BEM-VINDOS À CRÔNICAS, ETC.


Amor é privilégio de maduros / estendidos na mais estreita cama, / que se torna a mais / larga e mais relvosa, / roçando, em cada poro, o céu do corpo. / É isto, amor: o ganho não previsto, / o prêmio subterrâneo e coruscante, / leitura de relâmpago cifrado, /que, decifrado, nada mais existe / valendo a pena e o preço do terrestre, / salvo o minuto de ouro no relógio / minúsculo, vibrando no crepúsculo. / Amor é o que se aprende no limite, / depois de se arquivar toda a ciência / herdada, ouvida. / Amor começa tarde. (O Amor e seu tempoCarlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Herói sem caráter

No último dia 20 de novembro, chamado dia da "consciência negra" (50 tons a escolher), li um texto que veio parar na minha feed de notícias do Facebook, afirmando que Zumbi (dos palmares) era uma espécie de herói sem caráter, um outro Macunaíma. Ele era racista e também mantinha seus escravos. Virou herói pelas lendas e poesias de cordel cantada por historiadores esquerdopatas.

Não sei se é verdade, mas é bem provável. Não existe ser humano 100% bom e 100% mal. Os romancistas só contam o lado bom.

Lembrei-me do excelente filme de Quentin Tarantino "Django Livre". Também narrando a escravidão nos EUA sulista. Ao modo Tarantino, tudo com muito humor, perspicácia, ódio e sangue — muito sangue. Excelente filme.

O que me chama atenção nesse filme não são os personagens interpretados por Christoph Waltz e Leonardo DiCaprio, mas o personagem de Samuel L. Jackson.

Ele era Stephen, um velho negro manco, racista e puxa-saco de brancos poderosos. Humilhava e ria dos outros negros. Se achava acima da sua gente. Odiava negros tanto quanto seu patrão Calvino Candie (Leonardo DiCaprio).

É dele a percepção do plano de Django e Dr. Schultz, para libertar a bela escrava poliglota Broomhilda. Chamou seu patrão num canto e o alertou sobre aqueles dois forasteiros. Um canalha!

A justiça veio. Django matou aquele velho safado e subserviente; mas antes, com requinte de crueldade, lhe deu um tiro no seu joelho doente. Eis, sim, um negro traidor da sua melanina, da sua gente. Bem feito!

Django (negro) era mocinho, inteligente, justiceiro, mas cruel; Stephen (negro) era asqueroso, covarde e medroso. Fosse pela política e seus interesses, era bem provável que tornasse um herói manco e Django um criminoso foragido da justiça.

Há muitos heróis agora em Gotham City. Porque até os vilões querem passar que são. O povo, na ignorância, se confunde e já não sabe mais a diferença entre Batman/Coringa e Django/Stephen. 

© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / Dezembro de 2013.

sábado, 9 de novembro de 2013

Monopólio das virtudes




(mais um texto que nasceu com a expressão facebookiana, mas resolvi postar aqui também)

De tudo de bom que disse o economista Rodrigo Constantino em sua palestra, por ocasião lançamento do livro "Esquerda Caviar", em São Luis do Maranhão, guardei a expressão "monopólio das virtudes".

Vivemos por anos construindo a história de um país sob a tutela do bom-mocismo; como se vivêssemos uma luta do bem contra o mal; e a gente, povo, sempre ao lado do (pérfido) bem, é claro.

Essa era fina flor que dizia trazer a boa nova à terra prometida, como heróis verdadeiros. Por uma classe artística, intelectual e política dominante do pensamento coletivo. De seitas, cujos os atores fomos subservientes; e lhes demos (de graça), status, gracejos e elogios para suas festas regadas a champanhe e caviar.

O que pensavam e diziam caiam como mantras e orações em nossas vidas. Por uma rede oculta e manipuladora, eles monopolizaram o amor, a esperança, a inteligência, os fatos, os caminhos, a palavra e as demais... virtudes.

Passamos por essa era de sensibilidade mal calibrada. Viajamos por contos de fada e histórias contadas sob um único olhar, o da chapeuzinho vermelho. Achando que tudo era só uma questão de matar o lobo mau; de tirar um rei e pôr outro no trono; um mais humano e justo. Um rei nosso.

Em suma, todo baile de máscaras termina com o raiar do dia, com toda orquestra esbodegada e com todas as máscaras no assoalho do salão. Os rostos serão expostos, revelados e não tem mais noite feliz e nem dança. A festa terminou.

© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / Novembro de 2013.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Ter razão ou ser feliz?

É melhor que tenha razão em sua vida. Não no sentido ditame de opressão e imposição da palavra sobre a outra. Mas na forma que se descreve na sua raiz: a faculdade de compreender as relações das coisas e de distinguir o verdadeiro do falso, o bem do mal; a faculdade de raciocinar, de apaziguar, de estabelecer razões lógicas; justiça, retidão, juízo, bom senso, equidade... É mais do que isso, mas paro por aqui.

Ter razão é mais importante que os sentimentos vorazes e submersos. Podemos ter razão pelas estações e a florescer a vida toda, mas com a felicidade não temos a mesma garantia.

Razão é temperança, gentileza, amadurecimento, conhecimento; a felicidade é temporal, é do self, a forma que espírito se manifesta quando se reluz pelo feixe da... razão. Apagará com as noites sombrias, com as tempestades, a menor fagulha de dor, e com as pedras do caminho.

A razão é mister porque nela toda casa se edifica; e com a felicidade se apetrecha e se enfeita seus cantos. A razão nos põe no eixo, no equilíbrio e traz a paciência de viver dia após dia. A felicidade se aproveita disso, da sua existência para acontecer.

Ter razão, torna a vida mais esperançosa e feliz. Este é o aprendizado. Se tiver que haver uma ordem, que a razão venha a frente, abrindo os caminhos do entendimento, da compreensão; e que o coração seja a porta de entrada para ambas.

Deus me livre de ser feliz sem razão nenhuma. Quando desse torpor despertar, sentirei frio, fome, sede e amargura; e tudo sem onde me agarrar. Cadê a minha razão?  


© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / Novembro de 2013.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Só vou ser feliz o dia que...



Meu filósofo favorito diria "fuja dos chatos, daqueles que vivem buscando a felicidade". Eles são melancólicos, tristes e podem pisar (sem querer) em você. Toda busca vociferada e alarmada é uma mentira delirante (todos nós somos bons em mentira); uma ladainha de desculpas para a vida e de não vivê-la; de verdade, ele nunca tem vida; tem só intenção e ânsia.

Engana-se vivendo, ou dizendo que vive sua busca incessante, que nunca chegará; a verdade única é que toda ela [vida] por ele passará, e sem piedade. Justificará tudo, pela ausência daquilo que acredita não ter; mas como um merecimento de prêmio, um diploma de graduação que receberá no final. Não existe vida no pressuposto, no imaginário, no futuro, no condicional e no final. Ou essa coisa tola de pensar positivamente e ficar na estação esperando, esperando... "Só vou ser feliz o dia que..." é um trem que não chega e dá preguiça de esperar.

Só digo uma coisa, não peça nada na forma mais infantil como se deseja um brinquedo novo; de querer as coisas que pode tocar com as mãos; não procure nada que seja coisa. Você terá pouco tempo para maravilhar-se e brincar com ela. Todo brinquedo depois de explorado perde o prazer e o sentido em si (já disse meu irmão). Depois é abandonado na caixa. A confusão se estabelece quando se confunde tudo com prazer e gozo.

Quem corre atrás do outro, procurando o que já tem em si, viverá sempre uma jornada agonizante e em vão. Àquele que, na sua solitária vida, reclama da ausência daquilo que já possuí de graça, seria melhor se provocasse suas revoluções internas, e começar a promover a justiça ao seu redor. Tudo que vivemos é tão próximo e por que queremos o longe?

Toda vida em si é melancólica, triste, labutada, difícil e também feliz; tudo nela é transitório e se desmancha no ar. Não existe a noite do amor eterno, porque sempre haverá um amanhecer para findar. É sempre um começar de novo; voltar algumas casas e reiniciar o jogo da vida.

