Todo petista, que passou dos 50 anos de
idade, é como aquele cara que, na sua infância, seus pais sustentaram a
tese que papai Noel existia. Era o bom velhinho quem lhe trazia
presente. E, assim, todo Natal seu pai colocava o presente debaixo da árvore,
quando ele não estava, e depois dizia: "olha o que papai Noel trouxe!".
Veio a adolescência e seus pais não tiveram a coragem de
contar-lhe a verdade: papai Noel era um conto de Natal, uma utopia. Chegou a
maioridade e vieram as primeiras revelações e a verdade por meio de outras
pessoas, de que o bom velhinho era uma fantasia, uma mentirinha que todos os pais contam para os filhos. Ele teimava, e não aceitava, continuando acreditar: "papai Noel existe, sim!, eu acredito, e meus pais jamais iriam mentir pra
mim".
Hoje, com 50 anos, mesmo sabendo que seus filhos já
nasceram descrentes desse conto — consultam o Google —, todos os anos, no Natal, ele finge não
ver sua mulher colocar seu presente debaixo da árvore. Com medo de que
seus sonhos sejam sufocados pela dura realidade, ele rejeita qualquer argumento que desnude sua crença
pueril. Ele continua fiel à história da sua velha infância. Pressente que o medo da
dor da verdade possa ser maior, e pode lhe ferir mais do que a própria verdade pujante e aceita. O medo da dor da verdade só revela, mesmo, a sua própria covardia.
PAPAI NOEL É SUA MULHER, CARALHO!
QUANDO É QUE VOCÊ VAI ACEITAR ISSO?!
QUANDO É QUE VOCÊ VAI ACEITAR ISSO?!
© Antônio de
Oliveira / cronista, arquiteto e urbanista / Abril de 2015.
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