Páginas

domingo, 24 de outubro de 2010

À francesa

Françoise Hardy
Nenhuma outra década colocou tantas beldades francesas no mundo pop, como a década de sessenta. No cinema, era o auge de Jeanne Moreau e Brigitte Bardot. Vi recentemente a comédia “Viva Maria!” — 1965. As duas atrizes estão lindas, interpretando papéis cômicos e sensuais, é claro. Moreau com 37  e Bardot com 31 anos. Balzaquianas, com as suas siluetas bem definidas, faziam duas “Marias” que viviam enfiadas em seus corpetes, arrancando suspiros dos homens em shows de strep tease, que atuavam seguindo um grupo mambembe de atores circenses. Imperdível.

Na música, a década de sessenta também trouxe a cantora Françoise Hardy. Minha memória foi despertava quando lia o livro “A Era dos festivais” e vi citado o nome de Françoise Hardy. Imediatamente veio à lembrança uma canção que fez sucesso no Brasil no início da década de setenta. Em 1968 — com 24 anos — ela veio ao Brasil participar do FIC — Festival Internacional da Canção — defendendo uma das suas belíssimas obras: “À quoi ça sert”. Sua identificação com a música brasileira foi tão contagiante, que logo depois gravou em francês a música que ganhou aquele festival, “Sabiá” de Tom Jobim e Chico Buarque. Na sua versão, a música ganhou o nome de “La ménsage”. Em 1971, ela faz novamente sucesso no Brasil depois de ter gravado o disco “La Question”, agora ao som do violão da brasileira Tuca.

O que encantava em Françoise Hardy não era somente a sua bela voz, mas a sua beleza vestida de eloquência. Sempre linda, elegante, magra e tímida; dava-se a impressão que ela não sabia que era tão bonita assim. Disfarçava sua beleza cantando. Naqueles anos, ela foi capa de muitas revistas famosas e foi, com certeza, um dos rostos mais fotografados naqueles anos.

Para o Blog, escollhi a canção “La Question”, que foi o que me fez lembrar-se de Hardy e trouxe muitas outras boas lembranças. Lá em casa havia um compacto simples “som livre”, um dos lados do disco era ela. Esta música era tema de uma novela de 1971. No site oficial de Françoise Hardy, está registrado que a letra é dela (Hardy) e a música é da violonista e compositora brasileira Tuca.




La Question
A questão
(Françoise Hardy)

Je ne sais pas qui tu peux être
Eu não sei o que você pode ser

Je ne sais pas qui tu espères
Eu não sei o que você espera

Je cherche toujours à te connaître
Procuro sempre te conhecer

Et ton silence trouble mon silence
E seu silêncio perturba meu silêncio

Je ne sais pas d'où vient le mensonge
Eu não sei da onde vem a mentira

Est-ce de ta voix qui se tait
É de tua voz que se cala

Les mondes où malgré moi je plonge
Os mundos onde, contudo eu mergulho

Sont comme un tunnel qui m'effraie
São como um túnel que me assusta

De ta distance à la mienne
De sua distância em relação à mim

On se perd bien trop souvent
Se perde sempre

Et chercher à te comprendre
E procurar te entender

C'est courir après le vent
É como correr depois do vento

Je ne sais pas pourquoi je reste
Eu não sei por que eu fico

Dans une mer où je me noie
Em um mar onde eu me afogo

Je ne sais pas pourquoi je reste
Eu não sei por que eu fico

Dans un air qui m'étouffera
em um ar que me sufoca

Tu es le sang de ma blessure
Você é o sangue da minha ferida

Tu es le feu de ma brûlure
Você é o fogo da minha queimadura

Tu es ma question sans réponse
Você é minha pergunta sem resposta

Mon cri muet et mon silence.
Meu grito mudo e meu silêncio.

Postado por Antônio - Outubro de 2010

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O ótimo, o medíocre e o idiota. Ou: Agora falando sério, Chico...

