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segunda-feira, 26 de março de 2018

Quando chama o coração

Eu tenho andando esses dias, digamos assim, mais emotivo. Então, aproveitei para vir aqui no meu refúgio e recostar no meu divã. Por vezes já caí numa cama com o coração nas mãos — meus 20 anos —, como se estivesse doente fisicamente, mas é alma, só alma. Apartei-me dos noticiários do cotidiano, da política, das discussões, da chateação e o que se revelou foi um peito entornando. Amor por alguém? Não, amor que não se põe em colo nenhum, mas que se sente no ar.

(Não tenho certeza, porque não lembro, se foi Nelson Rodrigues quem disse que o único amor puro é aquele que brota na nossa infância. Deve ter sido ele, vou pesquisar...)

Tenho passado uns tempos de muitas discussões e debates nas redes sociais. E por essas eu andei exaurido, fadigado, intolerante, gritando e xingando virtualmente. Fico atônito e inconformado, como muitos, porque queria que as coisas andassem de forma ligeira. Que a justiça viesse a galope, dragando e arrastando tudo e todos para dentro de um calabouço, onde só cabem os marginais do poder. Mas nem tudo depende de meu esforço, ou do meu pensamento positivo — eu penso, logo acontece. Há que se ter resiliência para aceitar e aguardar o tempo onde tudo acontecerá.

Nessa encruzilhada, redirecionei meus pensamentos para outros assuntos e acabei captando paisagens perdidas na janela da minha vida: — Olha aquele amor que pouco se comenta, está passando ali, virando uma esquina... Ele ainda habita no mundo, nos becos, nas casinhas dos arredores, nas montanhas; e, como terra molhada, tem cheiro de chuva. Há pessoas se amando nas nuvens,  nas madrugadas, em lençóis, fronhas, e ouvindo canções de amor. Há pessoas se olhando nos olhos, dizendo "sim" e colocando aliança nos dedos, sem receio do futuro. Ainda há.

(O outono se anuncia e toda vez que ele chega, vem um vento forte dos bons sentimentos; mais frio nas manhãs e mais calor no coração. E tudo fica mais à flor da pele. Os sentimentos brotam como folhas secas no cimento duro da calçada.)

Toda vez que ouvimos falar de histórias de amor, vem à mente uma tragédia como uma sobremesa acre depois do jantar, como dedos e unhas são justapostos. — Porque ninguém pode ser tão feliz assim, e uma tragédia deve acontecer — responderá o leitor. Nunca é um amor com final feliz. Sempre os protagonistas terão um câncer ou uma morte que impeça aquilo (o amor) de ser velho, de gerar filhos, netos e bisnetos; que impeça o amor de ser eterno. Claro que há, na vida real. Em ocasiões raras, já deparei com histórias de casais octogenários quando um morre o outro vai logo em seguida. Os antigos diziam que fulano "morreu de paixão". Não é uma dramaturgia shakespeariana, mas historias de gente de verdade, que não vão para os livros.

E por lembrar Shakespeare, veja que Romeu e Julieta é uma história que se repete ainda nos nossos dias. Digo que ela se repete, porque aqueles que ainda insistem nesse tema (romancistas e roteiristas) seguem a linha do amor que acaba em tragédia, em atropelamento, em doença, em crime e vingança. O amor que mata por amor, que morre por amor, por parecer grande demais ao mundo e o mundo não saber lidar com ele. E todos ficam com aquele nó na garganta de que algo poderia ser diferente. Aí eu pergunto: não dá para ser feliz para sempre, e além da eternidade? Amor que acaba em tragédia não é amor.

Bem, vamos ao que interessa. Já faz um ano, estava procurando algo novo para assistir na TV, cliquei numa série que, só pela sinopse minhas pupilas dilataram: No início do século XX, uma professora linda, recém formada, de família aristocrata, abandona seu conforto para lecionar numa pequena vila na fronteira dos EUA com o Canadá. Como sou capturado por filmes de chapéus e vestidos longos, me peguei a ver, mas já com medo de ser uma dessas tragédias de desencontros, conflitos (com ganhos e perdas) e morte com faca atravessando um corpo na beira da estrada.  

When Calls The Heart é muito maior que isso. É uma história de amor; do amor que se dá e recebe de volta; do amor que é possível e para sempre. Do amor que não se confunde com paixão. Daquele que brota no coração à léguas de distância das suas almas; e seguindo seu rastro e aroma como se o coração chamasse: venha, estou aqui! E faz seu imaginário flutuar, de não ter nem forças para encostar a cabeça no travesseiro e dormir. Você sonha acordado: é disso que sinto falta, desse amor...

