BEM-VINDOS À CRÔNICAS, ETC.


Amor é privilégio de maduros / estendidos na mais estreita cama, / que se torna a mais / larga e mais relvosa, / roçando, em cada poro, o céu do corpo. / É isto, amor: o ganho não previsto, / o prêmio subterrâneo e coruscante, / leitura de relâmpago cifrado, /que, decifrado, nada mais existe / valendo a pena e o preço do terrestre, / salvo o minuto de ouro no relógio / minúsculo, vibrando no crepúsculo. / Amor é o que se aprende no limite, / depois de se arquivar toda a ciência / herdada, ouvida. / Amor começa tarde. (O Amor e seu tempoCarlos Drummond de Andrade)
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terça-feira, 22 de março de 2011

A maior do interior


O escritor Luís Fernando Veríssimo, numa de suas crônicas, descreveu e justificou dez razões para o milionário Eike Batista dar parte de sua fortuna a ele. Fiquei pensando depois, quais seriam as minhas razões, ou como seria se fosse o oitavo na lista dos milionários do mundo. O que faria com tanta grana? Se é que preciso de tudo isso... Se estivesse apaixonado, talvez, desse muitos presentes a minha amada; cobriria sua rua com pedrinhas de brilhantes. Mas, preferiria não estar, senão acabaria ficando pobre e sem ver a cor da grana. De verdade, se não tivesse nenhuma paixão, acho que faria um bem à humanidade. Doaria em uma campanha universal pelo amor no planeta. Meu dinheiro renderia muito mais, com certeza; mais do que uma aplicação na bolsa, ou se comprasse uma cidade inteira para morar.

Esta coisa da paixão que se junta com dinheiro nos cega por muito. No futebol também há paixão, ou o futebol é sinônimo de paixão. Um torcedor certa vez me disse: se tivesse uma sorte na megasena, construiria uma grande arena de futebol para o seu time de coração – paixão de torcedor. E por ela ficamos até doentes, um sentimento que nunca acaba. Deixamos casamentos, namoros, amizades, mas a paixão pelo time, esta nunca morre; vai junto conosco e com a bandeira sobre a urna. Há pessoas que não entendem. Eu entendo até certo ponto, quando não se torna loucura de se ridicularizar por qualquer coisa: brigas, discussões e inimizades. Mesmo assim, fiquei surpreso com sua resposta. Cada um teria algo a fazer diante de tamanha fortuna, ele pensou no seu time de coração. Justo.

Chego a me emocionar quando me deparo com esta relação de afeto entre futebol e o torcedor. Vivo o futebol, torço, vibro e quando meu time perde fico irado, mas na manhã seguinte tudo já passou; vivo no limite de não adoecer por isso ou perder a fome. Adoro estádio de futebol, aquele clima, aquela emoção que só quem já foi sabe o que é. A torcida entusiasmada, cantando e gritando uníssono, empurrando o time a todo o momento, é de arrepiar.

Já confessei que sou palmeirense desde criança, mas tenho um segundo time na manga – quando um não ganha, fico feliz com o outro. Há lugar no peito para um segundo time? Afirmo que há sim! O time da minha cidade luta para retornar ao staff do futebol paulista. Já são mais de 12 anos que o São José EC peleja para voltar à elite do futebol. E se fosse pelo tamanho e pela paixão de sua torcida, o time já estaria lá. Cronistas esportivos dizem que ela é o grande patrimônio do clube; e ela se orgulha em dizer: é a maior do interior! Mas, como em toda competição na vida, tem os tempos de lutas até a batalha final e o triunfo. E é isso que temos feito: os jogadores em campo e nós nas arquibancadas.