Começo escrevendo estas linhas ouvindo na minha vitrola virtual um dos meus álbuns favoritos. O disco “Meus caros amigos” de Chico Buarque, era obrigatoriamente tocado todos os dias lá em casa. Ainda fervilha na memória o som da agulha chiando (xii...) antes de entrar - sem introdução – a voz de Chico: “O que será que será / Que andam suspirando pelas alcovas...”. Em 1976, Chico ainda compunha suas canções de protesto sob metáforas. Muitas dessas músicas, hoje conhecidas, não existiriam se não houvesse a censura. A censura, ao contrário que muita gente imagina, o estimulava a criar.

Naquela época, o fedelho cronista aqui, queria ser Chico Buarque. Fiz alguns versos, mas nunca chegaram nem perto da sua genialidade, é claro. Então fui me ter com o violão e desse disco só saiu “Mulheres de Atenas”, cujos acordes e dedilhados sei décor até hoje. Só não me peçam para interpretá-la, pois sua letra é complexa e tem seis estrofes longas. Nem Chico sabia décor e por isso gravou o especial da TV Bandeirantes, com a letra ao lado. Essa vergonha de tocar violão em publico já me rubrou a face muitas vezes. Não toco.

Poucas pessoas sabem, mas sou assíduo freqüentador do Blog do jornalista político Reinaldo Azevedo. Petistas o detestam, e por eles o detestarem é que ele deve ser bom mesmo e deve ser lido. É uma lógica fácil de compreender, Reinaldo gosta de tratar a verdade como verdade e a mentira como mentira. Num de seus textos recentes, ao ser questionado por um dos leitores sobre a ausência da citação do nome de Chico Buarque, num tal manifesto da “esquerda intelectual” – se é que existem as duas coisas juntas ou separadas – em favor da candidata petista Dilma Rousseff, Reinaldo escreveu: “Há até quem diga que ele é o articulador [do manifesto]. Poder ser. Faria sentido. Chico é um ótimo letrista de MPB, um romancista medíocre e um idiota político. Não é de hoje”. Engoli seco. Ainda no embargo, refleti e depois disse a mim mesmo em voz baixa: ele tem razão... Talvez, eu nunca quisesse admitir, afinal é um ídolo sendo insultado e posto no banco dos réus, onde jamais imaginaria vê-lo. Podemos ser ótimos, medíocres e idiotas na mesma oração da vida. Por que não? Iremos brilhar no lado onde temos mais luz. Reinaldo e sua verdade desta vez me apunhalaram.

Tentei ler algumas das obras literárias que Chico escreveu e parei no meio do caminho, por falta de fôlego e emoção. Sua leitura é cansativa e não tem o lirismo e o capricho de suas canções. Seria como pedir a Machado de Assis escrever letras de músicas. Talvez, o encontrasse no mesmo ponto da mediocridade. Cada um na sua. Por isso, me considero um urbanista aprendiz de palavras e talvez fique no aprendizado a vida toda. Assim, me conservo longe do limite da mediocridade ou da idiotice e serei melhor naquilo que sei fazer bem. Minhas palavras são curtas e não têm a ânsia de romper fronteiras. Por muitas vezes é só um desafogo.

Em 1981, quando uma bomba explodiu no colo de um militar na porta do Riocentro, Chico era o anfitrião daquele show primeiro de maio. Aquela noite ficou marcada como um dos últimos capítulos de um enfretamento ao regime, que perdurou por longos 20 anos no país. Parte da arrecadação do show foi para o MR-8 – um movimento comunista clandestino que resistia àquela ditadura. Chico nunca se declarou engajado a partidos, mas já no período democrático começou a flertar com o PT e continua como um soldado, quando é convocado, ele está lá. Não me lembro também de declarações onde Chico tenha dito que é de “esquerda” ou que é um ateu convicto. Sempre fugiu desses assuntos polêmicos, embora parecesse ser ambos. Naquela época era muito comum comparar Chico a Caetano. Nas questões políticas, hoje fico com Caetano. Ele sempre se posicionou claramente, dizia o que pensava e continua dizendo - sem medo do patrulhamento.

