BEM-VINDOS À CRÔNICAS, ETC.


Amor é privilégio de maduros / estendidos na mais estreita cama, / que se torna a mais / larga e mais relvosa, / roçando, em cada poro, o céu do corpo. / É isto, amor: o ganho não previsto, / o prêmio subterrâneo e coruscante, / leitura de relâmpago cifrado, /que, decifrado, nada mais existe / valendo a pena e o preço do terrestre, / salvo o minuto de ouro no relógio / minúsculo, vibrando no crepúsculo. / Amor é o que se aprende no limite, / depois de se arquivar toda a ciência / herdada, ouvida. / Amor começa tarde. (O Amor e seu tempoCarlos Drummond de Andrade)
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quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Amigos incorretos

Já se passaram 25 anos e parece que foi ontem... (Eu e essa minha sensação apocalíptica de tempo passando de pressa. E como passa...) Mas aí eu pergunto: o que nos faz lembrar 1994? Os saudosistas dirão que foi o ano do tetra campeonato do Brasil, do trágico acidente que vitimou Airton Senna ou do Plano Real. Mas quase ninguém lembrará que foi nesse ano que estreou uma das séries mais icônicas feitas para a TV, no mundo. (Os chamados sitcoms são a elevação do humor num encontro com a vida real.) Se não foi a maior produção, com certeza é a mais assistida de todos os tempos. Friends é engraçado, sensacional e atemporal.

No Brasil, a série só começou mesmo em 1996. Naquela época, os canais pagos eram de uma raridade, que só quem tinha uma antena da DirecTv podia assistir algo além da programação global. A Warner Brasil passava Friends na mesma sintonia que a TV americana. Eu, porém, só tomei conhecimento quando ela já estava acabando. (Fazia muitas coisas naquela época, menos ver TV.)

As mídias modernas e os streamings deixaram as TVs mais interativas, misturando-se com a internet, e todo mundo hoje pode ficar atualizado com tudo que rola aqui e lá fora. Inclusive com a programação dos lançamentos. Hoje, streamings como Netflix, Prime Vídeo ou de música Spotify colocaram-nos equalizados e ninguém perde mais nada. Basta pagar.

Voltando à conversa. Minha intenção nestas linhas, claro, não é descrever os personagens de Friends e nem contar curiosidades sobre a série. Há no YouTube e na internet uma vastidão de vídeos e artigos. Não serei eu mais um a contar — já contando —, por exemplo, que a moldura amarela pendurada no olho mágico na porta da Rachel/Monica era de um espelho que havia quebrado e o cenógrafo achou que ficaria bom ali. Virou logomarca, estampa de camiseta, souvenir; e ali permaneceu, por longos 10 anos.

O que me faz refletir sobre a série, e como relatei parte na crônica sobre Bridget Jones (ler aqui), é a linguagem: coloquial, comportamental, despojada e como ela separa, de forma substancial, aquela geração desta aqui, ressentidos de 2019. Aquela geração era politicamente incorreta e mais madura. Tinha um linguajar mais solto, sem advertências e óbices de intolerância. Muito diferente da linguagem de hoje, totalmente corrigida, censurada, pautada e forçando a barra para uma narrativa preconcebida.

No Brasil, isso ganhou um nome recente que pegou na internet: lacração. A postagem, as leis de governo, o discurso, a publicidade, a premiação do Oscar, os filmes de Hollywood, as novelas globais e todos os meios que tentam se comunicar através da cultura têm que lacrar na esteira do politicamente correto; vendendo diversidade para parecer legalzinho, como uma forma de corrigir possíveis falhas de comportamentos do passado. Com isso, quase tudo que se produz hoje tem um sotaque dessa narrativa chata, enfadonha e apodrecida. Foi-se o mérito, a frase marcante, a piada improvisada. Em seu lugar entrou o babaca lacrador, que para tudo ruge, corrige e "problematiza".

