O mundo está de TPM. Ou, como cantava aquele transeunte na rua “O mundo está ao contrário e ninguém reparou". A TPM — da miséria nacional — tomou conta do nosso cotidiano. Meninas fiquem felizes, o que antes era uma chatice somente do staff feminino, agora virou aborrecimento geral. Bem, como homens não menstruam, sobrou-lhe o pior: a irritação com tudo que lhe afeta no metro quadrado a sua volta. O que antes era um evento feminino, agora virou epidemia nacional! Fulano matou cicrano porque era gay, exemplo de TPM. Vamos absolver o indivíduo, ele é filho de deputado — outro exemplo. Estamos diante de um fenômeno que, pela intolerância, cometem-se crimes: açoitam, violentam e matam. Nada de preconceito, ou marcha disso e daquilo, somente as leis já bastariam.
Como remédio, instituíram a pregação do “seja politicamente correto”; censurando e repudiando os incorretos. No campo do livre arbítrio — onde estabelecem os regimes democráticos —, não se pode dizer e escrever mais nada sobre nada. Alguém ou algum grupelho, com TPM compulsiva, irá gritar: você ofendeu a mim e minha classe, por isso vou te processar! Acabou o humor! Acabou a livre opinião, o livre pensar... Tudo virou homofóbico e preconceituoso. Não podemos opinar sobre o que se passa em nossa cabeça. Nem para dizer nossas verdades sobre as unanimidades nacionais (todas elas são burras, diria Nelson Rodrigues). Claro, você só poderá opinar, sim, se for para ridicularizar (até ofender) aquele que está a sua direita; já o que estiver à esquerda, aí é preconceito.
O artigo quinto da Constituição Brasileira — muitas vezes esquecido — diz: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Poderíamos parar por aí e cortar o mal pela raiz, baixando as leis contra os crimes de qualquer natureza. Mas não! Eles incitam a manifestar em favor desses grupos, agora organizados — alegando ser do “bem” — em favor do ladismo político que os servem. Pegar na mão daquele grupo, para dizer aos microfones: "esse pobre foi ofendido por um humorista que fez anedotas preconceituosas!" Por outro lado, o chargista que se transforma em mulher para protestar, a favor desse mesmo grupo, é louvado e levado para frente das câmeras de TV. Cabe dizer, um oportunista de marca maior. O mundo está ao contrário e ninguém reparou mesmo.
Em suma, querem mesmo é fatiar a sociedade por seus credos, cor de pele e opção sexual. Disseminando mais o ódio. Não bastavam as leis? Assim, cada qual irá sobressair individualmente a sua maneira e ganhar um pouco de holofote nos meios de comunicação; depois será usado politicamente por este ou aquele vigilante político. Assim também, ninguém irá se unir — numa causa única —, também em praça pública, para extirpar aquele político corrupto, que diz estar ao seu lado. Quando menos organizado a sociedade; melhor para seus fins. O restante, aquilo que se chama povo, este não diz nada, foi privatizado e permanecerá calado planejando seu próximo final de semana onde poderá ser feliz na praia.
Saibam estes grupelhos — como gados no curral — que, nenhum desses que dizem defendê-los, fariam se não houvesse, como objetivo de seus interesses, a política. Ninguém quer uma sociedade justa e igualitária, senão, não rasgariam a Constituição do país. Do outro lado, aquele que se posiciona como vítima, ficará bem quisto perante uma parcela da opinião pública, vendendo uma imagem do bonzinho excluído; ou alguém irá defender uma pessoa única por ter sido molestada por preconceito de ser heterossexual? O chique é se posicionar ao lado de quem faz bem o papel de vítima social. Tolos!
Você idolatra alguém? Se for sim sua resposta, você já tem a minha repulsa. Detesto a forma como algumas pessoas se dirigem a alguém que, por sua obra, admiram. Não visto camiseta estampada com alguns desses que julgam estar acima de qualquer pecado; os sacralizados, como já disse o músico Lobão. A única camisa que visto, às vezes, é do meu time de coração e outra dos Beatles. Agora, não uso para fazer apologia das minhas preferências. Mas, o idólatra, julga seus escolhidos acima mesmo do pecado. Tudo que fazem ou já fizeram essas “divindades” é o que mundo precisa, é o melhor que podemos seguir. Cito, por exemplo, Che Guevara. Na minha adolescência fui conduzindo, como quase toda minha geração, a seguir os passos desse facínora que, parte do mundo resolveu colocá-lo no altar, ao lado de muitos santos cristãos — estes de verdade. Uma grande tolice, que as pessoas vão pregando por aí e adotando como referência universal. Não sigo ninguém. Admiro as pessoas comuns, aquelas que pecam, mas sempre tentam acertar seu torto caminho e são anônimas.