Quem diz "só vou ser feliz o dia que...", a garantia que esse dia nunca chegue é imensa. Penso, por fim, que deveria ser abolida tal verbete dos dicionários de sinônimos e dos livros de auto-ajuda. Quem sabe, então, teríamos mais momentos e instantes altivos de vida vivida; veríamos mais noite de estrelas no céu e com os dias mais radiantes.

Tudo sem compreensão do nada, simplesmente porque não cabe explicação.

© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / Novembro de 2013.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A cidade dos sonhos


Quantos afoitos e assanhados da mobilidade urbana (assunto da moda política) vivem ruminando seus sons em debates sem fim; com o olhar de esguelha sobre um prisma da cidade que lhes interessa. Então, vai pimenta no debate.

Foi justamente num sonho que ele me falou (um anjo)... Às vezes é preciso olhar além das fronteiras do óbvio e do objeto: a escala humana da cidade. A coisa é maior que o simples transporte que se toma para visitar um tio do outro lado da cidade. Mas num canal de ideias, confrontando e abrindo layers sobrepostos nos vários outros seguimentos que envolvem a vida nas cidades: Morar, transportar-se, encontrar-se, se sentir seguro, se sentir justiçado, se sentir protegido, ter amigos, ter família saudável, ter escola, ter lazer, ter saúde pública de qualidade e ser feliz na urbe.

Não adianta discorrer sobre mobilidade, querendo que todos andem de bike (só pra dar um exemplo), e depois ficar tecendo no imaginário uma outra bucólica cidade de paz; dentro de uma ordem pública estabelecida, de policia sem armas, de gente feliz, com drogas legalizadas, cadeias vazias, bibliotecas bem visitadas, museus, iPhones pra todos e mulheres vendendo seus corpos em vitrines, como em Amsterdam.

Sem o alcance do desenvolvimento educacional, cultural, social e político não se sustenta o restante. A comparação é torpe e longínqua. Alcançar meios de transportes sem igualar a cultura cidadã é uma coisa bem amadora. A carroça ainda está presente na alma brasileira e o temor da cidade também. Como enfrentar e equalizar tudo?

O Brasil, São Paulo, Rio de Janeiro não têm forças (moral e política) pra enfrentar black blocs nas ruas. Eles estão aí soltos quebrando e incendiando as cidades. Este é um ponto. A PM virou alvo de todos e inimiga pública número um. A insegurança se espalhou como rastilho de pólvora, com artistas e juízes (?!) apoiando os incendiários da cidade; e todo mundo  querendo transporte de primeiro mundo... É como fazer cirurgia na precisão de um bisturi de um lado e na cegueira do gume de um facão do outro, e tudo no mesmo corpo doente.

Como falar em mobilidade urbana (padrão FIFA) tendo um povo e governos miseráveis e numa enfermidade mental sem cura; e num momento como esse, quando as cidades estão em ruínas. E a vida cada vez mais cara para viver, com governos corruptos, impostos altos e sem retornos em projetos que sustente uma simples vida. Como ser feliz na cidade só andando de bike?

Quem dera fosse só organizar os espaços, distribuir seus modais por canaletas e ciclo-rotas; com o ir-e-vir livre e barato; como aquele garoto de Liverpool que atravessou a cidade num bus, só por saber que um ser qualquer, do outro lado da cidade, sabia fazer um "B7" no violão, e ele queria aprender. 

Os moleques (mlks) de hoje, da periferia, não querem tomar o "buzão"; eles querem andar de carrão possante, com o som nas alturas, tocando seu pancadão. Porque é assim que se pega mais mina. E as "mina pira" no cara de carango com pancadão. Eles sabem disso e vão atrás. As mina não "pira" naqueles que andam de bus, falam dois idiomas, frequentam biblioteca, veem filmes cults e ouvem Mozart no fone de ouvido. Esta é a cultura que precisa reverter e alcançar. Esse moleque, como todo mundo, só quer ostentar e demonstrar seu poder.

Uns dirão "eu só faço a minha parte... O resto não é comigo".  Não adianta. Para a cidade dos sonhos há que todos façam sua parte ao mesmo tempo; que sonhem e realizem juntos. E isso tem um principio nos poderes constituídos. Com ética, moralidade em alta, transparência, planejamento e uma população que lhe presta confiança.

Já finalizando, lembro das palavras do dramaturgo e escritor Nelson Rodrigues: "O brasileiro não está preparado para ser o maior do mundo em coisa nenhuma. Ser o maior do mundo em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade".

© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / Outubro de 2013.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Tudo junto e misturado e uma sociedade na UTI


ATENÇÃO! Nossa sociedade está doente... O pior, em médio prazo não tem vacina e muito menos cura. Estamos passando por um momento letárgico e de sonolência; de pessoas do bem e comuns vendo suas vidas sendo solapadas, destruídas e ao mesmo tempo fingindo não sentir, dando as costas e tergiversando das questões.

Venho falando disso há tempos e as pessoas preferem curtir seus pets e unhas da semana; vivendo no seu mundo “lindo-e-maravilhosoooo”, de baladas e curtição; porque o importante é ter um dinheirinho pra cerveja e ficar “so glad” em saber que vai dar praia no fim de semana. Gente tola. Vão ler e se interessar, porque quando acordar seu mundo poderá estar estranho e você com cara de tacho perguntar: Por quê?

O filme “De volta para o futuro II” mostra como uma simples atitude no passado, ou o poder na mão de um mau-caráter, pode transformar todo futuro de uma sociedade. Aquele presente de 1985, todo modificado, irritou Marty quando ele voltou. O problema veio do passado com seu inimigo Beef. Vejam esse filme com este olhar.

O mais surpreendente nas recentes manifestações e depredações das ruas é o modo como a imprensa (a grande) vem tratando o assunto. Com raríssimas exceções, todos pisam em ovos ao dar notícias sobre Black Blocs destruindo cidades. Esses viraram a verdadeira forma de fazer justiça, no braço e na covardia.

Veja, por exemplo, como o JN dá tal notícia. Eles foram um pouquinho mais adiante, mas não chamam Black Blocs pelo seu nome de “Black Blocs”. Antes eram “manifestantes”; depois passaram a chamar de “vândalos” ou “baderneiros”. Agora os chamam de “mascarados”.

Por que quando um veículo de uma emissora de TV é virado e incendiado numa rua, nenhum telejornal faz um editorial incriminando os bandidos, pedindo justiça com veemência? Por que repórteres vão às ruas registrando tudo num celular e todo mundo com o “cu-na-mão”? Por que se pisa tanto em ovos? Por que esse medo todo?

Há várias respostas, mas vou ficar com uma. O medo de atingir um grande cliente (o maior deles) e ser perseguido por uma ditadura silenciosa que já está por aí. Ou você nunca foi corrigido sobre sua fala disso ou aquilo? A democracia às favas.

A imprensa está acuada como um animal preso por sua presa. Tem uma pauta controladíssima e censurada. É o fim.

Outro dia deparei vendo uma manifestação na Av. Paulista, uma faixa dizia “juventude e professores juntos porque a rua é a melhor escola”. Por essas e outras que a educação no país está péssima. A USP, a maior universidade do país, não figura mais na lista das melhores universidades do mundo; enquanto isso o analfabetismo anda a galope e “concerteza” continuará a crescer. Vergonha!

Nas manifestações dos professores cariocas, vemos o sindicatos anunciando, com orgulho, o apoio dos Black Blocs (Black Bostas). Fiquei estupefato. Onde fomos parar? Professores (nossos mestres) se unindo a bandidos. Que país é este?

O que me impressiona nisso tudo é a covardia. Eles não mostram o rosto, se escondem por trás de máscaras, atacam em bandos, como aqueles que bateram cruelmente num Coronel da polícia. 