No ano passado, num desses memoráveis dias de vitórias e estádio lotado, fui chamado pelo torcedor Guilherme Miranda - arquiteto, companheiro de arquibancada e dono do Blog Torcedor da Águia (Clique aqui) - a fazer uma música em comemoração ao aniversário do seu Blog. A encomenda era uma música que homenageasse – merecidamente - a torcida. É de praxe que, todos os times de futebol tenham um hino; mas uma torcida que tem hino, era a primeira vez. De vez em quando, eu me arrisco a escrever letras de músicas, é minha contribuição nas parcerias. Mexo no violão, para algumas raras peças que não me deixam rubros de vergonha, mas na hora de compor, com notas e acordes, não sai nada – já tentei. Então, aguardei meu parceiro de música retornar de viagem para compor, iniciarmos o processo. Enquanto ele não vinha, rascunhei uma letra. Quanto retornou de viagem nos encontramos, e a música saiu no mesmo dia. Dei o nome da marchinha (de carnaval) de “Torcida Águia do Vale”. A letra é uma volta no tempo, da paixão  que nasceu desde o preto e branco para o azul e branco de sua camisa; do formigão do vale para a águia; e do seu inesquecível herói do acesso de 1980, Tião Marino - aquele que, dentre os jogadores de futebol depois de Dadá Maravilha, era o único que “parava no ar” para cabecear uma bola. A letra e o vídeo, agora disponíveis no youtube – com os créditos do Renato Emanuel - já contam com mais de 850 acessos. A voz é de Eduardo Borges e Mima Barros.

Esses torcedores não deixam de se apaixonar nunca; e enquanto o time não subir, será assim: uma música atrás da outra e um grito só: vai São José!

Torcida Águia do Vale
(Eduardo Borges / Anttonio Buarque)
11/10/10

Eu vou, eu vou, eu vou cantar gritar
O manto azul é a nossa cor
O manto azul é o nosso amor
Torcida águia do vale
A maior do interior

Desde o tempo do “formigão”
Do preto e branco fez o azul
Vimos nascer, crescer uma nação
De leste a oeste, de norte a sul

O amor por ti vem das vitórias
Nossa torcida em ti constrói
Esta camisa tem história
Tião Marino, o nosso eterno herói

Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe Águia
Enche de orgulho o nosso coração
(com luta e garra de campeão)
“Tá na rede” é gol!
Uma explosão

FINAL (só com palmas)

♫ Sou joseense com muito orgulho,
Com muito amor... ♫



© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / março de 2011.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Bastardos

,
Para ficar de bem com o mal — já que ontem foi dia das bruxas — fui presenteado pelo canal telecine com o filme “Bastardos Inglórios” (2009) — Quentin Tarantino. Já perdi a conta de quantas vezes vi este filme, mas acredito que seja a quinta vez. A cada repetição uma emoção, uma descoberta. Quando vi pela primeira vez, fiquei tão fascinado que considerei o melhor filme do ano, sem o ano ter terminado e sem ver os outros. A academia deverá dar o Oscar de melhor filme, constatei. Depois lembrei que a Academy Awards não daria um prêmio de melhor filme a um filme aos moldes de Bastardos — uma ficção sobre o terceiro reich e sanguinário.

Tarantino é um consagrado diretor pelos filmes sangrias. Há quem não goste do seu estilo, mas em Bastardos ele se superou. Fez um dos seus melhores filmes. Sorte e competência teve o ator Christoph Waltz; ainda no projeto do filme, Tarantino quase desistiu de rodar o filme, pois não conseguia encontrar um ator que falasse fluentemente Inglês, Alemão, Francês e Italiano. Encontrou, por fim, Waltz. E não poderia dar outra: ele brilhou e ainda levou o Oscar de ator coadjuvante. Antes já havia ganhado o prêmio de melhor ator no festival de Cannes. Waltz fez um vilão vibrante, ácido, repugnante, eloqüente, às vezes engraçado; roubou as melhores cenas do filme. Só posso comparar a Heath Ledger como Coringa em Batman – o cavaleiro das trevas.

Quem brilhou também foi Brad Pitt no papel do caricato tenente Aldo Raine. Suas caras e falas são de dar gargalhadas e sua atuação foge completamente do seu estilo: herói e belo. Há quem pense que ele ficará com a mocinha do filme — como sempre acontece. Embora Aldo e Shosanna tivessem os mesmos objetivos: matar nazistas, mas eles não se encontram em cena nenhuma.

O filme tem como pano de fundo a segunda guerra mundial numa França tomada pelos nazistas. O Coronel da SS Hans Landa (Waltz) é condecorado pelas suas proezas de caçador de judeus. Já no inicio da trama deixa escapar das suas mãos a jovem judia Shosanna (Mélanie Laurent). Do outro lado, o tenente Aldo Raine (Brad Pitt) lidera o grupo dos bastardos, que tinha como missão eliminar nazistas.

A trilha sonora é outra genialidade do filme. Tarantino trás músicas do compositor italiano Ennio Morricone. Quem começa ver o filme, já nos caracteres, tem a impressão que verá um filme bangue-bangue à italiana dos anos sessenta.