Como já escrevi numa postagem do Twitter, os progressistas não só querem dirigir nosso presente (apontando para o futuro), mas também se empenham em corrigir o passado. O marinheiro Popeye, por exemplo, na sua "ressignificação" (outra palavra inventada), trocou o cachimbo por um apito. Isso mesmo!, problematizaram o cachimbo de um personagem de 90 anos. Até programas nacionais, como a Escolinha do Professor Raimundo e Os Trapalhões ganharam nova linguagem politicamente correta. Ninguém gostou.

O termo politicamente correto e seu emprego é anterior a Friends, claro. Mas ganhou muito mais fôlego e espaço nos meios culturais a partir dos anos 2000. E isso pôs um freio moral, ético à dialética, orientou textos de escritores e roteiristas. Hoje ninguém consegue mais ter liberdade para criar um roteiro, um diálogo contrário à agenda progressista. Friends é marcado por essa linguagem que não veremos mais: despojada, solta, sem censura e ainda muita engraçada, até hoje.

Os seis personagens criados por Marta Kauffman e David Crane são brancos, de classe média, não-tatuados; não usam drogas, não fumam, não bebem. E por incrível que pareça, eles são heterossexuais — hoje tornou-se necessário dizer isso. Em todos os 236 episódios é possível encontrar muitas cenas, piadas sobre sexualidades com despojamentos e sem medo de uma nota pautada, com exclamação, do NYT. Faz pouco tempo vi a chamada de um artigo que dizia que Friends era homofóbico. Ri alto antes e depois que li a matéria cheia de não-me-toques e discurso politicamente correto. Gente chata, ressentida e sem sexo dá nisso.

Num episódio — difícil lembrar qual — Phoebe beija Rachel na boca. Um beijo até demorado, com muita comemoração do público presente na gravação. Havia um contexto todo ali, claro, até porque, segundo pesquisas, eles já se beijaram um ao outro em algum momento dos 10 anos. Agora, imagina o que a Folha de São Paulo diria hoje? Que havia ali um beijo lésbico; foi o primeiro da série; seriam elas bissexuais? E todo esse bla bla que só interessa a esse mundo lacrador.

Agora, tente imaginar se Friends fosse feita hoje:

RACHEL: Foi morar na república porque brigou com os pais, pois eles estavam se metendo demais na sua vida. Queria sua independência, mas vive mandando WhatsApp para o pai quando a grana acaba. Uma vez por semana, ela também leva suas roupas para a avó lavar.
PHOEBE: Feminista, tatuada, cabelo roxo, piercing no nariz e não depila. Marchou contra Trump e é  a favor do islã. Anticapitalista, abortista, toca violão muito mal e canta pior ainda suas músicas sem rimas, com letras falando em empoderamento.
MONICA: Lésbica não assumida, ela tem uma paixão recolhida por Rachel e sofre muito por não ser correspondida e ter que disputar esse amor com seu irmão Ross.
ROSS: Professor de história da rede pública. Marxista até o último fio de cabelo. vive doutrinando os alunos, dizendo que Hillary sofreu um golpe e Obama é o pai dos pobres. Cabelo com coque e maconheiro.
JOEY: O negão da série (entrou pelo sistema de cota hollywoodiana). É um gay preguiçoso que usa calça apertada. Não fica em emprego e vive reclamando de discriminação e preconceito, pois acha que merecia ganhar mais que os brancos.
CHANDLER: Mora com Joey e forma o casal da série. Vive dando chiliques e gritos histéricos quando Joey não arruma a cama onde eles dormem. Tem um pato e um galo de estimação, o que deixa nas entrelinhas se os animais dormem com eles na cama.

F.R.I.E.N.D.S - Essa foto usando canudinho plástico é considerada, hoje, uma ofensa à moral e aos bons costumes progressistas.
Friends não deixou saudade, porque, como os Beatles, muitas gerações ainda rebobinarão a fita e repetirão como eu tenho feito. O que deixa saudade é aquela geração, de uma era que parece não existirá mais. Na cena final do 236º episódio, eles estão no apartamento já vazio e cada um dos seis deixa a chave sobre o balcão, encerrando aquele ciclo, aqueles longos 10 anos.

