Meu filósofo favorito diria "fuja dos chatos, daqueles que vivem buscando a felicidade". Eles são melancólicos, tristes e podem pisar (sem querer) em você. Toda busca vociferada e alarmada é uma mentira delirante (todos nós somos bons em mentira); uma ladainha de desculpas para a vida e de não vivê-la; de verdade, ele nunca tem vida; tem só intenção e ânsia.
Engana-se vivendo, ou dizendo que vive sua busca incessante, que nunca chegará; a verdade única é que toda ela [vida] por ele passará, e sem piedade. Justificará tudo, pela ausência daquilo que acredita não ter; mas como um merecimento de prêmio, um diploma de graduação que receberá no final. Não existe vida no pressuposto, no imaginário, no futuro, no condicional e no final. Ou essa coisa tola de pensar positivamente e ficar na estação esperando, esperando... "Só vou ser feliz o dia que..." é um trem que não chega e dá preguiça de esperar.
Só digo uma coisa, não peça nada na forma mais infantil como se deseja um brinquedo novo; de querer as coisas que pode tocar com as mãos; não procure nada que seja coisa. Você terá pouco tempo para maravilhar-se e brincar com ela. Todo brinquedo depois de explorado perde o prazer e o sentido em si (já disse meu irmão). Depois é abandonado na caixa. A confusão se estabelece quando se confunde tudo com prazer e gozo.
Quem corre atrás do outro, procurando o que já tem em si, viverá sempre uma jornada agonizante e em vão. Àquele que, na sua solitária vida, reclama da ausência daquilo que já possuí de graça, seria melhor se provocasse suas revoluções internas, e começar a promover a justiça ao seu redor. Tudo que vivemos é tão próximo e por que queremos o longe?
Toda vida em si é melancólica, triste, labutada, difícil e também feliz; tudo nela é transitório e se desmancha no ar. Não existe a noite do amor eterno, porque sempre haverá um amanhecer para findar. É sempre um começar de novo; voltar algumas casas e reiniciar o jogo da vida.
Quem diz "só vou ser feliz o dia que...", a garantia que esse dia nunca chegue é imensa. Penso, por fim, que deveria ser abolida tal verbete dos dicionários de sinônimos e dos livros de auto-ajuda. Quem sabe, então, teríamos mais momentos e instantes altivos de vida vivida; veríamos mais noite de estrelas no céu e com os dias mais radiantes.
Tudo sem compreensão do nada, simplesmente porque não cabe explicação.
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