Anttonio Oliveira, arquiteto, urbanista e um aprendiz das palavras. Contatos: Email: anttonioarq@yahoo.com.br Twitter: @Anttonioarq Instagram: anttonioarq
BEM-VINDOS À CRÔNICAS, ETC.
Amor é privilégio de maduros / estendidos na mais estreita cama, / que se torna a mais / larga e mais relvosa, / roçando, em cada poro, o céu do corpo. / É isto, amor: o ganho não previsto, / o prêmio subterrâneo e coruscante, / leitura de relâmpago cifrado, /que, decifrado, nada mais existe / valendo a pena e o preço do terrestre, / salvo o minuto de ouro no relógio / minúsculo, vibrando no crepúsculo. / Amor é o que se aprende no limite, / depois de se arquivar toda a ciência / herdada, ouvida. / Amor começa tarde. (O Amor e seu tempo – Carlos Drummond de Andrade)
domingo, 2 de maio de 2010
Alice e o espelho
Fui ver Alice no País das Maravilhas do Tim Burton. Maravilha mesmo é o 3D do filme. Fantástico! Aí eu penso: como o cinema evoluiu com tanta tecnologia. Sempre fui vidrado por esta história. Alice era um livro da minha infância, depois veio o desenho de Walt Disney e isso ficou muito bem registrado na minha cabeça. Quando tinha 20 anos, escrevi um poema cujo título faz alusão à Alice e seu companheiro, o espelho. Na verdade, o espelho é seu eu, seu interior (alma) com quem ela fala e desabafa.
Alice e o Espelho
Alice dormiu
E o espelho se abriu
Esparramou no lençol
Uma doce lembrança
Um sonho de moça
E uma tempestade
Caiu lá fora
Então, ela se enfeitou
E penetrou no espelho
Um país em chamas
Um estranho mundo
Navios sem rumo
Um quadro negro
Nenhum amigo
Nem lua cheia
E ela sentiu
Alice saiu
E o espelho a seguiu
Na mobília do hall
A tola lembrança
O embriagado
Seu namorado
Que foi embora
Em vão, deixou o cobertor
E escreveu no espelho
Com um pouco de rouge
Seu nome e o dele
Depois um grito
Algumas lágrimas
E uma estrela
No céu, sozinha
Ela se viu
Alice sorriu
E espelho partiu
Em pedaços se fez
Num passado longínquo
A flor que fizera
De uma primavera
Brotou na aurora
Pois sim, ela se penteou
E falou ao espelho:
- não há no mundo
alguém mais linda.
E sua estrela
Que andava alhures
Voou de volta
Pra sua janela
E ela se abriu.
© Antônio / 1984
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