Ali, naquele dois cenários dos apartamento e no sofá do Central Perk, nenhum jovem de hoje seria capaz de assumir, sem medo e agruras. Por que aqueles engraçados amigos são únicos e representaram uma geração corajosa, independente, sem amarras e sem falas teleguiadas. Friends fechou um ciclo de uma época que não volta mais.

Certa vez, li um texto que brincava com uma possível viagem à lua. O que (ou quem) você levaria? A pergunta era como se você nunca mais retornasse, mas poderia levar algo. Lembro que alguém (friendmaniac) respondeu que levaria um box de DVD com todos os episódios de Friends. Na época achei curioso e hoje dou razão. Seria uma bela lembrança deste mundo.

Estou namorando um pôster na internet que tem no seu título "It´s the end of an Era" (Isto é o fim de uma Era). E acho que foi mesmo. No rodapé do pôster há um resumo, em números, do que foi Friends: 5192 minutos, 236 episódios, 138 ex-companheiros (as), 25 ocupações (empregos), 10 anos, 9 casamentos, 7 crianças, 6 pessoas, 5 cidades e 4 apartamento.

1994 é uma imagem no retrovisor de um mundo que não veremos mais. Mas Friends respira, ainda encanta e nos faz lembrar todos os dias como foi bom viver aquela geração incorreta. E se um dia quisermos voltar já sabemos o caminho.

(Ah! Na minha opinião, dos friends quem eu mais gosto é de Rachel — linda! — e o mais engraçado é Chandler.) 

© Antônio de Oliveira / arquiteto, urbanista e cronista / outubro de 2019

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Queima aqui dentro


O domingo de inverno descortinava. O sol já era moço quando a neblina baixou insinuante na minha varanda, ainda sem plantas; e era domingo da final de Copa do Mundo, no Brasil. Café com pão, notícias, futebol, frio, meias... E veio com tanta coisa junto ardendo no peito, como vem saudade em notas musicais pingando numa partitura, desenhando uma velha canção. Minto, vem orquestra.

Às vezes, desperto meio assim, vocacionado para tempos idos. Você vai me perguntar, mas é sempre saudade de alguém. Eu tenho saudade também de lugares, trajes, mobília, costumes, modos, retratos, ambientes, paisagens, aromas; tempos doces e despercebidos quando vividos; que não vimos passar, porque estávamos distraídos sendo felizes; e quando estamos assim, em êxtase, estamos construindo a saudade no futuro. A felicidade presente é a moldura e tudo que contorna a saudade no futuro — lembranças a ser contada ou ser só sentida. Ah! E tenho saudade, é claro, com canções de fundo, como uma trilha sonora.

Não sei dizer, precisamente, quantas vezes já sonhei com a saudade. Uma vez, lá nos meus 15 anos, tive um longo sonho — ainda dormia oito horas sem despertar — que viajava ao passado da rua, do bairro onde morava: olha a casa da minha avó como era, de fachada amarelada e jabuticabeira carregada; olha a rua de terra, com cheiro de chuva; olha a igreja matriz; olha a amoreira orvalhada. Eram nítidas tais visões, sentidas em pele arrepiada. Lembro ter passado aquele dia assim: vagando de um canto ao outro, nostálgico e sobre nuvens.

Mas eis o que queria dizer. A música me toma inteiro por nostalgia, como uma carruagem do velho oeste. Terminei o sábado, vendo uma programação na TV. E por ela, uma canção nostálgica, de uma voz me chamou atenção. E, súbito, me exaltei. Por que a deixei passar esse trem na estação? Por que não ouvi essa moça cantar, quando tinha essa voz? Por que ela sumiu? Por que as lindas canções passam ligeiras, como passarinho que pousa na janela? O que me ocupava tanto a vida, que não senti sua voz penetrar nos meus instintos? Apunhalei-me em vão, já era tarde para viver...