Lendo os comentários das notícias de jornais você percebe o grau de ignorância misturado com raiva que se derrama no teclado do computador. Entre os bandidos Black Blocs e a polícia, eles preferem os juízes das ruas, marginais de porrete na mão.

A polícia virou uma espécie de inimigo público. Tem gente que ainda acha que ela não deve bater em bandido. Tem gente - já li por aí – que quer a extinção da policia. Quero ver quem ela vai chamar quando sua filha for estuprada ou assaltada. A polícia, bem ou mal, ainda são as leis fazendo-se cumprir nas ruas. E uma delas é o direito de ir e vir.

Os defensores da causa animal – não sou contra – querem tornar sua causa uma doutrina, uma ordem social. Daqui a pouco vão obrigar a cada cidadão a recolher e cuidar de animais soltos nas ruas. Eu prefiro ficar no meu comportamento. Só piso em baratas, mas não chuto cachorro ou gato de qualquer porte.

Nessa onda que tomou conta, já li coisas absurdas. Dentre elas, pessoas (na sua doença) colocando o animal numa importância maior que o ser humano. Onde você diz que o ser humano não presta, deveria se colocar também. Ou será a única exceção? Ridículo.

Depois, na manifestação contra o Instituto Royal, quem os manifestantes chamaram pra apoio? Exatamente, os “justiceiros” Black Blocs. Quem se alia a bandido, come do mesmo prato. O mundo (e o Brasil) virou este supermercado de causas. Cada um cuida do seu grupo, do seu nicho e acha isso a coisa mais importante do mundo, e seu ingresso na vida social é de grande relevância. Como um mantra que se diz todos os dias até pegar. 

Os fascistas estão soltos, esta é a verdade. E não tem ninguém que os impeça de seus intentos. O Brasil se tornou uma faixa de gaza. Uma mudança, com a entrada do maligno nos nossos caminhos, está em curso. E todo restante do mundo dormindo e preocupado com o fim de semana.

A coisa pode mudar? Sim! Segundo a Folha de São Paulo em pesquisa recente, 95% da população paulistana repudia os BBs. Já é um começo. Recentemente o ex-reitor da USP, cuja reitoria se encontra invadida por beócios esquerdopatas, disse “o espaço que os intolerantes ocupam é proporcionado pelos tolerantes”. Cabe lembrar, neste caso da USP, os tolerantes são a esmagadora maioria. Mas sem coragem de enfrentar ou só nasceram diferentes. Pensam em só estudar e poder ter um bom emprego.

O mantra mais dito até hoje sobre nós é que “Deus é brasileiro”. Todo mundo vive esse milagre, essa oração como se no final uma ação divinamente instantânea descerá para fazer justiça, como se o miojo ficasse pronto. E você, o que tem feito? Pura ilusão.

Por fim, deixo uma dúvida no ar. Nós temos na sua maioria uma sociedade ignorante, hipócrita ou mau-caráter? Você pode escolher, porque qualquer uma serve ou todas juntas e misturadas.

© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / Outubro de 2013.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Noutras palavras sou muito romântico

Nota: Assuntos recentes e nos noticiários me chamam atenção. Eu escrevo quando algo me incomoda. A dor me incomoda; o amor também me incomoda. Era pra ir pra página do meu Facebook, mas veio pra cá primeiro. Com linguagem de rede social. Sorry



Já havia escrito por aí, mas voltei ao assunto. Há uma santíssima trindade "imexível", irretocável e imaculada no Brasil: Caetano-Chico-Gil (CCG). E com muito espaço ainda pra Roberto, o rei; Pelé, o rei; Xuxa, a rainha; Senna, o mito. O que não falta à nossa gente bronzeada são reinados, coroas, majestades, eunucos e santos pra adorar. Bobos da corte também têm...

Você, meu ouvinte e minha ouvinta, já leu alguma biografia desses "monstros" da nossa e de outras épocas? Claro que não, talvez isso explique a idolatria de tanta gente por esses seres inimagináveis e de almas bondosas. Até o cocô que fazem deve ser linnnnndo!
Pelé, por exemplo, é 42,3% craque; 7,3% está na cabeça dos românticos da bola; e 50,4% puro Marketing. Seu filho não deu certo no futebol. Pelé odiou sua escolha, porque o filho (goleiro ruim e foi pego com drogas) quase tingiu seu marketing de herói dos gramados. Espertamente, também não quis jogar a Copa de 74, porque já temia o fracasso. Aposentou-se no auge e vive das glórias e vil metais do seu passado. Por essas e outras que nenhum brasileiro, por não conhecer melhor Edson, nunca admitirá Maradona, por exemplo.
Geraldo Vandré escolheu viver no ostracismo, desde meados dos anos de 1970. Toda vez que lhe pergunta sobre torturas durante o regime militar, ele nega que tenha sofrido. Os mais sábios da sua vida do que ele (patrulheiros) dizem que ele não diz coisa com coisa... Simplesmente porque ele nega o que todos gostariam que fosse verdade. Hummm. Quem poderá dizer melhor que ele sobre sua vida? Talvez um biógrafo. Não aqueles que teimam afirmar que “fizeram uma lavagem cerebral”, ficando com essa verdade. E eu tenho que ouvir isso.
João Gilberto (82), cantor, mora num apartamento alugado no Leblon. Segundo o porteiro do seu prédio, ele quase nunca desce pra nada (vive lendo, tocando e a única TV que tem é ainda PeB). Quando aparece, ele não usa o hall social do prédio, circulando sempre pela garagem. Ele endoidou? Não! Só quer privacidade e, assim como Vandré, cansou de ser reconhecido na rua.
De Roberto Carlos já li muita coisa, mas tem outras tantas que seu público quer saber. Mas ele quer controlar tudo a sua volta, até as cores das roupas dos outros.
Casamentos conturbados, mulheres, porres, festas em iates, envolvimentos com governos e a máfia... Pelo rastro biográfico de Marilyn Monroe encontrará também o de Sinatra. De como seus amigos mafiosos abusaram sexualmente, fizeram festinha com a bêbada e doente Marilyn Monroe em Cal-Neva, uma semana antes da sua morte. E como o procurador geral da República, Bob Kennedy, fugiu de Los Angeles num helicóptero, na madrugada antes da polícia chegar à casa de Marilyn Monroe. Sinatra estava nesse meio. A vida pessoal manchou a vida artística do "the voice" Frank Sinatra? Não! Ele continua tocando na vitrola de muita gente, inclusive na minha. Para o seu público, o tornou mais humano, talvez. Sua biografia é fácil de encontrar.
No limiar dos anos de 1970, o maior cantor do Brasil era Simonal. Ele sofreu muito com patrulhamento ideológico e boatos que acabaram com sua carreira artística. Toda tristeza que o levou ao alcoolismo e morte prematura. Quem quis provar que ele era inocente e não um dedo-duro? Fizeram um filme recente pra tentar contar esse lado. A tal "comissão de verdade" nunca irá se interessar pelo seu caso. Morreu sem provar que era apenas um negão marrento e de muito sucesso. Os vídeos estão aí no Youtube.
Certa vez, num almoço, ouvi de um velho padre, ser ele a favor da pregação de um Cristo mais humano e menos santo. Eu concordei, mas os cristãos, os fiéis gostam da historia romantizada, idolatrada, santificada, milagreira. Sem negar, é claro, que seja o filho de Deus. Mas como ver só o santo num homem que endoidou no templo?
Mas voltando às biografias censuradas, o único a chamar a coisa pelo nome de "censura" é Alceu "Anunciação" Valença. Deu um pito e esporrou todo mundo. Está no seu mural do Facebook.
Viva a democracia e as biografias; e abaixo os Black Blocs (contrapondo o que prega Caetano). E tudo só porque eu também acredito que é "proibido proibir". Lembra-se disso, velho baiano?
Another words, I'm so much romantic.

© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / Outubro de 2013.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

O rio não tem retorno

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Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida”. Todo mundo já leu inúmeras vezes esta frase por aí, dizendo ser um provérbio (adágio) chinês. Os provérbios não estão apensos a nenhuma publicação; são frases soltas, de feição popular, sem originalidade, mas como uma roupa que se veste justa. São sábios.

