Domingo, 18 de março de 2018. Parece estranho começar
esse texto pela data. Mas não é. Há um propósito. Há uma semana, ninguém neste
país conhecia ou sabia quem era Marielle, a vereadora da extrema-esquerda do
Rio, que morreu numa emboscada na noite da última quarta-feira.
O site O Antagonista tratou de desconstruir parte do enredo montado que, em 24 horas, já havia transpassado as fronteiras do país e chegado à Europa: "mataram uma mulher do povo". A vereadora foi eleita em 2016 com os votos da maioria da classe média carioca. Os votos que ela teve dentro das favelas, onde recarregava seu discurso, foi ínfimo. Como disse o jornalista Flavio Morgenstern, em seu Twitter: "a Marielle foi eleita com votos quase que EXCLUSIVAMENTE de bairros ricos. Sabe em quem a favela vota? Nessa tal 'bancada evangélica' que vocês chamam de 'fascista'. Se só favelado votar no Rio, PSOL deixa de existir e só vai ter bala e Bíblia".
Durante esses dias, vi algumas pessoas desatentas compartilhando as narrativas construidas junto com hashtags — por que não chamam cerquilha? —, que se espalharam como rastilho de pólvora pela internet. Parecia que o país havia encontrado sua heroína, sua mártir, sua mulher maravilha. A verdade — e aí é onde mora o perigo —: a mídia mainstream tendo um fato novo e forte faz o que quer com a notícia. Muitos saíram repassando a história construida por eles e pelo partido, abusando do Ctrl "C" Ctrl "V", sem nenhum filtro de raciocínio. O PSOL não poderia deixar passar, se aproveitou do fermento do fato e fez discurso sobre seu caixão. E ali, num choro forçado, cantaram até o hino da internacional socialista. Não respeitando ninguém, nem mesmo a memória do motorista, que também morreu naquela noite. Eles vão sempre fazer política com tudo. Até na morte.
Mas como ia dizendo, o domínio da notícia é um perigo grande quando há má intenção, seja para manchar uma reputação ou até transformar assassinos em heróis. Eles precisam só ter um fato a favor. A morte por assassinato, de uma pessoa que desafiava a polícia, num cenário de intervenção na cidade, é um prato cheio. Quem pararia um minuto para raciocinar diante de um Jornal Nacional lamurioso? Ninguém consegue. O cidadão comum se comove e compra a ideia: mataram uma mulher do povo. (Aqui não estou fazendo juízo sobre a pessoa, até porque passei a saber quem era agora. Era uma desconhecida).
Aí eu faço um alinhamento dessa morte com a morte do terrorista Marighella, ocorrido numa noite de novembro de 1969. A notícia chegou no alto-falante do estádio do Pacaembu no meio de uma partida de futebol: A polícia de São Paulo acaba de matar o terrorista Marighella. No dia seguinte os jornais seguiram a mesma linha: mataram o terrorista. Naqueles idos, a esquerda não tinha ainda o domínio da mídia e teve que engolir as capas de revistas, as manchetes de jornais. Como a capa reproduzida pela Revista Veja.
Ao longo dos anos, quando a esquerda passou a dominar o noticiário e todo ambiente cultural do país, a ideia de um Marighella guerrilheiro e libertador foi sendo temperada e introduzida aos poucos e substituindo a de terrorista. Chegamos ao ano de 2018, e um filme está sendo rodado para contar a história de Marighella, sob a ótica da esquerda, claro. O filme, depois de um período nas salas de cinema, irá para TV, depois para as salas dos DCE´s. Nada mais manipulador, nada mais falso para contar, distorcendo os fatos, do que a trajetória de um assassino, que deixou escrito um manual de guerrilha urbana. Matar é um fato corriqueiro, seja um inimigo ou aquele traidor do movimento.
Claro que Marielle e Marighella só tem em comum os nomes de dupla caipira e a mesma foice e martelo tatuados na alma. Biografias e trajetórias totalmente diferentes. Mas o que seria, em 1969, se o governo deixasse passar a ideia de Marighella herói? Hoje, muitos de nós estaríamos aqui venerando e acendendo velas na sua sepultura. Stálin, Hitle, et caterva, e todos os que se inspiraram neles depois sabiam da importância do domínio da comunicação; se consegue tudo e se chega a qualquer lugar com uma notícia recheada. Reescrever a história sob um único ponto de vista e passar como verdade somente aquilo que interessa à narrativa.
Não se espantem se daqui alguns anos (ou meses) anunciarem um filme com a história de Marielle.
Quando a esquerda constrói uma narrativa que se espalha; e quando essa narrativa vai aos poucos se desfazendo com os fatos — eles já começam a brotar. Ao invés de reconhecerem a mentira e mudarem o discurso, eles preferem desqualificar os fatos. Eles nunca mudarão. Quem tem que mudar somos nós, não deixando-se levar pelo que diz as bocas sujas e as hashtags que tentam elevar ao Trending Topics.
Cuidado com a #MariellePresente.
(A foto das capas da Veja, acima, lado a lado, é só para forçar um raciocínio)
Claro que Marielle e Marighella só tem em comum os nomes de dupla caipira e a mesma foice e martelo tatuados na alma. Biografias e trajetórias totalmente diferentes. Mas o que seria, em 1969, se o governo deixasse passar a ideia de Marighella herói? Hoje, muitos de nós estaríamos aqui venerando e acendendo velas na sua sepultura. Stálin, Hitle, et caterva, e todos os que se inspiraram neles depois sabiam da importância do domínio da comunicação; se consegue tudo e se chega a qualquer lugar com uma notícia recheada. Reescrever a história sob um único ponto de vista e passar como verdade somente aquilo que interessa à narrativa.
Não se espantem se daqui alguns anos (ou meses) anunciarem um filme com a história de Marielle.
Quando a esquerda constrói uma narrativa que se espalha; e quando essa narrativa vai aos poucos se desfazendo com os fatos — eles já começam a brotar. Ao invés de reconhecerem a mentira e mudarem o discurso, eles preferem desqualificar os fatos. Eles nunca mudarão. Quem tem que mudar somos nós, não deixando-se levar pelo que diz as bocas sujas e as hashtags que tentam elevar ao Trending Topics.
Cuidado com a #MariellePresente.
(A foto das capas da Veja, acima, lado a lado, é só para forçar um raciocínio)
© Antônio de Oliveira / arquiteto, urbanista e
cronista / março de 2018
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