Fui à pesquisa da internet. Ela ainda canta. Aos 40 anos de idade, Patrícia Marx, já não é mais aquela menina precoce, só Patrícia, mas ainda conserva a voz doce de rouxinol, afinadíssima em diapasão. Comemorando 30 anos de carreira (ela começou nos seus 9 anos), ela tentava emplacar um CD/DVD cantando soul musics e baladas que marcaram sua, já longa, carreira. Não estava conseguindo, porque o mundo de hoje não reverencia o seu passado, mas sim, o desrespeita, desaconselha e alija.

Fucei mais e deparei com uma entrevista de 2013, que ela concedeu ao portal G1, falando sobre seu novo álbum. Assim como Guilherme Arantes, ela desabafou dizendo que não tinha mais espaço para cantar. Paga-se pouco e shows são cancelados em cima da hora. Já pensava em um plano B: virar professora de canto lírico. Uma pena. Essa moça tem talento; e não foi à toa, e por graciosidade, que foi eleita a melhor cantora em 1994/95, com 20 anos de idade. Fiquei triste quando terminei de ler a entrevista. Fechei o tablet e me enrolei nas cobertas sem querer ver mais nada. Veio a saudade (como canções) e uma vontade de voltar à 1994 e dizer-lhe: "faça tudo agora, aproveite, porque o futuro te abandonará, será ignorada, desrespeitada. Ele se importará só com lixos culturais que lá existem". Fecho aspas.

Acho que houve exposição máxima e exploração. Ela é daquelas precocidades raras, que descobrem por aí e depois se esquecem, porque isso é o mercado e aquele era o momento: a criança; combinando imagem, ingenuidade, graciosidade e talento nato. Assim foi a carreira de Shirley Temple, Judy Garland e Macaulay Culkin. Crianças talentosas exploradas ao sumo, atoladas no sucesso, e depois jogadas na sarjeta do mundo.

Então me lembrei de Guilherme Arantes. Em 2013, ele também desabafou nas redes sociais. Sentiu que as pessoas (seu público) o cobravam por aparecer mais na mídia, fazer mais shows. Ele disse que também era seu desejo, mas sentiu que não havia mais espaço, mesmo seu último álbum sendo eleito o melhor disco de MPB, pela revista Rolling Stones. Não há espaço no mercado audiovisual e na grande mídia, para um dos maiores cantores e compositores dos anos da minha e da vida de muita gente. No seu desabafo parecia quebrantado e eu fiquei com ele, como agora fiquei com Patrícia.

Senti que precisava "consolá-lo" de alguma maneira, e não me confortaria só escrever algo na sua página no Facebook, como: "Tamo junto cara!". Busquei algumas lojas virtuais e não achei nenhum daqueles discos antigos — não há muito sebos virtuais. Acabei adquirindo dois álbuns recentes e intimistas, onde ele faz uma releitura dos seus grandes hits. Uma mão pequena a quem nossas memórias devem muito.

Tenho uma frase, que recorro sempre, para esses momentos de choque de gerações: "O mundo deveria ter acabado no pico dos anos de 1980. Assim, terminaríamos nossa jornada mais feliz e no auge". Tenho a sensação que nada do que se fez depois foi bom. Tudo foi se esvaindo, se desprendendo, desmilinguindo, esfacelando. Também temo, assim eu li por ai, que a vida real termine nos próximos anos (!). Estaremos, de uma vez, desfazendo o compromisso com uma vida (como ela é); e suportando, como seres rastejantes passivos e infelizes, uma vida virtual, sem trocas de olhares, carinhos e alianças. Que assim não seja! (fazendo já nome-do-Pai). Que Deus faça o melhor antes.