O que reina no mundo? Os interesses pessoais, financeiros e políticos. Como se diz, “não existe almoço e jantar de graça”. Você pagará ou já pagou por este almoço. Não sonhe caro leitor! Ninguém irá dizer: estou lhe fazendo este bem por que gosto da sua amizade, do seu bairro, da sua gente; ou simplesmente para retribuir algo que você fez de bem ao seu próximo. Há sempre um interesse maior e político por qualquer relação que se estabeleça nessa esteira. Alguém irá lembrar: antes já não era assim? Era, mas não tão escancarado. Hoje acabou a hipocrisia. Estamos chegando ao fim das relações por amor e paixão e fazendo somente negócios e contratos. Enquanto isso, a ladroagem, a gatunagem virou algo corriqueiro que, não enxergamos mais crimes onde só existem crimes.
No texto “Criar e Educar”, toquei de leve no tema, mas o mal social está na intolerância. Estamos cada vez mais intolerantes uns com os outros e com quem deveríamos reivindicar, omitimos. As nossas relações interpessoais estão por se esfacelar. Está claro como não há tolerância, cada vez mais nos encurralamos num mundo solitário, como um fone no ouvido. E quando querem nos ensinar como agir contra o mal, ao contrário, somos induzidos a não tolerar mais ainda as pessoas, por suas opções religiosas, sexuais e políticas. Que tal pregar o amor ao próximo?
Como caminhamos, no futuro, a sociedade e a família estarão cada vez mais minguadas — seres isolados. Não por que teremos menos dinheiro para criar filhos e formar famílias, mas para que esses filhos nãos caiam nas mãos de governantes que, pensa que possam criá-los por nós. Querem dizer como devo me dirigir ao ser humano que tropeço na rua, ou que sejamos politicamente corretos, ao se dirigir a quem quer que seja. Sejamos só respeitosos uns com os outros — ponto final.
Contra qualquer intolerância, prego a tolerância zero! É insuportável esta miscigenação; o sangue que corre na veia tem a mesma cor em qualquer ser humano. Tratar com acinte um grupo organizado, ou agredir um único indivíduo comum tem o mesmo teor da intolerância a ser extirpada. Mas, longe com a censura em meu pensamento.
© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / julho de 2011.
O preconceito vem de todos os lados. A loura é burra, a D. Maria tem que ficar na pia, o pastor é ladrão, o padre é pedófilo, o cara que não se interessa pela mulher é gay, (lésbica o contrário), existe preconceito contra o preto, pobre, mulher, homosexual,heterosexual (agora) , regional: nordeste x sudeste, rio x sp, preconceito religioso ... Puxa!
ResponderExcluirExistimos, logo criamos pre-conceitos. Isto é crime?Iremos todos para a cadeia ao expor o que pensamos? Mesmo que seja um pre-conceito? Ou só o grupo contrário ao que eu penso deve ser punido, criminalizado, preso? Então como pode-se fazer marcha em favor das drogas, e isto que é crime, não ser criminalizado? Qual a definição de crime?
E quem define isto? E qual é o critério?
Iremos criar um estado totalitário, controlador, que censura até se olharmos para o lado, se respiramos o ar quer agora supostamente pertence a outro alguém? Esta é a evolução?
Para proteger a quem?
Ao olharmos mais a fundo, o que se está criando, nutrindo, construindo são mais barreiras.
Que tal caminharmos com nossas diferenças e aprender a conviver com elas ao invés de querer uniformizar a sociedade? A defesa da tolerância se tornou intolerante, desprovida de bom senso pois se tornou a defesa apenas do meu próprio existir, a defesa da destruição do contrário a mim. Coloca o mundo de fora. A quem isto interessa?
A quem isto beneficia?
Há que se tomar cuidado ao defendermos uma causa justa para não transformá-la, no contrário. Ao defender a tolerância, cria-se a intolerância; ao preconizar o respeito, desrespeita-se; ao querer a igualdade, aprofunda-se a desigualdade; ao defender-se a liberdade, cria-se prisões, guetos. É matar os contrários para defender a vida.
O pensamento não é livre? Não devemos questionar, refletir, debater, para que sejamos transformados, amadurecidos, evoluídos? Não foi assim que a humanidade se desenvolveu?
Matar alguém é crime, seja ele preto, branco, gay, homem, mulher, paulista, carioca, sulista, nordestino, estrangeiro ... não é assim que a lei diz?
A ação nociva é crime.
Mas ao colocar algemas em nossas mãos pelo pensar, estamos nos tornando seres vazios de vontade e aprisionando a nossa mente.
Levá-la cativa ao qual senhor? Qual humanidade será construída a partir daí?
Ensine valores, respeito, tolerância, amor, verdade a todos e para com todos. Esta sim é uma causa que faz sentido e inclui a todos.
Querida Thania,
ResponderExcluirShowdibola teu comentário, em consoante com tudo que disse acima. Poderia nascer uma outra crônica. Como disse via FB, o único kit que deveriam impor nas escolas é o KIT ANTI-POLITICO.