói e belo. Há quem pense que ele ficará com a mocinha do filme — como sempre acontece. Embora Aldo e Shosanna tivessem os mesmos objetivos: matar nazistas, mas eles não se encontram em cena nenhuma.

O filme tem como pano de fundo a segunda guerra mundial numa França tomada pelos nazistas. O Coronel da SS Hans Landa (Waltz) é condecorado pelas suas proezas de caçador de judeus. Já no inicio da trama deixa escapar das suas mãos a jovem judia Shosanna (Mélanie Laurent). Do outro lado, o tenente Aldo Raine (Brad Pitt) lidera o grupo dos bastardos, que tinha como missão eliminar nazistas.

A trilha sonora é outra genialidade do filme. Tarantino trás músicas do compositor italiano Ennio Morricone. Quem começa ver o filme, já nos caracteres, tem a impressão que verá um filme bangue-bangue à italiana dos anos sessenta.

A melhor cena — entre tantas — é a do encontro do Coronel Hans Landa com a moça judia Shosanna num restaurante. Quando todos se levantam para sair, ele a convida para continuar sentada, com o propósito de conhecê-la melhor e saber o que faz em Paris. Como verdadeiro oficial nazista e machista, não lhe dá o direito nem de escolher o que comer e beber na sobremesa daquele final de jantar. Ele mesmo diz ao garçom o que ela vai comer. Quando o garçom esquece-se de trazer creme, ele pede que traga e quando ela vai garfando o seu pedaço de torta, ele bate-lhe a mão e diz: espere o creme. Depois de muitos interrogatórios e gargalhadas de cinismo igual, ele apaga o cigarro sobre o resto de torta no prato e sai deixando a pobre Shosanna em pânico. Genial.

Para ficar de bem com o mal — dito no começo da conversa —, o filme tem um final apoteótico. Como ninguém até hoje deu Hitler como morto, ou tenha certeza de que modo ele morreu, Tarantino lhe deu uma morte digna de um ditador, populista e que, reconhecidamente, mudou os caminhos da humanidade. Ele e Goebbels morrem junto com todo o primeiro escalão do comando nazista dentro de um cinema em chamas. O cinema da mocinha judia Shosanna (Mélanie Laurent). O filme termina com a “suástica” marcada na testa do Coronel Hans pelo intrépido Tenente Aldo, dizendo: "Acho que essa pode ser minha obra-prima". Tarantino lavou a minha alma no dia das bruxas. Que seja o fim de todos os ditadores.


Postado por Antônio - Novembro 2010

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Este Blog

Só para esclarecimento. Muitos leitores (as) vêm visitar o blog procurando novidades - textos inéditos todos os dias. O fato, é que este escriba não tem hábito de escrever todos os dias. Não que não queira. Desculpa, às vezes sou tragado por outros compromissos e pouco tempo resta para escrever. É claro, tenho outros hobbies, que não é só escrever, outro é ler. Quem escreve tem que ler. Nas letras como na arquitetura sobrevivemos à base de inspiração. Tem dias que olho para o papel virtual do Word e não vem nada, nadinha. Gostaria de ser uma máquina de escrever (Olivetti). Minha atividade principal é urbanista (agora convicto) e por isso escrevo nas horas que me sobram.

Para o próximo texto do Blog, fui buscar inspiração onde não havia. A ideia já existia, mas faltava um empurrão no “ócio criativo”. Saiu. Acredito que hoje à noite já esteja pronto para postar aqui. Dei o nome de “Quando as flores eram de verdade”, mas poderia se chamar “Pra não dizer que não falei das flores também”.

Como podem perceber não conto com colaboradores. O blog é só meu e não tenho mais ninguém mexendo aqui, mas aceito sugestões dos leitores. Por enquanto, faço dele meu cantinho, meu esconderijo da vida. Quem sustenta e me dá alento são vocês. Obrigado e vamos em frente. (Antonio)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Como se fosse a primavera

Ainda a primavera...