A melhor cena — entre tantas — é a do encontro do Coronel Hans Landa com a moça judia Shosanna num restaurante. Quando todos se levantam para sair, ele a convida para continuar sentada, com o propósito de conhecê-la melhor e saber o que faz em Paris. Como verdadeiro oficial nazista e machista, não lhe dá o direito nem de escolher o que comer e beber na sobremesa daquele final de jantar. Ele mesmo diz ao garçom o que ela vai comer. Quando o garçom esquece-se de trazer creme, ele pede que traga e quando ela vai garfando o seu pedaço de torta, ele bate-lhe a mão e diz: espere o creme. Depois de muitos interrogatórios e gargalhadas de cinismo igual, ele apaga o cigarro sobre o resto de torta no prato e sai deixando a pobre Shosanna em pânico. Genial.

Para ficar de bem com o mal — dito no começo da conversa —, o filme tem um final apoteótico. Como ninguém até hoje deu Hitler como morto, ou tenha certeza de que modo ele morreu, Tarantino lhe deu uma morte digna de um ditador, populista e que, reconhecidamente, mudou os caminhos da humanidade. Ele e Goebbels morrem junto com todo o primeiro escalão do comando nazista dentro de um cinema em chamas. O cinema da mocinha judia Shosanna (Mélanie Laurent). O filme termina com a “suástica” marcada na testa do Coronel Hans pelo intrépido Tenente Aldo, dizendo: "Acho que essa pode ser minha obra-prima". Tarantino lavou a minha alma no dia das bruxas. Que seja o fim de todos os ditadores.


Postado por Antônio - Novembro 2010

domingo, 24 de outubro de 2010

À francesa

Françoise Hardy
Nenhuma outra década colocou tantas beldades francesas no mundo pop, como a década de sessenta. No cinema, era o auge de Jeanne Moreau e Brigitte Bardot. Vi recentemente a comédia “Viva Maria!” — 1965. As duas atrizes estão lindas, interpretando papéis cômicos e sensuais, é claro. Moreau com 37  e Bardot com 31 anos. Balzaquianas, com as suas siluetas bem definidas, faziam duas “Marias” que viviam enfiadas em seus corpetes, arrancando suspiros dos homens em shows de strep tease, que atuavam seguindo um grupo mambembe de atores circenses. Imperdível.

Na música, a década de sessenta também trouxe a cantora Françoise Hardy. Minha memória foi despertava quando lia o livro “A Era dos festivais” e vi citado o nome de Françoise Hardy. Imediatamente veio à lembrança uma canção que fez sucesso no Brasil no início da década de setenta. Em 1968 — com 24 anos — ela veio ao Brasil participar do FIC — Festival Internacional da Canção — defendendo uma das suas belíssimas obras: “À quoi ça sert”. Sua identificação com a música brasileira foi tão contagiante, que logo depois gravou em francês a música que ganhou aquele festival, “Sabiá” de Tom Jobim e Chico Buarque. Na sua versão, a música ganhou o nome de “La ménsage”. Em 1971, ela faz novamente sucesso no Brasil depois de ter gravado o disco “La Question”, agora ao som do violão da brasileira Tuca.

O que encantava em Françoise Hardy não era somente a sua bela voz, mas a sua beleza vestida de eloquência. Sempre linda, elegante, magra e tímida; dava-se a impressão que ela não sabia que era tão bonita assim. Disfarçava sua beleza cantando. Naqueles anos, ela foi capa de muitas revistas famosas e foi, com certeza, um dos rostos mais fotografados naqueles anos.

Para o Blog, escollhi a canção “La Question”, que foi o que me fez lembrar-se de Hardy e trouxe muitas outras boas lembranças. Lá em casa havia um compacto simples “som livre”, um dos lados do disco era ela. Esta música era tema de uma novela de 1971. No site oficial de Françoise Hardy, está registrado que a letra é dela (Hardy) e a música é da violonista e compositora brasileira Tuca.




