Não podia deixar de registrar, hoje (30/04), faz 01 ano que este Blog está no ar, ou como se diz, na rede. Devo confessar que, não imaginava a repercussão boa que ele me trouxe. Muitos amigos, encontros e bons presságios. O fato de ter colocado na rede meus textos, comentários (sobre vários assuntos), instigou meu apetite em escrever mais e mais; passar meus recados na medida que o "incômodo" vinha à alma. Escrever é uma coisa solitária, eu sei. Já disse um jornalista que, é infeliz quem escreve. Não acredito, acho que é felicidade também. Na verdade, quem escreve lava sua alma. Vamos tocando o barco. Obrigado a todos. Antonio.
Anttonio Oliveira, arquiteto, urbanista e um aprendiz das palavras. Contatos: Email: anttonioarq@yahoo.com.br Twitter: @Anttonioarq Instagram: anttonioarq
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sábado, 30 de abril de 2011
segunda-feira, 25 de abril de 2011
As atrizes
“Com tantos filmes
Na minha mente
É natural que toda atriz
Presentemente represente
Muito para mim”
Marilyn Monroe - 1947 (21 anos) |
“Com tantos filmes
Na minha mente
É natural que toda atriz
Presentemente represente
Muito para mim”
Com estes versos, meu compositor favorito – desde os 14 anos – completa a letra da canção “As atrizes”. Falo, é claro, de Chico Buarque. Em 2006, ele escreveu esta canção que se confunde, no tema, com outra de sua autoria, do mesmo ano “Ela faz cinema”. Quando acompanhava os programas especiais feitos pela extinta Directv, lembro que Chico compôs esta música, um tanto meio “preguiçosa”, só para fazer parte daqueles programas e porque estava no contrato: uma música nova por programa. Não desmerecendo a canção, é claro. Mas, como tudo tem uma história que justifique, ele contou que somente no cinema francês era possível ver mulher nua; mulher saindo da banheira se enrolando numa toalha, aquela coisa bem rápida. Até então, o cinema americano não havia descoberto a nudez e sensualidade, numa forma comercial de atrair público. Outros tempos.
Aos meus amigos, confesso sempre que não me sinto atraído pelas atrizes nacionais, quando vão parar na telona. Tenho dispensado os filmes nacionais, independente de quem atua. Penso que essas atrizes, nunca fogem do rótulo massante que encarnam nas novelas globais. Pode até ser cisma minha, ou preconceito. Nós não temos atrizes só de cinema, infelizmente. Mas, no cinema hollywoodiano (como disse Antonio Bandeiras: Hollywood hoje é só uma marca e não mais uma indústria cinematográfica) tem uma penca delas que me vem à cena. Citaria as atuais, carregadas de beleza e talento, Kate Winslet, Julia Roberts, Angelina Jolie; e outras das antigas: Joan Crawford, Bette Davis, Audrey Hepburn, Elizabeth Taylor, Jane Fonda e, é claro, Marilyn Monroe.
Aos meus amigos, confesso sempre que não me sinto atraído pelas atrizes nacionais, quando vão parar na telona. Tenho dispensado os filmes nacionais, independente de quem atua. Penso que essas atrizes, nunca fogem do rótulo massante que encarnam nas novelas globais. Pode até ser cisma minha, ou preconceito. Nós não temos atrizes só de cinema, infelizmente. Mas, no cinema hollywoodiano (como disse Antonio Bandeiras: Hollywood hoje é só uma marca e não mais uma indústria cinematográfica) tem uma penca delas que me vem à cena. Citaria as atuais, carregadas de beleza e talento, Kate Winslet, Julia Roberts, Angelina Jolie; e outras das antigas: Joan Crawford, Bette Davis, Audrey Hepburn, Elizabeth Taylor, Jane Fonda e, é claro, Marilyn Monroe.
Na década de 1950, 10 entre 10 homens eram fascinados pela estonteante Marilyn Monroe. Eu também fiquei – embora nem houvesse nascido quando ela estourou nas telas. Estou lendo agora o livro “A vida secreta de Marilyn Monroe” – J. Randy Taraborrelli (2010). Por ser um livro extemporâneo - sem a menor pretensão de tirar proveito de sua morte, como ocorreu na ocasião -, carrega em si um monte de verdades, com dedos nas feridas e fatos minuciosamente relatados sobre a vida de Marilyn. Da triste infância até o estrelato e passando pelas suas doenças psicológicas. Verdades, sim, porque muito do que se falou dela eram histórias inventadas – até por ela mesma. Ela tinha esta coisa de inventar histórias sobre sua vida, até para tirar proveito na carreira. Quando alguém descobria a verdade, ela voltava atrás, sem sair do tom, dizia o que de fato se passou e justificava porque mentiu. Frank Sinatra, seu amigo, dizia: ela sempre conseguia fazer do limão uma limonada...