Dialético, o antigo provérbio nos converge a sermos purificados e precisos com a vida: onde e para quem apontamos nosso dedo indicador; pensar antes de se dirigir a alguém; e o caminho que escolhemos seguir seja oportuno. Não vá decepcionar a si ou aquele que você ama. Como se conseguíssemos dominar o animal indócil dentro de nós, assim dormir sem estar com sono. Quase sempre, somos bêbados tentando se equilibrar no balaústre de uma ponte sobre o Tâmisa. Somos imperfeitos, desajustados, imprecisos. Mas com bons livros de bolso e bons provérbios tentando nos vestir.

Eu acrescentaria mais uma coisa: as águas correntes, caudalosas, mansas, silenciosas e às vezes turbulentas de um rio. Não há como contradizer: todos os rios não têm volta. Da nascente à jusante eles seguem a se juntar com outros e se derramar onde imaginamos ser seu fim. Sail on by...

Há palavras, pessoas, imagens, cenários, lugares, paisagens, coisas que vão e não voltam. Quando lançadas ou deixadas se perdem em atalhos e becos da vida. Quando percebemos já passou, canalizou por um túnel no tempo e esvaziou aquele instante. A carruagem passou e não voltou; a juventude passou e não voltou; um amor passou e não voltou; a morte passou e não trouxe mais nada, não devolveu a vida. Passou.

Somos pessoas em lugares mutantes e evolutivos. Tantas vidas teriam que ser paralisadas ao mesmo tempo para que nada passasse e tudo ficasse num momento de só deleite e prazer. Isso não existe, porque a vida nos chama a escalar montanhas e buscar meios em subsistir. Há turbulências e desafios. Não vivemos num paraíso onde a felicidade é água jorrando em bicas. Há atividades corriqueiras que faz-nos mudar intimamente, sem percebermos.

Por vezes, somos invocados alcançar emprego, estudo e sucesso tendo que mudar de cidade e região. A vida irá mudar. Os convívios, paisagens e os cenários do cotidiano não serão mais o mesmo. Tudo, por fim, é efêmero e passageiro. A festa da noite eterna, por mais que a esperamos e ansiamos, chegará e acabará com a luz do dia. Hora de juntar tudo e voltar ao caminho.

Havia muitas pedras para carregar e as costas já não suportavam mais. O arrependimento de não poder ter sido melhor do que agora o presente ilumina; a dor e a impotência diante de algo agora distante e sem conserto. O tempo nos devolve memórias e consciências que, no instante que aconteceram, não tivemos — apertamos o gatilho. Os erros do passado, a vontade de retornar ao início e fazer tudo diferente. Arde como brasa quente.

Quando os erros são percebidos num tempo distante, a primeira sensação é querer voltar e consertar tudo. O brinquedo da infância deixado empoeirado numa caixa no porão. Querer encontrar as peças espalhadas, limpar e ver tudo montado, de novo lindo e funcionando. Poder brincar com um passado remontado. Retomar aquela história desde o inicio e contá-la de maneira diferente, mais madura, mais amorosa; sem mesquinharias, ressentimentos e discussões tolas.

Não! Não há como voltar. O rio não tem retorno. As águas de um rio são fatos consumados de uma vida já vivida e entregue. Em águas quentes mornas e frias nos rendemos, nos mergulhamos. Ele sempre seguirá o seu curso, seu destino, desbarrancando margens e tudo que ficou lá atrás; virá arrastando tudo, mesmo que solte dos remos. Às vezes lento, calmo e manso; às vezes turbulento e de árdua navegação. Entre meandros, pedras rasas e toras pelo estreito, mas sempre deslizando da nascente das montanhas. Em penetração de outras águas, ou na imensidão de um oceano (fim da jornada).

Como devolver lágrimas derramadas aos canais de suas glândulas? Não retornam, deixe-se chorar, então. Deixe-se desaguar.

As corredeiras, quedas d’água, por mais insuportáveis que possam ser suas passagens, elas nos conduzirão no percurso; elas existem e uma hora ou outra aparecerá à nossa frente. É hora de segurar firme nas extremidades da embarcação (sem remos) e deixar se levar. O máximo que poderá ocorrer é encontrarmos novamente com águas mansas do nosso caudaloso rio. É assim que ele te leva até o desaguar definitivo em águas oceânicas.

Se não podemos voltar, podemos mudar o sentido da proa. Quando se vai por outra rota, as águas também estão lá para levar para algum lugar no futuro. O foco, os assuntos, as mágoas devem ser dissipadas, mudadas e pisoteadas como uma erva-daninha.

As prisões do passado, longínquo ou recente, colocam em cofres nossos pecados, falhas, medos, covardias e faz-nos com que voltemos a ele, revelando segredos, para pôr ordem e fim naquela história mal terminada e reparar a pintura negra (escura) da alma. Obras pintadas não têm consertos, têm retoques.

No conto de Guimarães Rosa “A terceira margem do rio”, sucinta a vida dentro de uma canoa. Um pai que deixa a família para viver rio abaixo rio acima, remando: “nessa água que não para, de longas: e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio adentro – o rio”. Deixe fluir o rio, como flecha, como palavras ao vento, como desfiladeiro; abrindo caminhos, trincheiras meandros e estreitos. Um rio interior e leviano; e a vida segue a sangue, ferro e profunda. Não há mais infância, não há mais tempo, não há mais resgate. Só são águas, só vejo rio. O meu rio sem pressa de lugar algum...

© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / Julho de 2013.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

O que a mídia não mostra


O que algumas pessoas próximas não sabem, mas eu tenho certa repulsa pela palavra americanizada “mídia”. Muito difundida no meio político e utilizada para exprimir a imprensa em geral. Sempre usada de forma negativa, quando se quer dizer de ausência, ou controle de tudo que se publica nos meios de comunicação. Prefiro então dizer “press”, ou simplesmente Imprensa. Apesar de gostar de citações em inglês, "mídia" deixa tudo solto, sem sentido, sem eixo.

Segundo os dicionários, “Mídia” vem do inglês “Media”, podendo resumir em meios de comunicação, ou conjunto de formas de comunicação. O que contempla todos: rádio, televisão, internet, jornais impressos, revistas, etc.

No Brasil, a imprensa cumpre hoje um papel bem atípico; longe do que se fazia anos atrás. Tudo hoje se resume em só levar e trazer informação. Deixou de ser um veículo de formação de uma ideia e investigativo. Virou uma redação de fofocas de tudo que se ouve e propaga por aí nas redes sociais. Ninguém depura nada. As formas vindas por redes sociais são instantâneas e de fácil digestão. Muitas notícias ficam na cabeça do leitor com pontos de interrogação, que poderá fazer dela o que quiser; assim como um angu de caroço.

O guia do politicamente correto tem determinado também o manual de redação das grandes empresas de comunicação do país. Na prática, seguem uma cartilha social e correta para estar bem com todos, sem gafes. Alguns aboliram ou trocaram o popular termo “favela”, por exemplo, pelo politicamente correto “comunidade”.

Fosse só isso, podíamos pensar que era só uma forma de chegar ao leitor de uma maneira mais formal, mas a coisa é mais pecaminosa. Grande parte da imprensa no Brasil, que deveria se unir ao seu leitor em forma de colher e apontar a verdade dos fatos, conta, muitas vezes, só meias-verdades, ou pior ainda, se omite e se ausenta sem dizer uma só palavra.

No surto de manifestações que tomaram conta do Brasil — ninguém sabe, de fato, os motivos, porque há muitos motivos —, a "mídia" se tornou, não aliada do movimento, mas vidraça para muitos. Alguns jornalistas têm escondido o microfone de suas emissoras e gravado matérias por telefone celular; passando como meros espectadores e partícipes dos manifestos. Isso é decadente, porque os manifestantes sabem que a imprensa tem agido conforme a cartilha dos seus patrões, neste caso o próprio governo.