A série é baseada no livro homônimo (1983) da escritora canadense Janette Oke. Numa pesquisa rápida, Janette tem 83 anos, e ela se dedica a escrever romances falando sobre sua fé cristã, onde, em muitas vezes, as mulheres são protagonistas.

Depois desse parênteses técnico, sigamos. Elizabeth Thatcher, a bela protagonista, vai atrás do desconhecido. Ela vai em busca de sonhos, com coragem, vivacidade, independência, como num retiro espiritual da sua vida. Ao chegar, ela encontra uma Coal Valley chocada com o acidente na mina de carvão que vitimou mais de quarenta homens. Por consequência, muitas viúvas tendo que criar seus filhos, sozinhas. Desde então, ela começa a perceber que não iria encontrar vida fácil naquela cidadezinha. Mas havia algo maior que tudo no caminho: o amor.

A escola, onde iria lecionar, não existe mais. Ela terá que improvisar e ministrar suas aulas num saloon, que fica fechado durante o dia. As crianças daquela cidade parecem despertar nela um outro sentimento que ainda não tinha tido: a dor pela perda de alguém próximo. É hora de ser mais forte e ajudá-las a enfrentar esse momento. Ao mesmo tempo da sua chegada, o policial de montaria Jack Thornton também apeia na cidade como representante da lei. Jack é jovem, belo, viril, corajoso e justo. O primeiro olhar entre eles é trocado no primeiro episódio e nunca mais eles serão os mesmos. Eles se apaixonam à primeira vista.

O amor que brota, cresce e toma conta entre o policial Jack e sua amada professora Elizabeth é algo de sonho, de conto de fadas. Eles têm pureza na alma. O primeiro beijo vão episódios para acontecer. Eles se amam nos olhares, nos gestos de bravura  e reconhecimento; uma admiração sem muitas palavras. Num dos episódios, Elizabeth tenta editar suas memórias em um livro, e quando ela manda uma carta para a editora, recebe um "não" como resposta. Imediatamente, Jack, percebendo sua tristeza, a surpreende ao confeccionar um único livro para ela. Ele, além disso, ilustra seus textos com seus desenhos. A conquista do coração com gestos singelos. Ela se joga em seus braços quando ele lhe entrega o livro.

O episódio do Natal é também surpreendente e mágico.  (Sem dar muito spoiler, mas vou contar só esse.) Às vésperas do Natal, surge na cidade um velhinho com seu cachorro e numa carruagem cheia de bugigangas. Ele tem um slogan: "eu tenho exatamente aquilo que você precisa". Exibe simpatia e diz pertencer a lugar nenhum, mas vive no mundo... As crianças ao avistarem na sua carruagem, já o identificam: Santa! Mas algo inesperado acabou estragando o baile da polícia que Jack iria levar Elizabeth. O trem, onde trazia os presentes das crianças de Hope Valley (a cidade havia mudado de nome alguns capítulos anteriores), descarrila. Imediatamente, a cidade se junta para fabricar presentes com os objetos que as pessoas possuíam em casa. Nenhuma criança podia ficar sem.

Tudo deu certo. Depois da encenação do Natal e a distribuição dos presentes, Jack recebe do velhinho viajante uma caixinha de música, e lhe diz: — não precisa pagar... Ao mesmo tempo que Elizabeth chega em casa exaurida e vê na sua árvore de Natal um bilhete de Jack pedindo para comparecer ao saloon numa roupa informal. Ela põe o seu vestido de baile e vai até ao encontro com Jack. Quando chega, vê um ambiente todo iluminado à luz de vela, como se fosse um salão de baile. Jack aparece segurando aquela caixinha de música de repertório único, e eles dançam. Antes de partir da cidade, aquele velhinho arremessa uma bola de basebol para o alto, até ela explodir em fogos de artifício e fazer a neve cair na noite de Natal de Hope Valley. Ele era mesmo o papai Noel.

WCTH é puro amor, sem tragédia. Totalmente politicamente incorreta, não porque retrata um período que já parece longínquo da nossa história (o século XX), mas por não dar espaço a discussões como gênero, homossexualismo, feminismo e outros temas do maldito mundo de hoje. Ao contrário, a cada episódio o público leva consigo uma mensagem de compaixão, amizade, heroísmo, resgate, bravura, justiça, fé e amor. A série transmite valores conservadores que uma novela da Globo não mostraria, e sem ser piegas. Tudo se condensa e a faz você aspirar, como se segue um aroma de café fresco quando os olhos se abrem pela manhã.