O novo texto para o blog está quase pronto. Como o texto "Nesta manhã de primavera..."(leia) ainda está "bombando" com muitos acessos, vou adiar por uns dias a postagem do novo texto. Já fins uns ensaios com alguns leitores e a resposta foi muito boa. Acho que irão gostar.
Enquanto isso, assistam o video da canção "Como se fosse a primavera" de Pablo Milanés/Nicolas Guillén. Chico Buarque gravou está música - 1984. Esta música é uma das belas coleções de compositores cubanos. Deles, gosto muito desse: Pablo Milanés, e de Silvio Rodriguez. Na política, Cuba é um atraso, mas seus compositores são muito bons. Por sinal, esses dois não se alinham mais com a forma governamental e regimentar da ilha.
Enquanto aguardam o próximo texto, leiam os antigos. A primavera começou hoje, vamos mudar o foco e o rumo da prosa.




Como Se Fosse a Primavera

Composição: Pablo Milanés/Nicolas Guillén

De que calada maneira
Você chega assim sorrindo
Como se fosse a primavera
Eu morrendo
E de que modo sutil
Me derramou na camisa
Todas as flores de abril
Quem lhe disse que eu era
Riso sempre e nunca pranto?
Como se fosse a primavera
Não sou tanto
No entanto, que espiritual
Você me dar uma rosa
De seu rosal principal
De que calada maneira
Você chega assim sorrindo
Como se fosse a primavera
Eu morrendo
Eu morrendo

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Bicicletas, etc...


Quando fui dar nome ao blog, veio a lembrança de uma música chamada “Bicicletas, etc...” (Eduardo Souto Neto e Geraldo Carneiro). Esta belíssima música esta no LP de Taiguara de 1971, na última faixa do lado A. Este disco foi uma das grandes inspirações musicais do meu aprendizado. O título era “Carne e Osso” e na capa aparecia uma boca enorme (provavelmente a de Taiguara). Ouvi este disco até furar, literalmente falando. “Bicicletas, etc...” tinha num trecho da letra: “todas as manhãs eu entro no cinema/ numa imagem de luzes coloridas...” e um arranjo com base em piano, como quase tudo que Taiguara fazia. Neste mesmo disco havia outra canção que se chamava “Momento de amor”, era a 3ª faixa do lado A. Sempre interpretei esta música como uma resposta do amor. Do amor que se dá e recebe na mesma proporção. Sua letra e melodia vão da carícia, do afago ao ápice, ao orgasmo e depois o repouso, o descanso. Tudo dentro de uma sutileza de versos e harmonia. Ao fundo se ouvia uníssono uma voz feminina falando ao seu amante palavras de amor.


Momento de Amor (Taiguara)

Neném, eu percebi quando te amei
Teu medo foi maior que o teu amor, neném
Neném, abre o teu peito e diz pra mim
Tudo que te faz temer assim
Neném, dor que se guarda fere mais
Faz medo, desespera e esfria o amor, neném
Meu bem, faz no leito um sol pra nós
Faz da tua treva o amanhecer
Vida é só uma estrada e vai levar
Aonde o teu amor puder
Vida é teu momento de entregar
É dentro de você, mulher
Neném, agora sim num corpo só
Os nossos corpos sós vão se encontrar no amor
Amor, agora sim eu vou te amar
Mais do que te amar vou te saber
Assim, meu colo acolhe a tua mão
E colhe em tua mão o tato bom do amor
Assim, meu braço estreita o nosso amor
Deita sobre o teu o meu viver
Quero, e esse é o momento de alcançar
Vir junto e mergulhar no amor
Quero, deixar no mundo do teu ser
No fundo do teu ser, o amor
Comigo agora, vem, vem, vem neném


Postado por Antônio - Setembro 2010

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Ufa!

A expressão não seria melhor: "Ufa!". Estou terminando o próximo texto que ficou engavetado pelo menos uns três meses. Tirava, olhava, escrevia e guardava. Comecei e terminei outros e este não ia adiante. Agora creio que a ideia já esteja totalmente formada, as palavras condensadas e o recado passado. Nem sempre os temas fluem, às vezes eles precisam de um empurrão quem vem de dentro ou de fora. Este teve vários empurrões.
Parti do tema de uma canção para  me aprofundar em "Eu quero uma casa no campo". Trata-se de uma resenha do nosso cancioneiro, com uma pitada de lirismo. Por ter alguns leitores que estão gostando das escritas - alguns revelados de maneira pessoal - aí você começa a ficar meio chato consigo mesmo. Por vezes fica o receio que o recado não seja dado,  falte conteúdo ou que ninguém se interesse pelo assunto.
Não obstante, também não uso da força da memória, faço porque curto fazer isso. É um exercício diário que também contribui para colocar os pensamentos e a vida nos trilhos. Quando as palavras vêm, são avalanches, que chegam até me tirar o sono; como ocorreu em "Balões Cristalizados", que nasceu da noite para o dia. Em outros, elas já não brotam com tanta facilidade. Há que se provocar.
Mais uns dias e deixarei postado aqui este texto inédito. Será o mês de Agosto? Então, venha logo Setembro com sua primavera e seus brotos de flores.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Frio e a inteligência emocional