Veio-me agora.  Imagine, assim, um terminal de aeroporto num ponto qualquer do planeta, com voos diretos (sem escala), e um painel anunciando a próxima partida: "PAST"; ou outro apontando: "FUTURE" (O passado é a verdade que vivemos.) Divago. Não, ainda não inventaram alguma viagem que pudéssemos organizar sentimentos com tempos, malas e pessoas afetivas; de poder somar coisas vividas com outras sensações ainda não passadas. Entrar num voo que nos leve onde deixamos o "tudo-de-bom", o pote de ouro do arco-íris e sem desperdício de vida. Além do horizonte perdido das nossas geleiras frias, talvez desvende um paraíso, sem tempo e morte, assim Xangrilá ad aeternum.  E se a morte for isso: visitar, com o tato e todos os sentidos, o que foi bem e bom, que seja esperada com aplausos de um estádio lotado. Cheio de seres humanos alentados, esperançosos, como eu, com vontade de viver só o que vale a pena viver. 

Por enquanto, como diz aquela canção de Patrícia, só queima aqui dentro.

© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / julho de 2014.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O avião azul


Tarso e o avião

Cronistas leem outros cronistas para poder se inspirar, ou tirar água da pedra, quando a fonte seca – dar ânimo. Não dá para viver de inspiração a todo o momento; muitas vezes vamos buscar no cotidiano, nos livros, nos filmes e na vida alheia; ou simplesmente nos deparamos com algo em nosso caminho que nos faz pensar mais profundamente na vida. Os objetos, os retratos, as lembranças, em tudo podemos encontrar almas desgarradas e assim desfragmentar as palavras ocultas. Aquelas que só o coração sabe entender.

Perdi um irmão recentemente. Foi dolorido, da lembrança da convivência e agora sem sua presença abriu-se um vazio. Algo que não se preenche com mais nada, só a saudade, ainda doída. Aquela pessoa que nos dávamos e por muitas vezes conversámos tolices cotidianas, agora partiu. Não haverá mais a conversa dos olhos; tudo virou oração.

Minha diferença de idade para ele era 08 anos. Quando era eu criança ele me levava para todos os lados que podia. Lembro-me de uma cena quando ele pediu para minha mãe deixar andar com ele num brinquedo em um parque de diversões; o brinquedo não era para minha idade, mas ele me colocaria no colo, me protegeria. Acho que minha mãe não deixou, pois não me vem a cena dele me segurando. Era caridoso, tinha alma boa, alternando entre o semblante fechado e o riso fácil quando queria.

Tive a primeira experiência de trabalho por intermédio dele. Era ele quem me pagava um pequeno salário, para manter nosso quarto de dormir arrumado e limpo - para mesada não sair de graça. Eu fazia isso todos os dias quando chegava da escola, e quando terminava ia ouvir os discos que tínhamos em casa. Todo final de mês ele me pagava uma quantia, que dava para o lanche na padaria.

Foi nesta época que ele comprou um chevette azul – outro dia me confundi e disse que era verde. Ele vivia lustrando o carro, lavando e encerando - seu primeiro patrimônio. Não sei por que, mas o carro era apelidado carinhosamente por ele de “avião”. Presumo que seja, porque não havia limites em seus rumos e viagens. Com ele íamos para roça pescar, íamos ao estádio ver jogo de futebol e para onde quisesse. Tenho uma lembrança nítida, dele lavando o carro todo final de semana em frente ao nosso portão. A lembrança desse carro me veio nesses dias após sua partida e trouxe-me aqui a saudade que descrevo nessas curtas palavras que lhe rendo. Estas que brotam do coração.

Nesses dias, ainda tragado pela dor, entre muitos abraços que recebi, veio uma frase que guardei, e de certa forma, abreviou um pouco meu sofrimento e de todos os seus queridos que ficaram: “As pessoas não morrem, elas apenas vão à nossa frente, abrindo o caminho”. O avião azul, agora encontrou o seu dono, num voo infinito, no mais longínquo céu...
(*) Para Natália, Filipe e Thiago

© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / julho de 2011.