Não existe lugar melhor para levantar assuntos polêmicos do que uma mesa de bar. Ali se deixam opinar; não existe censura ou repressão, e muitas vezes há choros — com revelações surpreendentes. Um verdadeiro divã para psicanalista; e nem precisa de uns goles a mais, as palavras brotam por si só.
Outro dia, numas dessas conversas de botequim, quando falávamos sobre educação e criação de filhos (havia pessoas conhecedoras do assunto), veio a mim uma questão que expus. Por que virou costume em festas de aniversários, além do “parabéns a você”, cantarem o constrangido hino “com quem será”? Digo que é constrangedor, porque os puxadores se esquecem de que estamos ali para homenagear, celebrar e não constranger alguém. Se for mulher ou homem, casado ou solteiro, adulto ou criança; não importa, será escarnecido. Ou, pagará o mico. Para muitos, não passa de uma brincadeira, mas nem sempre é assim. No caso da criança, é uma forma de bullying (intimidação). Por que não?
Quando era criança, nas festas infantis, havia tão somente o “parabéns a você” seguido de um grito uníssono do “pra fulana nada? Tudo! Então como é que é. É pique, é pique, é pique é pique. É hora, é hora... Rachi bum, fulana, fulana!” Pronto, o aniversariante era homenageado, saudado, ovacionado; e não constrangido no dia do seu aniversário.
Quando chegou a era do “com quem será” — não me pergunte quem criou essa tolice —, presenciei algumas festas infantis. A criança, roxa de raiva ao ouvir aquilo, escondeu-se embaixo da mesa; houve casos onde ela saiu correndo, procurando um buraco para se enfiar; em muitos, ela fazia sinal negativo com o dedo; com gargalhadas dos convidados, inclusive dos pais. Isto é penoso demais, é coação. Não só isso, mas a incitação à precocidade, de aos 10 anos de idade, ter que cumprir aquilo que ainda não está no seu script: corresponder-se sentimentalmente e sexualmente com a garotinha que está na ponta da mesa. É pior que o despejo de ovos na cabeça no portão do colégio.
Até os meus 12 anos, ainda tinha hábitos infantis, como empinar pipas, futebol de rua, carrinhos, esconde-esconde, pega-pega; brincadeiras verdadeiramente infantis. Não era cobrado por ser adulto. Mesmo quando entrei definitivamente na adolescência – com um pequeno trauma de deixar a infância, como muitos – fui respeitoso com esse processo. Somente nos meus 15 anos, eu comecei a interessar por alguma menina. Disse interessar, isso não quer dizer que a abordei ou a encostei na parede tentando arrebatar-lhe um beijo. Além do que era tímido.
Psicanalistas irão dizer que a sexualidade já está no ser humano nos primeiros dias de vida. A sexualidade e não o sexo, diga-se de passagem. Como a necessidade de se alimentar ao levar os dedos à boca; são descobertas. Mas estimular o sexo, pulando etapas, poderá gerar um choque na formação do indivíduo. Não sou estudioso, mas é o que penso. Abomino essa precocidade.
Faz um ano li nos noticiários, que o governo brasileiro, não sei precisar qual ministério, queria disponibilizar nas instituições públicas de ensino, máquinas para distribuição gratuita de preservativos. Recentemente, vi que a ideia absurda, ainda está em pauta. Como já disse a amigos, mais uma vez o governo quer entrar em nossas casas para dizer como devemos educar nossos filhos, na vida sexual também.
Psicanalistas irão dizer que a sexualidade já está no ser humano nos primeiros dias de vida. A sexualidade e não o sexo, diga-se de passagem. Como a necessidade de se alimentar ao levar os dedos à boca; são descobertas. Mas estimular o sexo, pulando etapas, poderá gerar um choque na formação do indivíduo. Não sou estudioso, mas é o que penso. Abomino essa precocidade.
Faz um ano li nos noticiários, que o governo brasileiro, não sei precisar qual ministério, queria disponibilizar nas instituições públicas de ensino, máquinas para distribuição gratuita de preservativos. Recentemente, vi que a ideia absurda, ainda está em pauta. Como já disse a amigos, mais uma vez o governo quer entrar em nossas casas para dizer como devemos educar nossos filhos, na vida sexual também.
Poderão alegar o crescente número de adolescentes grávidas. Mas isso não é a melhor maneira de diminuir o risco; sim, pode ter o efeito contrário, estimular o sexo numa idade onde não existe o preparo. Volto ao que já venho afirmando, a família deve sim orientar e educar nesse tema; pais (casados ou divorciados) devem educar seus filhos nas questões e tabus sobre sexo.
Imagina uma máquina dessas na frente de um pré-adolescente, ali nos seus 12 anos de idade. Ele ficará constrangido em ter que apertar o botão da máquina na frente da plateia de amigos. Se apertar, ficará constrangido por ficar com o envelope guardado na mochila por muito tempo; irá querer usar, ou será intimidado por outros a ter que usar. O mesmo ocorrerá com as meninas. No fim, as escolas virarão um atalho obscuro ao sexo precoce e sem limite. Com permissão.
Depois dessa infeliz atitude, não ficarei surpreso, se obrigarem as escolas a terem salas para tratarem necessidades sexuais dos alunos; com luz ambiente e música para relaxar. Isso é pior que “com quem será” nas festas infantis. E haverá pais que ainda acharão graça, como fazem vendo seus filhos sendo constrangidos em frente ao bolo de aniversário.
O sexo, assim como o amor, deverá ser aflorado naturalmente em qualquer indivíduo, como um sol que raia o dia em meio à escuridão. Sem o intrometimento e a imposição das vozes de um “com quem será”. É preciso respeitar as crianças e a infância.
© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / outubro de 2011