Aproveitei o fim de semana frio para pôr alguns pensamentos em dia. O cobertor, o café, o aconchego, e as boas palavras fizeram meu corpo e minha alma mais quente, como há muito não havia sentido. Bem, as previsões já haviam avisado que a temperatura no sudeste iria cair, até por isso cancelei o jogo do Palmeiras com os sobrinhos. É muito amor ao time sentar numa arquibancada gelada e ver a noite chegar e esfriar mais ainda. Pena, pois o time finalmente ganhou.

Também aproveitei para rever e refletir um pouco mais sobre uma palestra do psicanalista Flávio Gikovate. Como falei, não sou psicólogo e não quero ficar pautando este ou aquele psicanalista pela corrente que dominam ou seguem: junguiana ou freudiana. Sei lá eu. Só sei que o que fala me interessa e recomendo que lêem mais sobre suas obras e publicações. Gikovate tem uma linguagem fácil e seus assuntos são contemporâneos, pois dizem respeito ao convívio das pessoas nas relações e elas com suas vidas.

Muito do que disse nesta palestra sobre inteligência emocional — ou maturidade — vai de encontro com ao mundo que nós vivemos e pessoas que deparamos pela vida. Quando assisti pela primeira vez esta palestra, a pessoa ao meu lado não lhe deu muita importância; talvez se prestasse atenção teria sido melhor nas suas escolhas. O analfabeto emocional é aquele que se esvaziou dos sentimentos e não evoluiu o dom de amadurecer para as emoções. Não quero me prolongar, pois isto vai ser conteúdo de outra conversa aqui no blog. Vou me arriscar a falar sobre educação.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Sonho Real

A década de 80 foi marcada por várias descobertas na minha vida. Foi a época da efervescência na música pop no Brasil, com o surgimento de várias bandas nacionais que até hoje estão na estrada, e agora fazendo a cabeça desta geração. Foi naqueles anos, que também deixei cair nos meus ouvidos belas canções que, por descuido, depois ficaram marcadas para sempre em mim.

Quando Lô Borges lançou o disco “Sonho Real”- 1984, eu já conhecia sua obra pelos violões que eram tocados no nosso Clube da Esquina – bem pertinho de casa. Foi lá que ouvi pela primeira vez “Vento de Maio”, “Girassol da cor dos seus cabelos” entre outras. Quanto foi lançado o disco, fui à loja Multison na Rua Sete de Setembro e gastei alguns cruzeiros para ter meu primeiro disco de Lô. Depois que pus a primeira vez na agulha , não saiu mais da vitrola.

Lembro que de manhã, antes de sair para o trabalho – naquela época eu era caixa de banco - eu tomava café ouvindo “Sonho Real”. Tenho o CD remasterizado junto com outros de Lô, mas guardo com carinho o vinil de "Sonho Real" até hoje, quase sem arranhões.

O disco trás obras lindas como “Tempestade”, “Nenhum Mistério” – esta também gravada por Simone – e “Sonho Real”, a minha preferida. Esta composição de Lô e Ronaldo Bastos foi gravada com arranjo e regência de Toninho Horta. No arranjo, além da orquestra de cordas, há arpejos de harpa e gaita; sem contar de um solo inconfundível da guitarra do próprio Toninho Horta. Esta canção entrou definitivamente para minha vida. Não cabem outras recordações, não retiro lembranças de nenhuma paixão que vivi naqueles anos. Ela por si só já me faz suspirar. Hoje reparto com vocês um sonho verdadeiramente real.