A pretexto da sua vida e da atriz que sempre desejou ser – ela era muito dedicada em tudo que fazia –, comecei, já faz um tempo, e não terminei ainda, de escrever um texto falando dela. Parei no meio, confesso, para respirar e ter fôlego; as histórias do livro têm me fascinado, mudando palavras e encontrando outro sentido para descrevê-la. Agora com a atriz também; sem me ater somente ao mito que carrega seu nome. Ela era radical e queria ser uma grande atriz, e para isso usou de tudo, inclusive o seu maior triunfo: a beleza. Foi assim, até a sua morte. O texto estará aqui no início de junho, prometo, quando ela completaria 85 anos.
© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / abril de 2011.
terça-feira, 12 de abril de 2011
Pedras e diamantes
Nunca me deparei com uma pedra preciosa na sua brutalidade. Poderia dizer que elas passam longe de mim, é verdade. Elas sempre nos aparecem já talhadas, polidas, brilhantes e belas. Algumas, já lapidadas, ficam à vista somente nas vitrines das joalherias. O que há de tanta preciosidade? Porque se rouba, se mata e se gasta tanto para possuí-las? É só uma pedra! Tento justificar: raridade, fazem bem aos olhos de quem vê, tem dureza, brilho, ostenta uma riqueza, custou sua lapidação — há inúmeras razões. O mundo tem mais preciosidades para brigarmos por elas. Há tantas almas brutas, mas preciosas, de estimado valor, só precisam ser talhadas também.
Faz alguns anos fiz um curso de final de semana, num hotel fazenda. Era um daqueles cursos de imersão, de mergulho interior, de caça aos nossos tesouros. Ao final, percebi que, um final de semana era pouco para desfragmentar todo o HD e colocar os arquivos e pastas no lugar; ou arrumar as gavetas da cômoda: meias em uma, camisetas em outra, cuecas em outra, e roupas velhas puídas no lixo... Mas, sempre trazemos algo de bom, mesmo que o tempo não seja o ideal para a arrumação. Numa dessas dinâmicas, guardei esta metáfora: pare de tropeçar em pedrinhas! Pedras tão pequenas que deveríamos pular, ou desviar, ou simplesmente chutá-las do caminho. Nós, no entanto, paramos dando grandeza de iceberg a elas; valor, imobilidade e choramos quando elas estão a nossa frente. Quanta vida desperdiçada, quanto tempo nós perdemos com essas tolices. É o que ocorre na maioria das relações; as pessoas discutem e brigam; se perdem e se separam por não encontrar soluções nas miudezas e não tratar com pequenez seus problemas. Foi essa constatação, que trouxe daquele final de semana e isso já me valeu ter ido. Nunca mais esqueci e não quero mais tropeçar em pedrinhas. Das pedras no caminho, só quero levar comigo o brilho das preciosas; com a sensibilidade de olhar por trás do barro duro que a esconde e com o trabalho árduo de ter que talhar e polir. Tem que olhar para dentro.
Toda vez que uma pedra preciosa é encontrada na natureza, imagino que, ela esteja na sua brutalidade: desfigurada, empoeirada, suja, rugosa, com crostas de terras e material orgânico que não sai no esfarelar das mãos. A natureza a produziu sem nenhum desses elementos, eu creio; eles, porém, foram se acumulando com o tempo e ela sozinha não pôde extirpar. E tudo aquilo fez esconder sua preciosidade; tudo que dificulta ver o quanto de brilho possui. É necessário ter sensibilidade e conhecimento profundo ao depararmos com algumas dessas pelo caminho; pode ser que pisemos em cima, não enxerguemos e não demos à devida importância, afinal, ela ainda é bruta e ofuscada por essas matérias impregnadas. Somente especialistas e pessoas com mais sensibilidade para percebê-las por aí, nas montanhas e nos fundos de rios. Aquele que encontrar, irá saber o que fazer para torná-la bonita, aparecer sua riqueza e valorizar por toda a vida. Lapidar agora é preciso, mas requer também paciência e zelo.
Lapidação é um estágio das gemas, onde elas passam do estado bruto para a revelação da sua beleza; onde ganham simetria, formas e brilho ao menor feixe de luz. Onde todas as impurezas são retiradas: o pó, a terra, a rugosidade. É um duro estágio para elas. As pedras são levadas aos discos e esmerilhadas, talhadas até o ponto de encontrar luz própria. Diria mais, é o pior sofrimento para elas. Crostas de terra e material orgânico estão lá por anos, agora são retirados com a paciência de um artesão. Não há pedra preciosa que seja encontrada já lapidada; todas têm que passar pelo estágio duro do esmeril. Este que lhe dá a forma simétrica: cônica, oval, redonda; com todas as suas faces iguais. Tudo para dar equilíbrio e perfeição, onde em cada lado que olharmos, revela a beleza; e giramos na ponta de nossos dedos para ver a luz refletida em todas as suas faces. Há beleza por todos os lados agora.