La Question
A questão
(Françoise Hardy)

Je ne sais pas qui tu peux être
Eu não sei o que você pode ser

Je ne sais pas qui tu espères
Eu não sei o que você espera

Je cherche toujours à te connaître
Procuro sempre te conhecer

Et ton silence trouble mon silence
E seu silêncio perturba meu silêncio

Je ne sais pas d'où vient le mensonge
Eu não sei da onde vem a mentira

Est-ce de ta voix qui se tait
É de tua voz que se cala

Les mondes où malgré moi je plonge
Os mundos onde, contudo eu mergulho

Sont comme un tunnel qui m'effraie
São como um túnel que me assusta

De ta distance à la mienne
De sua distância em relação à mim

On se perd bien trop souvent
Se perde sempre

Et chercher à te comprendre
E procurar te entender

C'est courir après le vent
É como correr depois do vento

Je ne sais pas pourquoi je reste
Eu não sei por que eu fico

Dans une mer où je me noie
Em um mar onde eu me afogo

Je ne sais pas pourquoi je reste
Eu não sei por que eu fico

Dans un air qui m'étouffera
em um ar que me sufoca

Tu es le sang de ma blessure
Você é o sangue da minha ferida

Tu es le feu de ma brûlure
Você é o fogo da minha queimadura

Tu es ma question sans réponse
Você é minha pergunta sem resposta

Mon cri muet et mon silence.
Meu grito mudo e meu silêncio.

Postado por Antônio - Outubro de 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Uma canção, um parceiro



Caros leitores (as),

Alguns de vocês já conhecem, mas gostaria de compartilhar com os demais também, uma canção que compus em parceria com meu amigo Eduardo Borges. Digo amigo, pois além de parceiros na música, somos amigos nos momentos de alegrias e tristezas — já há 10 anos. Como em toda relação, às vezes nos debatemos em alguns pontos de vistas — o que é natural —, mas de volta à música tudo nos une de novo. Sei que ele anda preguiçoso para “mexer” com música, mas é inegável o talento que sempre teve, e isso não vai perder nunca. Espero.
Desde o início da amizade, fizemos umas 05 músicas, mas a última canção ficou marcada. E posso dizer que foi nossa melhor parceria: “Amor da Vida”.
Em setembro de 2007, mandei por e-mail um esboço (na arquitetura se diz “croqui”) de uma letra. Algumas horas depois, minha impaciência me tomou e peguei no telefone. Quando perguntei se ele havia recebido o e-mail, ele pegou o violão e cantou a música pra mim. Não acreditei, me aprontei logo para ira a sua casa e terminar de fazer o resto.
A canção faz bem aquele estilo “sertanejo romântico”, talvez se eu soubesse “mexer” bem no violão e fosse também o autor da música, saísse mais com cara de Chico Buarque. Mas, ficou como teria que ser. Ele acertou.
Faz 01 mês eu registrei a música e agora já podemos divulgá-la, e depois quem sabe receber uma proposta de gravação. Já temos alguns contatos.
O vídeo acima está postado agora no youtube, e vocês podem ver clicando aqui (Amor da Vida).
A música, com arranjo e como foi registrada, está no sítio “músicas registradas” e se vocês quiserem ouvir também podem clicar aqui (Músicas registradas).
Escolhi para o Blog esta gravação acústica (violão e voz), sem os arranjos, pois está como a música foi feita. A voz, é claro, não é minha. O cantor é Eduardo Borges.
Em tempo, um agradecimento ao meu outro amigo palmeirense João Pedro pelos créditos do vídeo, que ficou muito bom.
Só para não haver dúvidas, “Anttonio Buarque” sou eu. Com qual intenção?
Espero que gostem.

AMOR DA VIDA
(Eduardo Borges/Anttônio Buarque)
27/09/2007

Amor da vida
Flor da primavera
O tempo fez em mim.
Sua longa espera

Amor da vida
Sol do meu caminho
Vem morar comigo
E aquecer o meu ninho

Poeiras e pedras
Passei para estar aqui
Antes de você chegar
Meu destino um deserto
Meu futuro incerto
Foi Deus que mandou você pra mim.

|Quantas noites vazias
|Em meu quarto
|Eu te chamo
|No meu sonho
|Nele você vem
|Há tantos motivos
|Pra dizer que
|Eu te amo
|Você é minha razão
|E me faz tão bem
|E me faz tão bem...

Canção pra vida
Hoje tocou em nós
Tatuou nossos corpos
Marcou nossos lençóis

Amor da vida
Será pra sempre assim
Eu em você
Você dentro de mim.

REFRÃO
Eduardo Borges e eu
Postado por Antônio - 04/10/2010

sábado, 18 de setembro de 2010

O lado B - Ontem, um sonho...