SONHO REAL

(Lô Borges / Ronaldo Bastos)
A primeira vista
A paixão não tem defesa
Tem de ser um grande artista
Pra querer se segurar
Faz tremer a perna
Faz a bela virar fera
Quando alguém que a gente espera
Quer se chegar
Só de pensar
Já me faz mais feliz
Nem bem o amor começa
Eu já quero bis
Chega e instala a beleza
No mesmo momento. . .
Ilusão tão boa
Quanto o astral de uma pessoa
Chega junto, roça a pele
E já quer se enroscar
Lê seu pensamento
Paralisa seu momento
Ao se encostar
Sonho real
Faz surpresa pra mim
E trança o meu destino com alguem assim
Chega e instala a beleza
No mesmo momento. . .
Vem andar comigo
Numa beira de estrada
Desse lado ensolarado
Que eu achei pra caminhar
Vem meu anjo torto
Abusar do meu conforto
Ser meu bem em cada porto
Que eu ancorar
Felicidade pode estar pelo sim
Às vezes do seu lado
Tem alguém afins
Chega e instala a beleza
Momento de sonho real...


Publicado por Antônio - Agosto/2010

terça-feira, 22 de junho de 2010

Penny Lane em meus olhos


Escrever neste clima de Copa é complicado. Vira e mexe você lembra das vuvuzelas, da jabulani que bateu caprichosamente na trave no chute de Cristiano, no gol de “manga de camisa” de Luis, da cara de poucos amigos de Dunga... O barato é que isso me contagia. Lembro da minha primeira Copa, eu fui comprar cigarros no intervalo de Brasil 1 x 0 Inglaterra. Claro, fui comprar para o meu primo, eu era ainda um fedelho esperto. O que mais me chocou foi ver as ruas desertas, aí eu me perguntava: Onde está todo mundo?
Agora estou escrevendo algo sobre certa rua chamada Penny Lane. Ela foi inspiração de Paul McCartney e onde eles talvez tenham se encontrado pela primeira vez. Sempre é bom lembrar: a primeira Copa, a primeira vez, o primeiro encontro, o primeiro amor. E tudo nunca mais esqueceremos.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Yeh, yeh, yeh


Um dos trechos fortes e marcantes da música “The Boxer” – Paul Simon é o refrão onde não há letra, ele e Garfunkel cantam somente o “La-ia-lá” (lie-la-lie...). Este trecho é universal, não precisamos entender ou falar inglês para cantar. É onde conseguimos cantar com o disco sem medo de errar, fácil de guardar, fácil de cantar. Numa gravação de 1974, o “La-ia-lá” foi substituído por uma flauta zamponha do Grupo peruano Urubamba, lindíssima também.
Os Beatles usavam muito desse recurso. Tanto é verdade que na década de sessenta no Brasil se dizia que eles eram “os reis do iê, iê, iê”; título em português dado ao filme “A hard days night” de 1964. A expressão “iê, iê, iê” ficou imortalizada e marcou para nós brasileiros o estilo de música que eles faziam na época, que nada mais era que o tal de rock n`roll - com suas variações. A Jovem Guarda se utilizou muito desse estilo Beatles com versões em português das suas músicas. Ronnie Von (que não era da Jovem Guarda) gravou “Girl”; já Renato e seus Blue Caps abusaram, fizeram várias versões dos Beatles. Em 1966, o primeiro filme dos Trapalhões se chamava “Na onda do iê, iê, iê”. É claro que o tal do “iê, iê, iê” queria dizer um modo, um estilo de vida que começava a partir da música dos Beatles. Na raiz da expressão, a onomatopeia beatle surgiu com a música “She loves you”, cujo refrão diz: “She loves you yeh, yeh, yeh / She loves you yeh, yeh, yeh”. Em português, virou “iê, iê, iê”. Numa outra canção “Hey Jude” o “lá, lá, lá” é um convite a cantar junto no final da música: “lá, lá, lá, laia, lá Hey Jude...”. E todo mundo canta.
Este conversê todo surgiu ouvindo no trânsito a canção “Grão de Areia” de Arnaldo Antunes; percebi nitidamente esta proposta onomatopeia de não querer dizer nada num trecho da letra. Arnaldo também é mestre nisso: usar as palavras ocultas. Há momento na letra que não há mais nada o que dizer; nessa hora as palavras se fundem com a melodia. Parece que nada preencherá ou tudo será permitido dizer; é onde o Lá, rá, rá, rá ou lá, lá, lá entra; deixando a imaginação de quem ouve viajar num mundo que ele escolher, na palavra que lhe vier à cabeça.