Óbvio que, em meio a muitos, existem os que ainda se consideram imprensa livre, e dizem o que pensam, fazendo a leitura sobre todos os ângulos; mostrando sua cara e por isso sendo mais aceitos.

Nos tempos atuais, onde a internet tomou conta de tudo, a velha imprensa (typewriter) ficou velha mesmo, caduca, como no filme de diálogos confusos “Front Page”, do bom diretor Billie Wilder. As pessoas estão escolhendo o Facebook para se atualizar; ou publicando suas opiniões em vídeos pelo You tube. A imprensa virou espectador do leitor que agora é ativo no guia da informação. O restante vão fazer fofocas dos programas de reality show.

Nos últimos dias, o movimento “#MudaBrasil” se propagou como um rastilho de pólvora e pegou todos de surpresa. O governo, que sempre teve debaixo das asas do seu poder, diversos seguimentos da sociedade como sindicatos, centrais sindicais, movimentos sociais e ONGs, ficou atônito com os manifestos, pois era algo fora do controle. Se for quer buscar o fio do novelo, não chegará a lugar algum. A internet é o estopim, o fio desencapado, como sugeriu o ex-presidente Fernando Henrique. Com quem agora negociar? Não tem com quem e nem o quê.

Vira-e-mexe se lê nos murais das redes sociais o termo “o que a mídia não mostrou”. Virou um meme (outra palavra atual). Esse chamativo pode ser um vídeo feito por amador, ou fotos de quem esteve presente à cena. De fato, a “mídia” não noticia tudo. Há filtros técnicos, políticos, sociais e mesmo de autocensura. Por isso que muitos não estão mais interessados em TV, rádio e jornais impressos.

Agora uma confissão. Às vezes eu penso em fugir para outra profissão e uma que “me gusta mucho” é jornalismo. Quando me lembro de Joelmir Beting, e vejo como sua história o levou para o jornalismo, em específico o econômico, me dá vontade de seguir por aí também. Meu receio maior é ser censurado, ceifado, por meu texto ter um compromisso com a verdade. Mesmo que ela seja só a minha verdade.

© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / Julho de 2013.

domingo, 16 de junho de 2013

Só os tolos são felizes

(publicado na minha página do Facebook em 15/jun/2013)


Se você é daquelas pessoas que dão gargalhadas vendo videocassetadas e não vê a hora de começar a dança dos famosos pra ver a namorada do Neymar, você é um tolo;

Se você é aquela pessoa que só vê bobagens na tv, passando bem longe dos livros, porque livro na sua casa só serve pra calçar monitor, você é um tolo;

Se você defende e trabalha por algum político corrupto ...na eleição e acredita que ele pode mudar uma cidade, um estado, uma nação e a si mesmo, você é um tolo;

Se mesmo depois da eleição, este político não fizer nada do prometido (só roubar) e você continuar acreditando nele, porque “não se muda nada em 4 anos”, você agora é um tolo²;

Se você acredita em toda campanha e cartaz que se produz no Facebook, porque tem gente distribuindo bondade por aí, você é um tolo;

Se você é daqueles que acham que temos que devolver o Brasil aos indígenas, e por isso agora você vai registrar seu sobrenome como “Kaiowá”, você é um tolo;

Se você é daquelas pessoas que acham que o Brasil é o melhor país do mundo, porque aqui não tem guerra (como se não tivesse), não tem terremoto, o clima é tropical, com gente solidária pra todos os lados, você é um tolo;

Se você acredita que somos os melhores do mundo porque somos os donos do futebol e temos Pelé, Ivete, Michel Teló nos representando lá fora, você é um tolo;

Se você é daquelas pessoas que discutem futebol com bravura e conhecimento, mas não sabe nada sobre a PEC-37 e outros projetos escusos que restringem os poderes daqueles que o defende, você é um tolo;

Se você é do tipo que diz não ligar pra política, e pra você o Mensalão é coisa de político e todos roubam mesmo e você não pode fazer nada, você é um tolo;

Se você acredita em manifestações contra o aumento da passagem de ônibus depredando o ônibus e destruindo bens públicos e privados, mesmo sabendo que muitos desses manifestantes não se importam em pagar R$2000,00 num smartphone, você é um tolo³ (ao cubo);

Por fim, já que você é um tolo mesmo, mas assim se sente bem, então por que reclamar? Pelo seu estado letárgico da felicidade perene, você está imune a tudo isso, porque SÓ OS TOLOS SÃO VERDADEIRAMENTE FELIZES.


© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / Junho de 2013.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Como um trailer sem carro


Uma mulher sem um homem é como um trailer sem carro. Não vai a lugar algum”. Com razão, trailer não tem motor e a maioria dos modelos por aí, só tem duas rodas. Sozinho não sai do lugar. É preciso de um veículo motorizado com muitos cavalos para rebocá-lo. Bela analogia.

Nos dias de hoje, esta frase soaria um tanto machista, preconceituosa, pecaminosa, out-of-date, e totalmente reprovada por essa gente bronzeada que mostra seu valor, diariamente no Facebook. Campanhas seriam disseminadas reduzindo a reles o seu autor. Verme machista! — diriam.

Verdade mesmo, a frase foi dita por uma personagem feminina num filme de 1964, antes mesmo que alguma mulher queimasse seu sutiã em praça pública, pedindo emancipação, liberdade e igualdade. Mas posso garantir, o roteirista não errou no script; e o público acolheu com sutileza suas palavras. Ele estava em consoante com seu tempo.

Naquele início dos anos de 1960, as mulheres casadas ainda eram donas de casa, cuidando do marido e da prole. As que não alcançavam esse status invejavam as que tinham seu homem, sua casa, sua família. (Isso é o que nos mostra as películas hollywoodianas.) Com a proclamação da chamada revolução feminina (Women's Liberation Front) tudo tomou outro rumo, se perdeu e a feminilidade também. Um cordão umbilical familiar se rompeu daquele modelo familiar. Mulheres deixaram suas casas e afazeres; mulheres saíram do vestido para usar tailleur e substituir os homens nos negócios. Hoje, sindicatos feministas odiariam e poriam toda sua rede social em batalha, a odiar também a mulher que dissesse que precisa de um homem.

Depois que surgiu a denominação “feminista”, para aquela categoria de mulheres que resolveram dirigir suas próprias vidas, independentes de qualquer relação estável e necessidade, o mundo não foi mais o mesmo. O contrário do que se constata, se você disser que o oposto de feminista é machista, o termo cai num conceito pejorativo e como um mal a se combater. A sociedade não-machista irá sempre pensar em homem que bate em mulher e tão somente.

Chique é ser chamada de feminista e viver de suas mazelas sentimentais, porque homem nenhum suportaria conviver, por muito tempo, com uma assim: mulher que briga, que disputa, que discursa com os seios de fora, mas não sabe fritar um bife e nem ao menos andar sobre um salto. Como disse Luíz Felipe Pondé: “o puritanismo feminista, que não entende nada de mulher, faz da mulher uma ‘camarada’ vestida de homem em meio a um mundo brocha de tanta exigência de igualdade entre os sexos”.

Na verdade, a vida das relações conjugais e amorosas, tornou-se tediosa demais e por isso há tantas separações, descontroles e desarranjos familiares. E para complicar ainda mais, um novo modelo de casal resolveu entrar na disputa pela construção familiar. Exatamente assim: “deixem que nós cuidemos do seu filho”. É o que se vê pelas pregações nas redes sociais. Um cartaz, a princípio provocador, diz que “toda criança adotada por um casal gay, foi gerada e abandonada por um casal hétero”. Mesmo que a frase tenha duplo sentido, ela faz propaganda, oportunista, apontando para outros caminhos e saídas. Quando se imagina aquilo que chamam de família tradicional (abomino esse termo); porque todos nós viemos de uma relação hetero (até os homos); de um ato sexual hetero, mesmo que abandonados depois. A família ainda continua a existir a partir deste modelo. Por outro lado, nada contra as outras relações de uniões de pessoas do mesmo sexo. Mas não chamar de família, por favor.