Enquanto a quinta temporada ainda não chega ao Brasil — Go Netflix! —, os fãs americanos estão se emocionando, todos os domingos, com cada episódio dessa temporada. Tenho acompanhado alguma coisa via Twitter. O ápice foi no domingo (18/03) com o casamento de Jack e Elizabeth; aquele que a Hallmark Channel chamou de "o casamento da década", porque era tudo que o público esperava desde o primeiro episódio. Eles eram correspondentes em tudo e o casamento foi a premiação e a consequência desse amor. O casamento foi para selar o compromisso já assumido daquelas almas, desde o primeiro olhar. Gostaria de reproduzir toda a cena da celebração, mas deixo aqui resumido só um instante: na igrejinha de Hope Valley (Elizabeth ministrou muitas aulas à suas crianças), uma lágrima — única e pequena lágrima — escorre pelo canto de seus olhos, quando ela declara todo o seu amor, e termina com a voz murmurada: — I'm yours.

"They say There´s fireworks in empty Sky. They say. That your stomach fills up with butterflies. They say. You will know. Cause your heart takes flight. When you finally find THE ONE..."
A coisa foi levada tão a sério, que parecia ser vida real. A atriz Erin Krakow (Elizabeth) trocou o sobrenome de solteira de sua personagem para o de casada, na bio da sua conta de Twitter. Passou a se chamar "Elizabeth Thornton". Uma realidade fora do comum, enquanto a hashtag "Hearties", que marca os apaixonados pela série, chegou ao oitavo lugar naquela tarde/noite nos EUA. Os hearties estavam com os olhos cheios de lágrimas. Eu, sem assistir, também fiquei.

O Canal dos EUA Hallmark Channel (tem um histórico de ser um canal cristão com conteúdo para a família), produtor da série, anunciou na mesma semana que WCTH terá a sexta temporada. O sucesso do episódio do casamento teve uma repercussão tão grande, que eles apostaram numa última e derradeira temporada (última?). Isso só comprovou uma coisa: as pessoas, lá e em qualquer lugar do mundo, ainda quererem ver mesmo é história de amor, e com final feliz.

Nessa, meu imaginário já viajou ao término dessa linda história: Jack e Elizabeth irão envelhecer em Hope Valley. Lutarão por outras causas e amores; terão filhos e netos; e, por fim, uma eternidade para viverem. E o mundo ainda respira, porque existe amor. E ele está no ar.

(Lembrei-me da frase de Nelson Rodrigues: "Como sempre me apaixonei por minhas professoras, acho que as grandes paixões do homem surgem quando ele está entre os seis e dez anos, apenas". Então, eu posso dizer que tive a minha Elizabeth Thatcher.)

© Antônio de Oliveira / arquiteto, urbanista e cronista / março de 2018

domingo, 18 de março de 2018

Marighella da favela


Domingo, 18 de março de 2018. Parece estranho começar esse texto pela data. Mas não é. Há um propósito. Há uma semana, ninguém neste país conhecia ou sabia quem era Marielle, a vereadora da extrema-esquerda do Rio, que morreu numa emboscada na noite da última quarta-feira.

Em 3 dias, depois do anúncio da sua morte — ainda um mistério —, a mídia e o partido ainda tentam sustentar uma história de crime político. Ao despertar da manhã de quinta, as redes sociais já tinham essa formatação: mulher, negra, guerreira, da favela e crime político. A narrativa foi sendo apimentada a cada noticiário, com histórias de uma trajetória humanitária, de gente do povo, que denunciava os maus policiais. Assim, muitos compraram como verdade, uma história de uma pessoa que ninguém sabia quem era (exceto pessoas muito próximas) e passaram a defender, de forma seletiva, sua memória, como se fosse alguém da família.

O site O Antagonista tratou de desconstruir parte do enredo montado que, em 24 horas, já havia transpassado as fronteiras  do país e chegado à Europa: "mataram uma mulher do povo". A vereadora foi eleita em 2016 com os votos da maioria da classe média carioca. Os votos que ela teve dentro das favelas, onde recarregava seu discurso, foi ínfimo. Como disse o jornalista Flavio Morgenstern, em seu Twitter: "a Marielle foi eleita com votos quase que EXCLUSIVAMENTE de bairros ricos. Sabe em quem a favela vota? Nessa tal 'bancada evangélica' que vocês chamam de 'fascista'. Se só favelado votar no Rio, PSOL deixa de existir e só vai ter bala e Bíblia".