Pô cara! Você é “chicólatra”, não vai com ele nessa? Não vou, e explico por que. Vou com Chico só na música e nas suas letras, onde ele é de fato ótimo. Outro dia parei para pensar no verdadeiro emprego da palavra dissociar e acho que ela seja talvez até mais importante que seu antônimo. Cérebros porosos e mentes ventiladas sabem dissociar informações, como um filtro da construção do nosso intelecto. Assim, como manga com leite, dois e dois são quatro e outras equações de obviedade igual. Sábio é o individuo que dissocia e filtra sob a luz da razão, do discernimento, da justiça e da verdade. Sem cabresto ideológico. Senão, fosse eu um sociólogo/escritor e não urbanista, naturalmente teria que ser de “esquerda”, ateu e andaria com Karl Marx embaixo do braço? Não! Desconstruo. Sou livre e penso como quero, carregado de princípios da minha formação e dissociando o que deve ser. Não pactuo e não dou meu voto de confiança a quem diz e desdiz antes de concluir o parágrafo (Eu odeio, eu adoro numa mesma oração – Chico Buarque). Quem - na política - usa da mentira como método. De certo, Chico, por seus princípios ideológicos, gosta disso. Eu não.

Não mudo uma vírgula de lugar quando trato de valores morais, de ética e de crenças. Já desisti de muitos políticos por isso. Na minha infância, quando me deitava para dormir, era minha mãe quem segurava minha mãozinha e junto comigo fazia “Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos, Deus, Nosso Senhor, dos nossos inimigos”, depois a Ave Maria e o Pai nosso. Ela era pouco instruída e foi alfabetizada já adulta; nunca foi intelectual nenhuma, nem de esquerda nem de direita, mas ensinou tudo que precisava aprender. Não troco isso por qualquer pensamento idiota, rasteiro e bocó. Uma questão de princípio.

Quando leio crônicas políticas em que começa com polarização de esquerdas e direitas, paro logo de ler. Sempre a mesma ladainha. No cenário atual, não cabe mais isso, como ainda insistem alguns saudosistas. Não há divisão por raças, crenças, credos e posições políticas. Acredito que a melhor divisão - para posicionar o ser humano no mundo - está entre quem é do bem e quem não é. O que de fato faz todo o sentido do equilíbrio das forças do universo. Toda luz só se propaga onde há o breu, o escuro. Um não existe sem o outro. A escuridão só é percebida pela ausência de luz. Com o bem e o mal é assim também. No campo das relações humanas – onde a política atua – seria melhor se colocássemos todos os seus personagens juntos e separássemos os que são do bem e o que não são. O joio do trigo. O resto é balela, propagadas por ideais que os partidos mesmos não mais carregam em si. Hipocrisia pura e ingenuidade dos que adulam e douram a pílula em troca do encalço da verdade. Procuro olhar para dentro, para biografia de quem quer que seja o postulante. Sob ética, decência e competência.

Talvez, Chico esteja ainda fugindo do seu rótulo de “unanimidade nacional”. Se estiver, contribuo me dissociando da sua mediocridade e da sua idiotice, mas continuo preferindo os seus ótimos versos em canções: “Oh, pedaço de mim / Oh, metade arrancada de mim / Leva o vulto teu / Que a saudade é o revés de um parto...”. Saudade do Chico, aquele das canções.

© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / outubro de 2010.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Quando as flores eram de verdade

Muitas histórias de amor já foram contadas por romancistas mundo a fora. E quem já não leu um desse folhetins na vida, uma história curta que fosse? Na maioria delas, descrevem lugares lindos, com encontro e desencontros; citam poemas e cartas; cavalheiros e damas, mocinhos e suas heroínas; buquês de flores com promessas de amor eterno e, porque não, contam também os dramas, as tragédias.

Devo confessar, sou um romântico tentando se corrigir. E se ninguém mais levantar a mão vou dizer que sou o “o último romântico” —  como já escreveu um poeta do cancioneiro popular. Quando vivo esse feitiço, me deixo levar pelas palavras e gestos de carinho quando me dirijo à mulher amada. Meus devaneios passionais vêm como brisas de outono, em sons de conchas de mar, com recheios de doçuras, de estrelas que se ouvem; e lições, que procuro me valer, como um bom vinho ao paladar.