O mundo piorou com essa conjunção atual e a feminilidade foi-se junto, dando espaço às mulheres de “luta” em busca do nada agora. Os direitos civis, uma de suas brigas, já estão conquistados; está na hora de voltar para casa e fazer um jantar para o marido.

Outro dia, conversando sobre este assunto com uma amiga (vivendo a sua fase trailer sem carro), ela me disse algo que poderia sintetizar tudo que se passou nesses anos, a partir dessa pseudo emancipação: “eu acho que para algumas mulheres faltou coragem para ser mãe; para outras faltou coragem para ser puta”. Bingo!

Ao homem não houve mudança de papel. Ele continuou sendo o provedor, o macho dominante e ciumento. Diante do que acontecia permaneceu estático assistindo a tudo, sem entender nada. E quando deparou com essa nova mulher, se assustou e recuou. Na verdade, ele só queria uma que fosse como sua mãe, caseira e cuidadora. Agora quem está perdido e procurando seu trailer para atracar é ele.

A frase do filme “Kiss me, stupid” (1964) do diretor Billy Wilder foi dita pela personagem de Kim Novak (Polly). Polly é uma garota de programa que mora e “trabalha” (atende à clientela) num trailer. Ao ser inquirida por Zelda, a mulher do homem que passara a noite, ela a reprime e diz à Zelda que seu marido é ótimo (no sentido do caráter), tentando convencê-la a voltar para casa. Convicta, ela assegura que a vida de Zelda é invejada por outras mulheres (inclusive as GP´s como ela): "acredite em mim, tem um marido ótimo"; um marido, uma casa e uma família. Tudo perfeito para o mundo de 1960, pós-revolução industrial, familiar e ainda muito romantizado. Uma mulher sem um homem para conduzi-la, não chegaria ao outro lado da rua, talvez à prostituição.

O mundo de hoje acha que não. Acha que podemos ir, sim, a muitos lugares separados; o mundo de hoje acha que podemos educar filhos estando ausentes; o mundo de hoje acha que podemos dividir tarefas dentro e fora de casa; o mundo de hoje acha que podemos viver muitas relações sem se perder; o mundo de hoje não prepara as relações para durarem, mas para serem efêmeras; o mundo de hoje não percebe também, como estamos perdidos por termos abandonados certos velhos costumes.

Por fim, um homem sem uma mulher e uma mulher sem um homem, continuarão a se cambalear por aí e ir a lugar algum. Assim, como um trailer sem carro.

© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / Abril de 2013.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

A paisagem da mulher



Quando subires o alto de uma montanha, podereis vislumbrar uma linda paisagem. Então, sentirás uma imagem real que se constrói perante teus olhos. Separadas, em fragmentos, não se representam, não terão todas as maravilhas; assim como as pétalas de uma flor desfigurada. Mas combinadas, elas revelam nuances. A beleza que não se toca está ao longe. Em tudo, jamais conseguirás tirá-la do lugar e levá-la para ti. Ela esta lá pra ser mirada, mas não alcançada e tocada. Estará lá para ser sempre contemplada, mas nunca penetrada. As fotografias guardadas e empoeiradas, mais tarde, revelarão por quê... Tereis saudade daquilo. Ela revelará e guardará em ti o signo do belo.

Assim, poderás dizer também dos retratos que ficaram de MARILYN MONROE (como um grito à beleza). Ela já se foi, dirão alguns. Ela agora virou a imagem que não pode ser tocada e nem retocada no tempo. Jaz com ela o projeto do arquiteto do corpo. Ela não diz nada, não reflete, não participa, não atua, mas ainda emana... Num álbum de retratos, ou na tela do artista. Ela é a imagem da paisagem que não podereis tocar. Tu somente contemplarás. Na busca da fórmula, do sentido pacificador do prazer, e como torpor da alma. Tudo aquilo que todos nós deveríamos admirar com seu dom infinito. Os gregos diriam Afrodite. Marilyn é hoje a luz que não se aplacou; Marilyn é hoje uma paisagem de mulher.




© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / Abril de 2013.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

50 tons de pensamentos



A linguagem do mundo mudou. Nos dias atuais, se aceita tudo com tudo que se escreve por aí; até erros gramaticais em provas de redação se toleram. OMD! (Oh my dog). Não me oponho aos erros. Acho até que, a pessoa deveria ficar com a face rubra e correr ao dicionário, mas não vai. O problema é que por trás deles (erros) vêm as tolices, sandices e a falta de cultura, mesmo! Infelizmente poucos se preocupam com isso. No meu tempo, ficaria sem dormir, se soubesse que cometi alguma gafe com as palavras.
Já disse outras vezes, as ferramentas atuais de comunicação, são tão boas que estão empobrecendo o ser humano e preservando só os tolos.
Escrevo habitualmente na minha página do Facebook. Tenho minhas convicções, opiniões e penso que isso possa inquirir as pessoas a pensar; como também recorro de outras fontes para formar os meus pensamentos. Nisso, posso ser sério, irônico ou só contar uma piada (sem rir de mim mesmo).

Com ajuda dos leitores, resumi as 50 melhores - dependendo do ponto de vista pode ser “as piores” - frases já postadas na minha página do Facebook. Há os que me odeiam por elas; mas há – ainda acho que é a maioria – os que as curtem (polegar para cima) na forma como construo e explano certos pensamento. Sem medo do rídiculo e da exposição.
Quando encontro com algum virtual na rua e essa pessoa diz que gostou do que escrevi, fico feliz.
Então, com vocês minha coleção de pensamentos.

50 TONS DE PENSAMENTOS

1) Quando você tem noites boas de sono; quando você não se aborrece com nada; quando você não lembra como é um resfriado; quando suas finanças andam em dia; quando amigos de verdade frequentam sua casa; quando se está em paz com a família... Cuidado! Você pode estar sofrendo de FELICIDADE;

2) Quando encontrar alguém na sua vida, e por alguns segundos, sentir que seu coração parou de bater; sentir que suas pernas já não têm mais força; sentir uma sofreguidão e um aperto no peito... Preste atenção nesses sinais. Depois, torça pra que esse alguém seja seu cardiologista. Você pode estar tendo um enfarte!

3) Você percebe que está viciado em Facebook quando, faz 30 minutos que está com LISTERINE (álcool) na boca, na frente do computador e só agora lembrou que tem que cuspir e escovar os dentes.

4) Segundo a Agência de notícias Reuters, a pessoa que diz “MEU NEGÓCIO AGORA É BEIJAR NA BOCA E SER FELIZ”, 100% delas não está beijando na boca de ninguém e está muito infeliz;

5) A cor do esmalte das unhas sempre reflete a insatisfação do sexo feminino. A cada semana, não se contentando com o que pôs, ela muda a cor;

6) Stephen William Hawking, o maior físico contemporâneo. Já desvendou as galáxias, os planetas, a lua, marte, incas venusianos, seres abissais, todo o universo, disse: a única coisa que eu não consigo desvendar é a “cabeça de uma mulher”.... Para tudo!!

7) DAS TRIPAS CORAÇÃO - Para satisfazer sempre a insatisfeita da mulher, o “pobre” do homem tem que se desdobrar em vários. Um mero coadjuvante, mas com vários papéis dentro de casa: eletricista, pedreiro, encanador, enfermeiro, massagista, lixeiro, cozinheiro, faxineiro, ajudante geral. Tem que ser super-herói, Capitão América, Iron-man, Spider-man, Superman e Thor (todos os vingadores). Depois tem que ser Anderson Silva, Don Juan, Rodrigo Santoro, Brad Pitt (quando enjoa do moreno), George Clooney (quando querem um grisalho), Victor&Leó (os 2 em 1), Jorge&Mateus. E precisa ser inteligente, idiota, advogado, consultor de moda, psicólogo (em caso mais graves psicanalista), surdo, mudo e palhaço... E além de todos esses papéis tem que ser FIEL!

