BEM-VINDOS À CRÔNICAS, ETC.


Amor é privilégio de maduros / estendidos na mais estreita cama, / que se torna a mais / larga e mais relvosa, / roçando, em cada poro, o céu do corpo. / É isto, amor: o ganho não previsto, / o prêmio subterrâneo e coruscante, / leitura de relâmpago cifrado, /que, decifrado, nada mais existe / valendo a pena e o preço do terrestre, / salvo o minuto de ouro no relógio / minúsculo, vibrando no crepúsculo. / Amor é o que se aprende no limite, / depois de se arquivar toda a ciência / herdada, ouvida. / Amor começa tarde. (O Amor e seu tempoCarlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 8 de março de 2024

Por que sou contra o dia das mulheres

Primeiro que todo ESQUERDISTA adora comemorar esse dia. Na verdade, eles adoram tudo que segrega, que separa e dissolve o tecido social; numa forma de jogar uns contra os outros. Dividir para conquistar. Suas mulheres lembradas nesse dia são sempre as mesmas: Frida Kahlo, Simone de Beauvoir, Dilma, Betty Friedan, etc. Esquecendo-se, porque não cabe na narrativa, da figura feminina mais importante do século XX, que foi Margareth Thatcher. Só isso já é um bom motivo para ser contra.

Mulheres tiveram, sim, muitas lutas e conquistas por direitos civis ao longo da história. As sufragistas inglesas (inicio do século XX) é um exemplo, e seguiram outras. Tempos difíceis com lutas e mortes. Hoje, pode-se dizer que as lutas já não existem, e o que existe é um mimimi feminista.

Você pode dizer que há machismo na sociedade e bla bla bla. O fato é que a sociedade ocidental se construiu assim: por séculos, aos homens foi dado: o poder, a política, a organização da sociedade e a guarda familiar; às mulheres: a obediência, o zelo do lar, os cuidados e a educação de filhos.

Isso é milenar, histórico, como também será histórico esse novo tempo, onde as mulheres, conduzidas por um sistema, estão no mercado de trabalho que antes eram só do staff masculino. E isso não se deve a nenhum movimento FEMINISTA, mas à capacidade individual de cada uma; se deve ao espaço cedido por um homem.

Mulheres à frente de negócios, na liderança existem pelo seu dinamismo, seus méritos e conquistas individuais. E essas mulheres (estão na liderança de qualquer coisa), não atribuem a ninguém ou algum organismo social suas conquistas. Elas alcançaram o topo por sua capacidade e talento. Simplesmente elas são o que são e sem ódio ao sexo oposto. E muitas delas, no fundo, queriam estar em casa.

Em suma, homens e mulheres dividem suas tarefas diárias, há milênios. Não precisa lembrar que, desde antes da arca de Noé, já havia essa divisão cunhada pelo Criador. As mulheres são melhores em algumas tarefas e homens são melhores em outras. Isso é biológico e da gene humana. É da criação.

O DIA DA MULHER, por assim dizer, é o dia em que ela conquista, na sua luta individual, algo porque estudou, se esforçou, sobressaiu e liderou. O dia da mulher é o dia também daquela que escolheu ser só mulher, na sua essência: zelar pelo lar, cuidar do marido e educar os filhos. O dia da mulher é o dia de Margareth Thatcher, que cozinhava, passava, enquanto dava ordens mandando bombas sobre os argentinos nas Malvinas. Não obstante, o dia das mulheres é qualquer dia do ano ou todos os dias do ano. Para que um dia só?

© Antônio de Oliveira / arquiteto, urbanista e cronista / março de 2018

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Os donos do mundo e o show de Truman


Às vezes tenho a sensação que vivemos num engano coletivo, que a grande maioria está numa vida fantasiada e poucos vivendo na realidade. Questiono-me: será a vida uma grande ilusão e só alguns sabem da realidade do dia a dia? E esses, prisioneiros de uma rede de mentiras sem fim, para si e para os outros? Como no "Show de Truman" ou num Big Brother de multidões: malhando o corpo, discutindo tolices, para no final despedir-se da vida, com o riso falso de "foi bom estar aqui". (Há falsidade até para morrer.)

E sem mais tempo, no final, descobrirá que a vida foi tudo aquilo que escondeu de si. Que o céu azul não era de papel com nuvens de algodão, e o sol uma luz de feixe âmbar se movendo por controle remoto de uma sala. E todos os despertados, que tentaram lhe contar a verdade, foram eliminados  por você, impulsionados pelos donos desse jogo. Você morrerá inocente, sem conhecer um naco da vida real e vivida.

Mas, diferente de Truman, a vida é um show de um mundo verídico e na temperança; sem meias verdades, Faustão e a alienação do riso sem graça, da cara do Duvivier. Enquanto todos me ignoram, eu vejo o mundo que dão às costas (em não querer se defrontar no espelho). Porque é mais fácil virar-se, mudar de canal, de assunto, do que encarar as noites e os dias de sofreguidão: do fogo que arde, da fome que assombra, da ferida que se abre, da liberdade que se rouba, da lágrima que cai sentida...

Esses (outros Truman) se veem num cenário de ilusões e de vida na superfície do mundo, rasa e, cenograficamente, assistida por seus milhares de espectadores ocos e sem rumo. Alimentando quimeras temperadas por esperanças vãs que lhe jogam. Pobre gente e os donos do seu mundo. 

© Antônio de Oliveira / arquiteto, urbanista e cronista / Março de 2017