Não receio em olhar para trás e colher da vida os melhores parágrafos, separando do passado as suas mágoas. Procuro ficar com o que foi bom. No final, resta aquela sensação: aprendi muito com isso. Não duvido, mesmo depois da dor, que se cicatrizou, podemos viver outro amor. Que graça tem a vida se nos matarmos de amor? Haverá sempre um novo a caminho, numa esquina do tempo. Tudo depende do comando da vida o quanto damos de colher de chá para que ela aconteça. Sem desesperanças e com muita inspiração.

Tenho saudades de tudo que foi bom — é claro —, da simplicidade da vida de outrora; da leniência do tempo, nas mudanças e tudo mais que me trouxe até aqui. Tempo em que as paixões nos corações arrebatavam; no cinema, namorávamos; nos olhos, olhávamos; nas bocas, beijávamos. Fazia parte do cotidiano encontrar poesias e versos pelos cantos da casa, receber e dar flores; simplesmente porque era delicioso sentir o coração mais efervescente.

Ah, o primeiro amor, como foi bom viver. Era belo quando a moça respondia à carta com uma boca de batom vermelho estampada num papel de carta. Havia aquelas que colecionavam esses papéis; eu mesmo recebi algumas cartas escritas nesses papéis especiais. E quanto aos recadinhos escritos em guardanapo, era o garçom quem entregava à mesa. Nas minhas declarações, “catava milho” tentando escrever numa “Olivetti”; e no final havia aquela frase em letras maiúsculas ou em CAPS-LOCK, como se diz hoje: P.S EU TE AMO! Era bom, quando dispúnhamos de uma caneta, um papel e um amor para pensar e sonhar — mesmo que fosse só platônico. Meus olhares eram tragados pelas atrizes de cinema e as dançarinas da TV; e as tratava como musas das minhas fantasias. Criava os meus romances particulares. Minhas cartas de amor não foram jogadas em garrafas ao mar. Mas por muito tempo elevaram e pairaram meu coração em colos de nuvens.

O mundo do século 21 tornou as pessoas mais individualistas e distantes; pôs asas na comunicação e como tudo também ficou mais sem emoção e inspiração; pôs até macarrão instantâneo na nossa mesa — que mau gosto! O amor agora é virtual, os beijos são “carinhas” com bocas vermelhas que vão anexas aos correios eletrônicos. Rosas em arquivos formatos PPS, poemas em formas diversas de apresentação espalhadas na blogosfera. Tudo virou Ctrl “C” / Ctrl “V” e colocou para debaixo do tapete o bom e velho cortejo com criatividade; aquele que vem do coração, explícito em forma de um buquê de rosas vermelhas ou numa caixa de bombom.

No fim das relações a coisa também enveredou por este caminho, diga-se, mais ligeiro. Segundo a agência Reuters, levar um fora digital é um fenômeno que vem crescendo. Pesquisas feitas na Inglaterra apontam que muitas pessoas hoje preferem as redes sociais e e-mails para terminar seus relacionamentos. Mais de um terço dos pesquisados disse que havia terminado seu relacionamento por e-mail, 13% mudou o status no Facebook sem avisar o parceiro e 6% divulgou a má notícia primeiramente no Twitter. Como se pode ver, a modernidade chegou aqui também e como tenho dito: ser solteiro hoje não é mais estado civil, virou status.

Tudo agora gira a milhões de gigabytes por segundo. Difícil mesmo é ser avesso a essa tecnologia. Não vou mentir, é difícil para mim — e acredito que para muitas pessoas também — resistir a tudo isso; agora, por exemplo, estou escrevendo estas linhas diante de uma engenhoca que meus antepassados jamais imaginariam existir. Necessitamos das ferramentas do mundo moderno, precisamos nos comunicar e entrar neste imbróglio informatizado, virtual e globalizado, mas não façamos virtuais também nossas emoções e sentimentos.