8) Diga a verdade sobre você; não propague e considere pra si o que é do outro. Tudo do outro pode ser mentira;

9) Toda vitima social é antes de tudo um objeto de manipulação dos maus-caracteres. Como quer que a sociedade se sinta culpada pelo comportamento e escolha de um único indivíduo?

10) O FACEBOOK parece um grande livro de autoajuda virtual. Se todo mundo fizesse 10% o que propagam nos cartazes, que se resume em amar, amar, perdoar... Teríamos um mundo melhor e convertido pelo Face;

11) O pior desastre da vida humana é quando o médico (ou alguém) corta o cordão umbilical. Aí começa toda tragédia humana; numa trajetória de luta por buscas em razão da incompletude;

12) É FODA QUANDO... Você posta uma foto antiga (10 years ago), no mural de uma amiga, achando que ela vai gostar de lembrar aquele dia... Ai ela escreve assim: CREDO! TIRA ESTA FOTO DAÍ... EU TO GORDA!!!

13) Dúvida loirística: Contagem regressiva eu já sei (10, 9, 8...). Agora, “contagem progressiva” é o número de vezes que vou ao salão fazer escova no cabelo?

14) Quando estou dormindo desejo que a chuva caia a noite toda sobre meu telhado – o barulhinho. Quando eu desperto, desejo que o sol esteja me esperando lá fora. Acho que sou normal, nada além;

15) CONSELHO DE STO ANTONIO - Casamento não é brincar de casinha com o Ken, fazendo comidinha de mentirinha, no fogãozinho da Barbie. E depois juntar tudo e guardar no quarto de brinquedo;

16) Tem coisas que são mais velhas que mouse com bolinha embaixo?

17) A humildade também pode ser um entorpecente. Não há nenhum mal em ser viciado nela.

18) Tem tanta gente se orgulhando de tantas outras coisas por ai: de ser ateu, ser católico, ser evangélico, ser pobre, ser petista, ser ativista, ser ambientalista, ser corinthiano, ser flamenguista... Ninguém se orgulhando de ser somente humano;

19) Hoje quando despertei, meu pescoço fez treck; virei pro lado e meu braço fez creck; quando espreguicei minha coluna fez também crack. Foi por os pés na sandália ao lado da cama, eu senti o CROCS;

20) O mundo é um grande tabuleiro, com 32 quadrinhos pretos e 32 quadrinhos brancos. A pequena minoria inteligente, perspicaz, ousada, corajosa, trabalhadora joga XADREZ; a grande maioria joga DAMA (no mesmo tabuleiro). Por que se faz de vítima e é covarde, fraca, preguiçosa, medíocre e incapaz de ser melhor. No mundo, poucos carregam muitos. O tabuleiro é o mesmo, o que muda é o jogo que se joga;

21) Em suma, as relações modernas são assim: Quero minha individualidade, mas com compromisso em nós.

22) Toda mocinha adora ser acadêmica – ficar horas na academia –, pra ficar bem saradona, pra conquistar aquele homem gordo, que não vai à academia, porque está correndo atrás do dinheiro, que atrai aquela mocinha que fica horas na academia por causa dele, do dinheiro do homem gordo. Não necessariamente nessa ordem;

23) Brasileiro é movido a sentimentalismo. Fôssemos movidos pela razão e pela justiça, seríamos um povo melhor;

24) O bom da vida é encontrar uma verdade, qualquer que seja, e mudar o caminho seguindo agora por ela; o pior é encontrá-la, estancar o caminho sem enfrentá-la e continuar vivendo a mentira;

25) Mulher bonita é aquela que, quando está parada em frente a uma vitrine de uma loja de shopping, tem sempre um homem atento (babando) catando a poesia que entornas no chão;

26) O que eu tenho mais saudade da minha juventude é da inocência. Quando a perdemos, deixamos de ser puros; deixamos de ser plenos de amor;

27) Pode parecer que não, mas eu adoro quando você me odeia;

28) A maturidade pode significar aquelas palavras sublinhada há anos atrás, e agora você nem lembra mais porque comprou aquele livro;

29) O verdadeiro AGRONEGOCIO é ir sábado à tarde ao Bar do Xuxu (Chuchu), comer Mandioca frita, tomando Cevada aos litros e falando um monte de Abobrinhas... Tudo o que impulsiona a máquina econômica do país;

30) MENTIRAS SINCERAS ME INTERESSAM - Toda vez que o Apedeuta disser que uma coisa é mentira, tenha certeza que é verdade. A verdade não acredita nele e a mentira também está começando a se convencer disso: é mentira tudo que empenha em afirmar ser verdade. Ele só conheceu a mentira na vida; namorou, noivou e casou-se com ela; e agora acha que ela tem que ser repetida até virar... verdade. Por que a verdade é que traça todos os caminhos, mesmo quando é mentirosa. A bem da verdade, a verdade nunca lhe convenceu; sim a mentira, que tem por ele muito apreço, como a recíproca sempre é verdadeira;

31) Antigamente (old days) às 07h30min da manhã, toda mulher estava na cozinha, silenciosa, passando um café bem gostoso para o marido que estava indo trabalhar na fábrica. Hoje, nessa mesma hora, essa mulher abre a janela pra gritar VAI CURINTIA! Acordando toda a vizinhança. E o marido? Ele que vá tomar café na padaria!!

32) 03 coisas que só quem acredita em Papai Noel, duende e saci Pererê consegue ver na política brasileira: 1] a mídia golpista; 2] a direita reacionária 3] as elites dominantes. E só os militontos acreditam que elas, juntas, querem derrubar o governo. Então eu explico. O que faz cair a máscara governamental são os FATOS por eles mesmos construídos e protagonizados nos porões do poder, e que nunca imaginavam vir a publico;

33) MODINHAS DO MOMENTO – [1] Sempre quando alguém posta alguma coisa que começa “Com o tempo aprendi...”, na verdade não aprendeu nada ainda, volte 03 casas e reinicie o jogo... [2] Depois do “ficadica”, agora a crise é escrever no final (ou no início) de qualquer bobagem que se posta “Simples assim”, com ou sem reticências. É isso aí meus caros ouvintes, somente algumas reflexões para o dia. Difícil? Não. Simples assim... #ficadica;

34) BOLSA VADIA – Nosso glorioso Senado Federal acabou de aprovar um projeto de Lei, que atribui a toda mulher, que se separou do marido por causa da violência do parceiro, uma ajuda do governo de R$622,00, durante um ano... Pois sim, o homem que vai estar na moda daqui em diante é exatamente o tipo Stalone (com músculos no cérebro). Lutadores de UFC e coisas do gênero serão disputados por elas... O que vai haver de mulher sendo espancada com consciência e gosto. E aquelas que, além do marido, apanham do amante? Vão receber R$1.244,00... limpinho, todo mês. Pode isso Arnaldo? Pode sim. É o famoso Bolsa Vadia;

35) 140 CARACTERES – É difícil hoje em dia as pessoas terem paciência com aquele objeto que nossos antepassados chamavam de “livro”. Dá preguiça ter que ler tudo aquilo, que só serve pra saber como será o filme quando passar no cinema, ou pra se instruir, né? Ler pra quê, se posso ver o filme? Outro dia emprestei um livrinho (250 páginas) para uma pessoa que estava precisando de algumas palavras que pudessem orientar seu caminho naquele momento. Não, não era um “autoajuda”, mas um livro cientifico, de autoconhecimento e transformação. Ela não leu o livro porque achou longo e se ateve somente a ler as frases que eu sublinhei. Pois é, frases sublinhadas são aquelas que vão parar no twitter. Os 140 caracteres; ou: os 140 tons da preguiça;

36) COISA DE POBRE- Ir ao caixa eletrônico e demorar mais que o habitual, só pra parecer que aplica, transfere, deposita porque tem muito dinheiro. Quando sai, leva uma nota de R$10,00 pra passar o resto do mês;