“Lapidar
Minha procura
Toda trama
Lapidar
O que o coração
Com toda inspiração
Achou de nomear
Gritando, alma” (Ânima – Milton Nascimento)
Vejo muitas almas boas, mas brutas, que vivem a tropeçar nas pedrinhas e ali estagnam, param com a sua e a vida de quem as acompanha. Precisam dessa lapidação; precisam dessa limpeza profunda para se tornar pessoas mais atraentes e bonitas; precisam da simetria para torná-las mais equilibradas, sensatas e sem arestas. Pedras preciosas não se talham sozinhas; quem as encontra tem que fazer o polimento, ajudar eliminando suas impurezas. Mas, é preciso que essas almas também se permitam a se limpar e se polir. É preciso passar pelo tratamento da dor do esmeril.
Já faz tempo, carrego comigo esta certeza. O que nos faz melhor não é o grau de instrução que temos; não é o saber falar vários idiomas; não é ser o melhor aluno da sala; ser o melhor funcionário da empresa e com o melhor salário; ou porque já viajamos o mundo todo. O que nos fará melhor é a pessoa boa que podemos ser; na forma mais justa e sincera, verdadeiros conosco e com o próximo. Assim, como as pedras, precisamos passar pelo estágio do esmeril, lapidar para transformar e luzir. Um ser humano na essência da palavra. Como ninguém ensina isso nas escolas, ficamos com a ideia que isso não é importante. Entendemos, sim, que importante é falar três idiomas e ser respeitado por isso. Grandes homens e mulheres da humanidade só falavam um idioma, o do amor. Bastou para serem lembradas por todas as gerações.
Das pequenas pedrinhas do caminho, faremos atalhos e desviaremos; das pedras preciosas, uma coleção para guardar por toda vida. Não importa a pedra que você queira ser: esmeralda, diamante ou rubi. O que importa é se você se permite passar pelo processo do talhamento; o que importa é o quanto você brilhará ao menor feixe de luz; e olhando por todos os lados, não conseguir dizer qual é o mais belo. Todos serão iguais com a incidência da luz.
© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / abril de 2011.
sexta-feira, 8 de abril de 2011
A tragédia de Realengo
Começou o festival de besteiras que assolam o país. Depois da tragédia "imprevisível" ocorrida ontem (07/04), em Realengo (RJ), começam novamente a se falar em desarmamento, seguranças dentro das escolas, leis, cadeados. Bobagem! Bobagem! Como se qualquer dessas ações, fosse impedir o cérebro doente de um psicopata. Não se trata de colocar cadeados nas escolas, ou blindadem de crianças; o matador poderia fazer isso em qualquer ambiente, com qualquer pessoa (lembre-se que ele era um psicopata). Temos que voltar, sim, ao resgate de valores morais e de educação, que começam na formação das famílias. Quem prega isso?
O Brasil tem 25,2 homicídios por 100 mil habitantes; os EUA têm apenas 6, menos de um quarto. Lá, já ocorreram várias tragédias similares. Há cérebros doentes lá e aqui. Não justifica que, falas como a da nossa presidenta: um crime como esse “não é característica do país”, venham tratar a coisa como particularização de nações mais desenvolvidas. Isso é fazer politica em cima da dor alheia. Quis dizer que, no Brasil, não ocorrem assassinatos dessa natureza, isto é coisa "duzamericanu". Como não! Não se trata de questões puramente de características de uma nação. Não há o que fazer diante de um crime brutal como ocorreu em Realengo. O assassino podeira ter feito isso dentro de uma igreja, de um cinema (lembrando um caso aqui no Brasil); ou seja, em qualquer lugar, com qualquer pessoa. O que precisa ser feito, de fato, é melhorar, com certeza, a formação do indivíduo, do ser humano na sua base. E isso, tem a raiz fincada dentro de nossos lares; com seus valores morais, de educação e, por que não, de religião. Para um momento como este, não cabem palavras ditas ao vento; não cabem atitudes por decretação de leis; não cabe a política rasteira e vergonhosa; não cabem bravatas; cabe o silêncio e o partilhamento da dor com quem perdeu uma dessas crianças. Meus sentimentos. É o que tenho para dar.
Postado por Antônio - Abril de 2011