Durante esses dias, vi algumas pessoas desatentas compartilhando as narrativas construidas junto com hashtags — por que não chamam cerquilha? —, que se espalharam como rastilho de pólvora pela internet. Parecia que o país havia encontrado sua heroína, sua mártir, sua mulher maravilha. A verdade — e aí é onde mora o perigo —: a mídia mainstream tendo um fato novo e forte faz o que quer com a notícia. Muitos saíram repassando a história construida por eles e pelo partido, abusando do Ctrl "C" Ctrl "V", sem nenhum filtro de raciocínio. O PSOL não poderia deixar passar, se aproveitou do fermento do fato e fez discurso sobre seu caixão. E ali, num choro forçado, cantaram até o hino da internacional socialista. Não respeitando ninguém, nem mesmo a memória do motorista, que também morreu naquela noite. Eles vão sempre fazer política com tudo. Até na morte.

Mas como ia dizendo, o domínio da notícia é um perigo grande quando há má intenção, seja para manchar uma reputação ou até transformar assassinos em heróis. Eles precisam só ter um fato a favor. A morte por assassinato, de uma pessoa que desafiava a polícia, num cenário de intervenção na cidade, é um prato cheio. Quem pararia um minuto para raciocinar diante de um Jornal Nacional lamurioso? Ninguém consegue. O cidadão comum se comove e compra a ideia: mataram uma mulher do povo. (Aqui não estou fazendo juízo sobre a pessoa, até porque passei a saber quem era agora. Era uma desconhecida).

Aí eu faço um alinhamento dessa morte com a morte do terrorista Marighella, ocorrido numa noite de novembro de 1969. A notícia chegou no alto-falante do estádio do Pacaembu no meio de uma partida de futebol: A polícia de São Paulo acaba de matar o terrorista Marighella. No dia seguinte os jornais seguiram a mesma linha: mataram o terrorista. Naqueles idos, a esquerda não tinha ainda o domínio da mídia e teve que engolir as capas de revistas, as manchetes de jornais. Como a capa reproduzida pela Revista Veja. 

Ao longo dos anos, quando a esquerda passou a dominar o noticiário e todo ambiente cultural do país, a ideia de um Marighella guerrilheiro e libertador foi sendo temperada e introduzida aos poucos e substituindo a de terrorista. Chegamos ao ano de 2018, e um filme está sendo rodado para contar a história de Marighella, sob a ótica da esquerda, claro. O filme, depois de um período nas salas de cinema, irá para TV, depois para as salas dos DCE´s. Nada mais manipulador, nada mais falso para contar, distorcendo os fatos, do que a trajetória de um assassino, que deixou escrito um manual de guerrilha urbana. Matar é um fato corriqueiro, seja um inimigo ou aquele traidor do movimento.

Claro que Marielle e Marighella só tem em comum os nomes de dupla caipira e a mesma foice e martelo tatuados na alma. Biografias e trajetórias totalmente diferentes. Mas o que seria, em 1969, se o governo deixasse passar a ideia de Marighella herói? Hoje, muitos de nós estaríamos aqui venerando e acendendo velas na sua sepultura. Stálin, Hitle, et caterva, e todos os que  se inspiraram neles depois sabiam da importância do domínio da comunicação; se consegue tudo e se chega a qualquer lugar com uma notícia recheada. Reescrever a história sob um único ponto de vista e passar como verdade somente aquilo que interessa à narrativa.

Não se espantem se daqui alguns anos (ou meses) anunciarem um filme com a história de Marielle.

Quando a esquerda constrói uma narrativa que se espalha; e quando essa narrativa vai aos poucos se desfazendo com os fatos — eles já começam a brotar. Ao invés de reconhecerem a mentira e mudarem o discurso, eles preferem desqualificar os fatos. Eles nunca mudarão. Quem tem que mudar somos nós, não deixando-se levar pelo que diz as bocas sujas e as hashtags que tentam elevar ao Trending Topics.

Cuidado com a #MariellePresente.