37) Gosto daquele tempo em que a geladeira era branca, o telefone era preto e o mar era azul...;

38) PASSAPORTE CURANDEIRO – Pensando bem, tem tudo a ver com o Brasil dar passaporte diplomático aos pastores curandeiros. É o retrato dessa nação medíocre e pobre de espírito; aonde pessoas simples e sem esperança vão atrás da cura (do milagre) para suas vidas. Assim, entregam seu mísero salário para esses charlatões. Ou seja, pagam para ter o que Deus lhes daria de graça, se fé tivessem. E depois de lesadas, descobrem que nunca foram curadas. Mas e o dinheiro? Ah, este o pastor não devolve mesmo, sob a alegação de “não orou com fé”;

39) A VIDA É BELA - Não sou bom em economia, mas toda vez que leio algum artigo da área, com especialistas assustados com as manobras governamentais para esconder os números reais, me vem à cabeça aquele filme do Roberto Benigni, "A VIDA É BELA" (Oscar de melhor filme estrangeiro - 1998). Em plena 2ª guerra - e até na hora de morrer - ele tentava passar a ideia para o filho que estavam num jogo de guerra e que tudo não passava de uma brincadeira, tudo estava bem. Pura ilusão. Morreu;

40) FEBEAPÁ - Dentro do festival-de-besteiras-que-assolam-o-país (FEAPÁ), tem os especialistas da porta arrebentada. Depois que tudo ocorreu e não tem mais o que remediar, aparece aquele pra dizer “o que deveria ter sido feito era...”. Especialista em fogos de artifício; especialista em fuga; especialista em multidão de jovens; especialista em porta de boate; especialista em banda gaúcha... Mas o melhor de todos eles é o especialista em porranenhuma! Por que ninguém ouve este cara???

41) O SILÊNCIO DOS BONS – Há uma peleja oculta neste Brasil corrupto pela politica da ‘cumpanheirada’. A luta é desanimada (mas existe), da classe que está atenta aos desmandos governamentais, contra os militontos esquerdopatas, que aliciam o povo desinformado. Essa maioria desinformada (sem educação e sem nada) é quem elege o corrupto, por orientação dos militontos. Como se processa tudo isso? O cidadão de bem, atento às linhas dos jornais, não produz barulho. O máximo que vão dizer nos comentários das matérias é “O PT é o câncer do Brasil...”. Na eleição, votam contra o corrupto e ficam por aí, porque pensamentos não fazem eco... Por outro lado, a parcela mínima da petralha militonto, se multiplica, se espalha pra fazer chegar até os desinformados, pobres do sertão afora, que tudo está bem, e dando como exemplo as “bolsas” distribuídas pelo governo. Você não tem saneamento básico, mas é feliz, cara! – argumentam. O silêncio dos atentos não incomoda, mas é tudo que não faz o Brasil berrar por justiça, para o bem de todos;

42) OPINIÕES FEMIMINAS - Toda vez que um homem quer saber mais de uma mulher de seu interesse, ele não deve ouvir a opinião de outra mulher. Simples. Porque, embora sejam da mesma linhagem, vindas do mesmo planeta, mulher não entende de mulher; não entende numa mulher o que atrai a um homem. Porque o homem quase sempre irá pensar com uma cabeça que não tem cérebro. Cabeça essa que a mulher conselheira não tem;

43) BOOK EIGHT – A frase “Eu te amo” pode ser explicada pelos verbos “to want” e “to need” (defective or special verb). O verbo “to need” exprime necessidade; o verbo “to want” exprime só um desejo. Bob cantava nos anos 60 “I want you”; Paul cantava na mesma época “I need you, I need you...”. Paul estava amando alguém; já Bob só queria dar uns pegas;

44) O povo brasileiro – no atacado – não está preparado, intelectualmente, nem pra ver “Branca de Neve e os Sete Anões” (Disney – 1937) – filme de mais de 70 anos. Não tem compreensão para uma história de difícil linguagem (?). É mais fácil ver “vídeo cacetada”, que não precisa pensar e nem ler legendas. Só rir, como tolos. Por isso, os políticos deitam e rolam; mandam e desmandam aqui. Com todo mundo em profundo sono, como se mordesse uma maça envenenada. Cadê o príncipe para acordar esta gente?

45) SINDROME DE SCARLETT – Há uma sindrome que afeta algumas mulheres. A Sindorme de Scarlett. Sabe aquela que acha que todo homem deve se rastejar, até os que a amam de verdade? Por que, no fundo, ela não gosta de nenhum e não vê ninguém, exceto a si mesma. Pois é, um dia ouvirá esta frase – pra mim a melhor - do filme “E o vento levou...”: Minha querida, você é tão infantil. Você pensa que dizendo “me desculpe”, todo passado pode ser corrigido. (Capitan Rhett Butler).

46) No livro “COMO AGARRAR SEU HOMEM SEM ABRIR A BOCA” tem o capítulo “Cuidado com as mãos” (pág. 256). É importante que suas mãos alvas não tenha calos. Calo brocha. Você pode até justificar que puxa ferro na academia sem luvas, mas no fundo, ele sempre vai pensar que você passa o dia todo pegando no cabo da vassoura, do escovão ou da enxada; ou em grau menor de colosidade, irá imaginar que lava louça sem luvas e com detergente tabajara. Ah! Esmaltes alternando em tons (cinquenta) de vermelho ou base simples com ou sem francesinha; nunca essas cores da moda, como cinza, verde e azul; ou pior, sem nenhum esmalte. Brochante total. Aguarde mais dicas do livro. I wanna hold your hands;

47) PET-SHOP-MUNDO-CÃO – A explicação de estarmos vivendo a Era das causas animais, não está, exclusivamente, só nos descuidos e maus tratos que sofrem nossos pobres domésticos. Maior que isso, a questão está na carência humana por afeto. Os domésticos têm de sobra o que está faltando aos homens. Pessoas sem afeto vão cuidar dos animais, pra terem suas almas cuidadas por eles. Isso não ocorria no século passado (faz pouco tempo). Depois que o homem se perdeu de si (e da família), foi buscar nos animais o que agora não encontra mais no seu semelhante; justificando que eles (animais), e só eles, precisam de cuidado. Incondicional e em nada em troca? Ah tá!

48) THE SHACK - Notem, nos dias atuais, as obras literárias que viram best-seller (as mais vendidas), depois de um tempo ganham ramificações de suas histórias. Ou alguém resolve contar mais do que o livro já disse, só com obejtivo da especulação da obra alheia. Uma gente sem criatividade, mas esperta e com vontade de ganhar uma graninha com a ideia do outro. Por exemplo, um dos livros mais lidos e vendidos nos últimos anos ‘A CABANA’, ganhou várias vertentes. Você pode escolher: “De votla à Cabana”, “Encontre Deus na Cabana”, “Encontre a si mesmo na Cabana”, “Em busca da Cabana”, “50 tons da Cabana” e para os mais antenados em redes sociais tem o “A Cabana, #partiu”;

49) RUNNING – Já dizia o poeta “a vida é mesmo assim, dia e noite, não e sim...”. Como é assim a vida, tem sempre alguém correndo atrás de alguém, que está correndo atrás de alguém, que está correndo atrás de alguém, que está correndo atrás de outro alguém que está... E pra seu desespero, ninguém correndo atrás de você. Então, pare no próximo ponto e reflita!

50) EXPLICANDO O FACE – Na última aula, fiz a seguinte explanação aos alunos. Na maioria dos casos, esta coisa do Face (mudar o status), não quer dizer que ambos foram algum cartório, que entraram numa igreja, trocaram alianças; depois fizeram festa com convidados e padrinhos, filmagens, fotos e foram em lua-de-mel pra Porto Seguro... Nada disso. É só aquela rotina, do cara que vai toda noite filar janta (bóia) na casa dela, e depois de muitas gargalhadas e cerveja na cabeça, acaba dormindo por lá. Dois, três meses nessa batida, no Face, isso é status de "Casado". Entendeu???
© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / Abril de 2013.