BEM-VINDOS À CRÔNICAS, ETC.


Amor é privilégio de maduros / estendidos na mais estreita cama, / que se torna a mais / larga e mais relvosa, / roçando, em cada poro, o céu do corpo. / É isto, amor: o ganho não previsto, / o prêmio subterrâneo e coruscante, / leitura de relâmpago cifrado, /que, decifrado, nada mais existe / valendo a pena e o preço do terrestre, / salvo o minuto de ouro no relógio / minúsculo, vibrando no crepúsculo. / Amor é o que se aprende no limite, / depois de se arquivar toda a ciência / herdada, ouvida. / Amor começa tarde. (O Amor e seu tempoCarlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

iPod, iPhone, iPad...iEnd

Uma notícia percorreu o mundo com um relâmpago, no dia 05/10/2011. A morte de Steve Jobs, o co-fundador da Apple. Fiquei sabendo quem era depois da notícia. Desculpe a minha ignorância. Como não conhecer (em vida) um ícone mundial? Sou só um usuário e nunca procurei saber quem inventa os aparelhos. Só sabia da existência de Bill Gates e da Microsoft. Gates deve ser melhor no marketing que Jobs. Creio.

Ao anúncio de sua morte, ouvia rádio sobre comentários de futebol, quando o locutor parou para anunciar; quis então, saber quem era. Liguei o computador e fique perplexo com a chuva de comentários nas redes sociais, parecia o fim do mundo, ou a “minha vida não tem mais sentido”. O assunto estava no topo mundial do Trending Topics no Twitter. Vi comentários do tipo: “sinto como se fosse uma pessoa próxima”, ou “morreu um grande ser humano”, ou simplesmente “estou em luto”. Depois choveu maçãs negras com lágrimas, maçãs azuis tristes, maçãs negras mordidas (a mordida era sua silhueta), maçãs com uma e duas mordidas. Quando voltei minha atenção ao futebol, pensei que o “minuto de silêncio” já era para homenageá-lo. Não era.

No dia seguinte, postei um comentário no meu mural no Facebook dizendo que não chorei ontem, nem vesti preto hoje e com Jobs nunca tomei uma cerveja... Não poderia lamentar ou chorar por alguém que, apesar de seus grandes inventos, nunca me senti próximo. Citei Walt Disney e o legado que deixou. Resumi o comentário dizendo que os homens vão, mas seus inventos ficam. Algumas pessoas até curtiram.

Santos Dumont, grande inventor brasileiro — supostamente — deu à humanidade uma das melhores contribuições, o invento do avião. Digo supostamente, porque há controvérsias, pois o restante da humanidade dá o invento aos irmãos Wright. Para nós brasileiros é motivo de orgulho e continuará sendo.

A invenção do avião pôs as pessoas mais próximas, deu agilidade ao universo na sua transformação. É fato que, também trouxe discórdias, sendo utilizado para o mal. Como lembrou um colega de colégio, quando apresentava numa feira de ciências, seu conhecimento sobre Santos Dumont. Disse ele: Santos Dumont se suicidou porque viu um avião, dentro de uma guerra, atacando outro no ar. Não sei se é verdade, ou foi uma forma romantizada para justificar seu fim.

Mesmo as pessoas de grandioso valor, partirão um dia; porém deixarão para as gerações futuras os seus jardins floridos. Caberá a quem ficar cuidar para que fiquem mais floridos. O grande inventor do mundo será aquele que inventar o fim da morte. Enquanto ele não aparece, iremos morrendo, como Jobs.

A humanidade teve grandes homens que contribuíram com suas palavras, seus ensinamentos, gestos e suas posturas diante do mundo. Pelo alarido que tomou conta das redes sociais, Steve Jobs era um desses. Ele não fez campanha pela paz universal, nem andou sobre as águas; sua empresa é, e continuará sendo, capitalista. Ele inventou um brinquedo eletrônico, que muitos não vivem sem agora. Ele inventou algo que o homem do futuro irá aperfeiçoar e melhorar, com certeza. Por que a tecnologia cativa e aproxima as pessoas, mas não as fazem se amarem ainda.

iEnd.

© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / fevereiro de 2012.