"Yesterday" é uma canção originalmente gravada pelos Beatles para o seu álbum Help 1965!. De acordo com o Guinness World Records, "Yesterday" tem mais covers de qualquer canção já escrita. A música continua a ser há mais popular até hoje com mais de 3.000 regravações, a bater o primeiro top 10 do Reino Unido, três meses após o lançamento de Help!.A Broadcast Music Incorporated (BMI), afirma que foi tocada ao longo de sete milhões de vezes no século 20. A canção não foi lançada como single no Reino Unido no momento do lançamento americano e, portanto, nunca ganhou um status de número 1 no país. No entanto, "Yesterday" foi eleita a melhor canção do século 20 em 1999 pela BBC Radio 2 na pesquisa de especialistas em música e ouvintes. Em 2000, "Yesterday" foi votada a canção pop nº 1 de todos os tempos pela MTV e Rolling Stone Magazine. Em 1997, a canção foi introduzida no Hall da Fama do Grammy.Embora creditada a Lennon / McCartney ", a canção foi escrita exclusivamente por McCartney. Em 2002, McCartney pediu a Yoko Ono se ela consideraria reverter os créditos de composição na música para ler "McCartney / Lennon." Ono recusou.

Origem

Segundo os biógrafos de McCartney e os Beatles, McCartney compôs a melodia inteira em um sonho de uma noite em seu quarto na casa em Wimpole Street de sua então namorada Jane Asher e sua família.Ao acordar, ele correu para o piano e tocou a música para evitar de esquecê-la.Ainda não tinha letra e ele a chamou de Scrambled eggs. Mas Paul ficou encucado, achando que já tinha ouvido aquela melodia em algum lugar. Então passou vários dias mostrando para os amigos e perguntando se eles já não a conheciam. Não, ninguém nunca tinha escutado aquilo antes.
Após ser convencido de que ele não havia roubado de alguém a melodia, McCartney começou a escrever letras para adequá-la.O verso inicial de trabalho foi "Ovos mexidos / Oh, meu amor como eu amo seus pés" (Scrambled Eggs/Oh, my baby how I love your legs), foi utilizado para a música, até algo mais apropriado foi escrito. Em sua biografia, Paul McCartney: Many Years From Now, McCartney lembrou: "Então, primeiro de tudo eu verifiquei a melodia, e as pessoas me diziam: 'Não, ele é lindo, e eu tenho certeza que ele é todo seu." Demorei um pouco para me permitir afirmar isso, mas então, como um garimpeiro eu finalmente aceitei e disse: "Ok, ela é minha!" Ela não tinha palavras. Costumava chamá-lo de "ovos mexidos".
Durante as filmagens de Help!, Um piano foi colocado em um dos lugares em que a filmagem estava sendo realizada e McCartney queria aproveitar esta oportunidade para mexer com a música. Richard Lester, o realizador, acabou por ser extremamente irritante com isso e perdeu a paciência, dizendo para McCartney
terminar de escrever a música ou que teria o piano removido.Paciência dos outros Beatles, também foi testado por um trabalho de McCartney em andamento, George Harrison somando isso quando ele disse: "Caramba, ele está sempre falando sobre essa música. Você acha que ele foi Beethoven ou alguém!"
McCartney disse que a descoberta com a letra surgiu durante uma viagem a Portugal em Maio de 1965 quando esteve em Algarve:
"Lembro-me remoendo a canção" Yesterday ", e de repente começou com uma palavra para o verso. Comecei a desenvolver a ideia ..." da-da da, yes-ter-day, sud-den-ly, fun-il-ly, mer-il-ly and Yes-ter-day, that's good. All my troubles seemed so far away". É fácil para rimar os A's: dizer, ou melhor, hoje, fora, jogar, ficar, há uma muitas rimas e aqueles em queda com bastante facilidade, por isso gradualmente coloquei as partes juntos daquela viagem. Sud-den-ly, e 'b', novamente, outra rima fácil: e, me, tree, flea, we, e eu tive a base nele. "
Em 27 de Maio de 1965, McCartney e Asher voaram para Lisboa para passar férias em Albufeira, Algarve, e pediu um violão de Bruce Welch, em cuja casa eles estavam hospedados, e completou o trabalho em "Yesterday"
A canção foi oferecido como uma demonstração de Chris Farlowe antes da gravação dos Beatles, mas ele a recusou por considerá-lo "muito brando".