Grão de Areia(Arnaldo Antunes)
Me deixe sim
Mas só se for
Pra ir ali
E pra voltar

Me deixe sim
Meu grão de amor
Mas nunca deixe
De me amar

Agora as noites são tão longas
No escuro eu penso em te encontrar
Me deixe só
Até a hora de voltar

Me esqueça sim
Pra não sofrer
Pra não chorar
Pra não sentir

Me esqueça sim
Que eu quero ver
Você tentar
Sem conseguir

A cama agora está tão fria
Ainda sinto seu calor
Me esqueça sim
Mas nunca esqueça o meu amor

É só você que vem
No meu cantar meu bem
É só pensar que vem
Lá ra ra rá

Me cobre mil telefonemas
Depois me cubra de paixão
Me pegue bem
Misture alma e coração.

© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / junho de 2010.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Crônicas e bolinho caipira

É inegável, o melhor bolinho caipira está aqui no Vale do Paraíba, minto, nunca apareceu outro igual, ou melhor. Para ser bem preciso o mais saboroso está em São José, no Bairro de Santana, na casa da minha mãe. Eu posso dizer. Nunca pesquisei, mas creio que a receita é centenária e vem atravessando gerações até nossos dias. É claro que houve inovações, onde se substitui a carne por queijo ou lingüiça calabresa. Ainda bem que essas iguarias não perdem o sabor nunca, vão passando de mãe para filha, de filha para neta... Sempre mulheres.
Sei que hoje a cidade espichou e já tem automóvel demais nas ruas, mas ainda conserva este ar interiorano, das festas de junho regadas a bolinho caipira, quentão e quadrilha. Ainda nos permitimos viver tudo isso; ainda conseguimos olhar o céu à noite e ver algumas estrelas.
Pegando esta toada, este escrevinhador – aprendiz das palavras -, está preparando a próxima crônica para o Blog. Batizei-a de “Balões Cristalizados”. É uma volta ao passado, com estrelas cadentes, infância, pipas e balões. Só não diz nada sobre bolinho caipira, mas o cheiro... hummm.

Antonio.

terça-feira, 18 de maio de 2010

The fool on the hill

Estou escrevendo a próxima crônica ouvindo propositalmente The fool on the Hill (Paul McCartney). O tema fala dessa coisa de escalar montanhas, ou colinas. Talvez um tolo mesmo que se mete a fazer o que não sabe. Enfim, lições tiramos de tudo e o limites também. “Eu não tenho mais tempo para errar”, vem de um conversa com mulheres que estão preocupadas com o seu tempo. O que fazer com ele?

Day after day,
Alone on a hill,
The man with the foolish grin is keeping perfectly still
But nobody wants to know him,
They can see that he's just a fool,
And he never gives an answer,

But the fool on the hill,
Sees the sun going down,
And the eyes in his head,
See the world spinning 'round.

Well on the way,
Head in a cloud,
The man of a thousand voices talking perfectly loud
But nobody ever hears him,
or the sound he appears to make,
and he never seems to notice,

But the fool on the hill,
Sees the sun going down,
And the eyes in his head,
See the world spinning 'round.

And nobody seems to like him,
they can tell what he wants to do,
and he never shows his feelings,

But the fool on the hill,
Sees the sun going down,
And the eyes in his head,
See the world spinning 'round.

Ooh, ooh,
Round and round and round.

And he never listens to them,
He knows that they're the fools
They don't like him,

The fool on the hill
Sees the sun going down,
And the eyes in his head,
See the world spinning 'round.

Ooh,
Round and round and round

segunda-feira, 3 de maio de 2010

No forno...

Bom dia meus leitores (ras),
A próxima crônica já está no forno... O tema vai de encontro ao anterior, na mesma linha de "Um Bocejo de Deus", falando sobre a meio ambiente e preservação do planeta. A tônica agora é a extinção das espécies e também dos sentimentos que movem todos nós. Extinguere. Aguardem.
Antonio