BEM-VINDOS À CRÔNICAS, ETC.


Amor é privilégio de maduros / estendidos na mais estreita cama, / que se torna a mais / larga e mais relvosa, / roçando, em cada poro, o céu do corpo. / É isto, amor: o ganho não previsto, / o prêmio subterrâneo e coruscante, / leitura de relâmpago cifrado, /que, decifrado, nada mais existe / valendo a pena e o preço do terrestre, / salvo o minuto de ouro no relógio / minúsculo, vibrando no crepúsculo. / Amor é o que se aprende no limite, / depois de se arquivar toda a ciência / herdada, ouvida. / Amor começa tarde. (O Amor e seu tempoCarlos Drummond de Andrade)

sábado, 1 de maio de 2010

Como encontrar um bom restaurante

Este texto foi escrito há um tempo, mas ainda continua atual, pois o problema ainda persiste e parece não perceptível para muitos.
Como encontrar um bom restaurante

Há tempos ouvimos queixas das poucas opções noturnas em São José dos Campos. Mas chegar a ponto de termos maus tratos de donos de estabelecimentos a clientes, aí já passou da conta.
Outro dia li um e-mail, onde o remetente testemunhou a ameaça do dono de um restaurante em São José a um cliente. De arma em punho, valente, o próprio partiu para cima do cliente, segundo o e-mail. Por motivo torpe, verdade ou não, - não recebi a resposta até agora com a versão do estabelecimento -, isso é muito sério, até como um caso de delegacia. Mais recente, vi matéria televisiva em que uma cliente ao reclamar sobre a presença de um bicho na sua salada, foi quase enxotada do estabelecimento pelo gerente do restaurante. Nota-se que nesses dois casos, os maus tratos não partiram de funcionários e sim dos proprietários ou representantes desses.
E-mails, Procon, BO´s, pode ser que se resolva em longo prazo, ou pelo menos nos faz sentir melhor com o ressarcimento dos nossos prejuízos morais e, diga-se de passagem, o assédio moral é pior que ser lesado por uma conta errada. Em suma, o que podemos extrair disso tudo é que, nossos estabelecimentos comerciais vão de mal a pior no tratamento ao público, do qual eles dependem para existir.
Muitos se prezam em dar receitas da qualidade. Escolhem ambientes lindos, climatizados, bem decorados, menus variados, cartas de vinhos, e com garçons bem trajados e perfumados, mas param por aí. É premissa que donos desses estabelecimentos tenham a sagacidade de reconhecer e conhecer muito de perto seu cliente. Saber, de fato, o quê o faz sentar-se a sua mesa. Na minha parca análise, penso que o atendimento em si é o verdadeiro cartão de visitas. E aqui faço uma ressalva, o atendimento na medida: nem para mais, nem para menos. Digo isso, porque deixei de frequentar um restaurante na cidade pelo excesso cometido por um garçom/metri que, de tanto dar sugestões e apontar seus predicados, interrompia o assunto da mesa a todo o momento. Encheu a paciência. Antes de tudo há que serem treinados, sutis, generosos, simpáticos e agradáveis. Falar mesmo, o necessário.
Atender bem não deveria ser diferencial para reconhecer este ou aquele estabelecimento, pois isso é mister e, pagando bem que mal tem?
Outra tônica desta questão, é que em São José é difícil encontrar um restaurante para jantar depois das 24h. Quando saímos do cinema, ou de uma peça de teatro, parece que a fome nos acompanha. O penoso trabalho é encontrar um restaurante depois desse horário. Quando encontramos alguma porta aberta, vem sempre aquela informação como um sorrisinho amarelo: “já fechamos nossa cozinha...”. Em outros casos, as cadeiras vão sendo colocadas sobre as mesas com as portas já semicerradas. Apelamos então para o carrinho de cachorro quente, um caldinho ou vamos dormir com aquele macarrão instantâneo no estômago.
Como encontrar um bom restaurante? A tarefa é árdua com tantos queixumes e a falta de bom trato com o público de maior interesse: o cliente bom gourmet.
Como todos nós já sabemos, a noite é uma criança. O problema é que, a noite que tem nos feito pensar muito em sair de casa para jantar, nos parece mais um velhaco: cansado, ranzinza e mal educado.

© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / maio de 2010.

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