Gravação

A faixa foi gravada no Abbey Road Studios (imediatamente a seguir na gravação de "I'm Down"), em 14 de Junho de 1965. Há relatos conflitantes sobre a forma como a canção foi gravada, o mais citado é que McCartney gravou a música por si próprio, sem se preocupar em envolver os outros membros da banda. Fontes alternativas, no entanto, afirma que McCartney e os outros Beatles tentaram uma variedade de instrumentos, incluindo bateria e um órgão, e que George Martin mais tarde convenceu-os a permitir que McCartney a tocar a sua Epiphone Texan cordas de aço da guitarra acústica, mais tarde, na edição de um quarteto de cordas para backup.Nenhum dos outros membros da banda foram incluídas na gravação final.No entanto, a música foi tocada com os outros membros da banda em concerto em 1966, em Sol maior, em vez de Fá maior.
McCartney gravou dois takes de "Yesterday", em 14 de junho de 1965.Take 2 foi considerado o melhor e usado como o take master. Um quarteto de cordas foi adicionada no take 2 e essa versão foi lançada.Take 1, sem o overdub seqüência, foi lançado posteriormente no Anthology 2.Em um teste, McCartney pode ser ouvido dando mudança de acordes para George Harrison antes de começar, mas George não parece realmente para tocar.Take 2 tinha duas linhas transpostas a partir do primeiro exame: "There's a shadow hanging over me"/"I'm not half the man I used to be,"",embora pareça claro que a sua ordem no take 2 foi correta, porque McCartney pode ser ouvida, em ter um, contendo o riso em seu erro.
George Martin disse mais tarde:
"Ele [Yesterday] não era realmente um disco dos Beatles e eu discuti isso com Brian Epstein:" Você sabe que esta é a canção de Paul... vamos chamá-lo de Paul McCartney? Ele disse 'Não, tudo o que fazemos, não estamos na divisão do Beatles.''

Lançamento

A influência dos Beatle sobre sua gravadora americana., Capitol, não era tão forte como era na Parlophone da EMI na Grã-Bretanha. Um single foi lançado em nos Estados Unidos.,a "Yesterday" com o "Act Naturally", uma faixa com vocais por Starr.O single foi desenhando até 29 de Setembro de 1965, e liderou as paradas por todo o mês, com início em 9 de outubro. A canção passou um total impressionante de 11 semanas nas paradas americanas, vendendo um milhão de cópias em cinco semanas. "Yesterday" foi a canção mais tocada nas rádios americanas por oito anos consecutivos, a sua popularidade se recusa a diminuir.
"Yesterday" foi o terceiro de seis singles número um nas paradas americanas, um recorde na época.Os singles foram "I Feel Fine", "Eight Days a Week", "Ticket to Ride "," Help! "," Yesterday "e" We Can Work It Out ". "Yesterday " também marcou uma viragem no que escreveu uma série de singles para o grupo. Lennon escreveu cinco através de "Help!", Ao passo que depois McCartney escreveu oito começando com "Yesterday".
Em 4 de março de 1966, "Yesterday" foi lançada como um EP no Reino Unido, juntamente com "Act Naturally" no lado A com "You Like Me Too Much" e "It's Only Love" no lado-B. Até 12 de Março, tinha começado a sua execução nas paradas. Em 26 de março de 1966, o EP foi o número um, a posição que ocupava há dois meses.Mais tarde naquele mesmo ano, "Yesterday" foi incluída como faixa-título do Yesterday and Today album nos EUA.
Dez anos depois, em 8 de março de 1976, "Yesterday" foi lançado pela Parlophone como single no Reino Unido, apresentando "I Should Have Known Better", no lado-B. Entrando nas paradas em 13 de Março, o single permaneceu lá por sete semanas, mas nunca subiu mais do que o número 8 (no entanto, por esta altura a canção tinha sido apresentado em pelo menos três top 5 álbuns e um EP, que liderou as paradas) . O lançamento aconteceu devido à expiração do contrato dos Beatles com a EMI, Parlophone.EMI lançou singles como muitos dos Beatles como poderiam no mesmo dia, levando a 23 deles acertando o top 100 nas paradas do Reino Unido, incluindo seis no top 50.
Em 2006, uma versão da canção foi incluída no álbum Love. A versão começa com a introdução da guitarra acústica da canção "Blackbird".
Comentário:O site da Globo nessa semana numa reportagem falou que a música Yesterday tinha sido escrita na Espanha,o que NUNCA aconteceu!Ela foi escrita em Portugal com as palavras declaradas por Paul