(A foto das capas da Veja, acima, lado a lado, é só para forçar um raciocínio)

© Antônio de Oliveira / arquiteto, urbanista e cronista / março de 2018

quinta-feira, 8 de março de 2018

20 soluções para os problemas do século XXI

(Poderia começar esse texto com "seus problema acabaram", como dizia o Casseta & Planeta quando queriam lançar algum produto das Organizações Tabajara)

Brigas em estádio de futebol.
Solução: Proibir a venda de cerveja.

Brigas dentro e fora de estádio de futebol.
Solução: Jogo com torcida única.

Ataque terrorista com caminhão.
Solução: Proibir a venda de caminhões.

Massacre em escolas com armas de fogo.
Solução: Proibir a venda de armas.

Invasão terrorista em países árabes.
Solução: Refugiar todos em países ricos.

Problemas com educação de base.
Solução: Criar sistema de cotas raciais.

Dificuldade cognitiva de aprendizado.
Solução: Acabar com o sistema de reprovação.

Falta de governo e democracia.
Solução: Eleger um ditador de esquerda.

Crime organizado, mortes e drogas no Rio.
Solução: Educação e muito “Imagine” para ouvir.

Assalto à mão armada.
Solução: Não dê mais mole naquele local!

Não consegue atingir o status de classe média
Solução: “Ressignificar” o que é classe média.

Animais sensíveis a fogos de artifícios.
Solução: Proibir a venda de fogos.

Sou feia gorda, mas quero ser miss.
Solução: Mudar os padrões de beleza impostos pela sociedade capitalista.

É desqualificado, preguiçoso e está desempregado.
Solução: Ir a um programa de TV reclamar da sociedade preconceituosa.

Foi assediada, molestada ou estuprada.
Solução: Escrever textão no face, lacrar e ficar de mimimi.

Invasores de terras e imóveis urbanos.
Solução: Furar a fila da casa própria.

Pobreza, analfabetismo, ignorância, desemprego.
Solução: Assistencialismo e Bolsa família.

Não sabe ler e vai ao cinema.
Solução: Filme dublado.

LGBTs em banheiros M/F
Solução: Criar o 3º, 4º, 5º, 10º banheiro.

Feriado que cai na quarta-feira.
Solução: Puxar pra segunda ou sexta.

© Antônio de Oliveira / arquiteto, urbanista e cronista / março de 2018

segunda-feira, 5 de março de 2018

Esquerda ou Direita?

A classificação esquerda e direita, hoje, perdeu totalmente o sentido desde que surgiu na Revolução Francesa (1789). E isso tem feito muita gente não saber se posicionar. Você é de esquerda ou de direita?

Ser de ESQUERDA é apoiar uma agenda progressista nos costumes (casamento gay, igualdade de gêneros, liberação de drogas, aborto, etc.). É ser simpático a governos estatizantes e controladores — veja como a maioria dos esquerdistas não dizem nada sobre governos ditatoriais como os de Cuba e Venezuela. É romper com o passado e todas as tradições, inclusive as religiosas; é ser ateu. Às vezes, é dizer-se espiritualizado, panteísta, mas nunca religioso (adorador). É ser a favor e propagador de movimentos de minorias, como: feminismo, gaysismo, sem terra, etc. É ser a favor das cotas nas universidades e em tudo onde couber. É ser socialista e enxergar desigualdade social em tudo, menosprezando o mérito e a capacidade individual de cada um. É ser utópico, sentir-se salvador do mundo, acreditando que tudo isso um dia vai se transformar em realidade, e vai dar certo. É ser relativista.

Ser de DIREITA é ser conservador nos costumes (ético e moral). É ser favorável à legítima defesa, ser pró-vida, contra a liberação de drogas. É ser obediente e vigilante às leis e regras. Ser a favor do modelo de família como se apresenta na constituição. Acreditar que as tradições culturais e religiosas devam ser mantidas e que a liberdade individual tem prevalência sobre o coletivo. Em muitos, é ter o cristianismo como crença e religião. Ser a favor da propriedade privada. É primar por um Estado mais enxuto e com o livre mercado estimulado pela competitividade. Ser mais liberal na economia e acreditar que só a geração de emprego é capaz de minimizar os impactos das desigualdades sociais. — O mundo é isso mesmo, herdamos assim e entregaremos um pouco melhor — pensa um direitista. É se guiar por uma realidade e acreditar numa verdade única. 

(Nota: as definições vão do mais light até os extremistas. Se você tem posições nos dois lados, pode ser que esteja sendo enganado por um deles).
  
© Antônio de Oliveira / arquiteto, urbanista e cronista / março de 2018