sábado, 21 de agosto de 2010

Teletema


Hoje acordei com esta música na cabeça. Ela é uma das jóias raras do final da década de 60. Fui me ater aos seus autores, Antônio Adolfo e o letrista Tibério Gaspar, descobri que andaram pelos festivais daquela época. Em 1969 colocaram a canção "Juliana" em segundo lugar no IV FIC - Festival Interancional da Canção, perdendo só para "Cantiga por Luciana" de Paulinho Tapajós e Edmundo Souto. No ano seguinte eles ganhariam o festival com BR-3. Eu só não entendo porque "Teletema" não tenha feito parte daqueles festivais. Depois a canção foi parar na trilha de uma novela. "Teletema" teve várias gravações na voz de Regininha, Evinha, Paula Toller, Luiza Possi e Ivo Pessoa.
Uma grande sacada da letra de Tibério está no fim de três frases musicais, onde ele interrompe a palavra - junto com a frase musical - para continuar na frase seguinte: Só + Corro = Socorro; Fim + Dando = Findando e; Além + Brando = Lembrando. Este recurso já foi utilizado por Caetano Veloso também. Genial!
Segundo os créditos do video abaixo, a voz é de Regininha e ao piano Marcos Valle.



Teletema
(Antônio Adolfo e Tibério Gaspar)

Rumo
Estrada turva
Sou despedida
Por entre
Lenços brancos
De partida
Em cada curva
Sem ter você
Vou mais só
Corro
Rompendo laços
Abraços, beijos
Em cada passo
É você quem vejo
No tele-espaço
Pousado
Em cores no além
Brando
Corpo celeste
Meta-metade
Meu santuário
Minha eternidade
Iluminando
O meu caminho
E findando a incerteza
Tão passageira
Nós viveremos
Uma vida inteira
Eternamente
Somente os dois
Mais ninguém
Eu vou de sol a sol
Desfeito em cor
Refeito em som
Perfeito em tanto amor

Postado por Antônio - Agosto/2010

sábado, 24 de julho de 2010

Vem cá Luiza

Sou um ouvinte de música resistente a coisas novas. Vira e mexe minha vitrola toca sempre os mesmos clássicos, os meus escolhidos. Conservador no gosto musical, temo também pela minha fidelidade posta à prova. Temo perder a minha identidade musical e sair do tom ou do Tom. Desculpa, mas sou assim. Bem, como nunca há unanimidade em tudo, às vezes acontece de aparecer alguém que me faz parar para ouvir e apreciar. Não que procure, mas surge do nada. Você vai resistindo aí acaba se envolvendo.
Em 1978, naquele programa de fim de ano pela Tv Bandeirante, Chico Buarque anunciou que uma cantora nova estava surgindo na MPB. Era Zizi Possi. Naquela apresentação ela cantou em dueto com Chico sua nova canção “Pedaço de mim”; aquela canção que tem uma das frases mais fortes de Chico: “A saudade é o revez de um parto / A saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu.” É só pesquisar para ver que a gravação tem arranjo, solo de voz de Milton Nascimento e um bandolim tocado por Beto Guedes. Zizi não poderia ter começado melhor. Sua carreira depois dali, só decolou. Faz pouco tempo descobri que teve uma filha, que cresceu e hoje segue os mesmos passos.
A filha de Zizi, Luiza, tem algo encantador. Sua voz é doce, ela também compõe e tem um repertório vasto com músicas lindas como “Paisagem”. Influência ou não da mãe, ela - diferente de Maria Rita -,  tem voz própria. Não se preocupou em parecer ou cantar como a mãe – criou o seu público com sua voz.
Neste vídeo, extraído do DVD de Flávio Venturini “Não se apague esta noite”, além de soltar a  voz precisa que tem, espalha também graciosidade. A canção “Beija-flor” uma das mais lindas do repertório de Venturini, ganhou nova roupagem neste dueto com ela. Quando ouvi/assisti, fiquei repetindo várias vezes depois.
Tenho visto Luiza também pelas redes sociais na internet. Suas inserções no twitter são de uma artista que parece muito próxima, tem carinho e respeita o seu público. Sucesso, talento e vida longa na nossa nova MPB, esta é Luiza Possi.
Prometo que falarei de Tom Jobim também outro dia, eu ainda continuo fiel.

Antonio / julho 2010