Para piorar, a palavra da moda agora é workaholic. Esses jovens viciados preferem como companhia à mesa do restaurante, não mais a namorada ou o velho amigo para falar de futebol; é comum vermos pessoas com seus computadores ultima geração ao lado do prato de comida. Navegando, navegando onde não há água.

Na minha cidade, percebo uma frequência cada vez menor de pessoas comprando flores. Uma floricultura que ficava aberta 24 horas fechou as portas. As flores agora vão por endereço eletrônico — aquela coisa fria e sem fragrância. As poucas visitas às floriculturas são em dias de finados, pois ainda não descobriram os endereços eletrônicos do “além”.

Em 1980, Roberto Carlos compôs a sua Amante à moda antiga: “Eu sou aquele amante à moda antiga / Do tipo que ainda manda flores...”. Exatos há 30 anos, já era antigo mandar flores. Imagina hoje. Ficou antiquado, démodé, cafona, brega demais. Quando as flores eram de verdade, havia o perfume e a alegria denunciada nos olhos de quem recebia; e não tinha como negar: era mesmo uma prova de amor despida por um gesto simples. Naqueles dias das flores, o ambiente se revigorava, se transportava, era outro. Um dia alguém me disse: "Por que mandar flores, se o final delas é o lixo?" Não quis lembrar que, durante aquele período da sobrevida no vaso, aquelas flores renovaram e aguçaram nos corações o amor, deixou os corações mais próximos, atados por um laço de ternura e carinho.

Outro dia fui buscar uns versos e encontrei esses: “as melhores flores são aquelas colhidas à luz das estrelas e entregues na surpresa da primeira luz da manhã”. Se existe a saudade alheia — como romântico ainda — sinto das flores de verdade. As rosas não falam — cantava Cartola —, agora elas também não exalam mais. Deixo-os com esta reflexão: se um dia Deus criou as flores, hoje o Google criou a forma mais rápida de encontrá-las.

© Antônio de Oliveira / arquiteto e urbanista / outubro de 2010.


Este Blog

Só para esclarecimento. Muitos leitores (as) vêm visitar o blog procurando novidades - textos inéditos todos os dias. O fato, é que este escriba não tem hábito de escrever todos os dias. Não que não queira. Desculpa, às vezes sou tragado por outros compromissos e pouco tempo resta para escrever. É claro, tenho outros hobbies, que não é só escrever, outro é ler. Quem escreve tem que ler. Nas letras como na arquitetura sobrevivemos à base de inspiração. Tem dias que olho para o papel virtual do Word e não vem nada, nadinha. Gostaria de ser uma máquina de escrever (Olivetti). Minha atividade principal é urbanista (agora convicto) e por isso escrevo nas horas que me sobram.

Para o próximo texto do Blog, fui buscar inspiração onde não havia. A ideia já existia, mas faltava um empurrão no “ócio criativo”. Saiu. Acredito que hoje à noite já esteja pronto para postar aqui. Dei o nome de “Quando as flores eram de verdade”, mas poderia se chamar “Pra não dizer que não falei das flores também”.

Como podem perceber não conto com colaboradores. O blog é só meu e não tenho mais ninguém mexendo aqui, mas aceito sugestões dos leitores. Por enquanto, faço dele meu cantinho, meu esconderijo da vida. Quem sustenta e me dá alento são vocês. Obrigado e vamos em frente. (Antonio)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Caminhos cruzados

Ela não podia ouvir
Como poder ouvir?
Latejante era a dor
E nem lembrava
Como a lua dançava
Quando o sino dobrava
Na noite do seu “sim”...
Ela não caia em si
Como poder fingir?
Ele velejava
Dia e noite
Noite e dia
E não voltava pra ela
Noites acordada
Apertava no peito
Mil convites pra sair
Ele não podia sentir
Mas havia um só beijo
Em seu paladar
E não desembarcava
Nunca daquele avião
Ignorava suas rotas em vão
Caminhos cruzados mudarão
Trajetórias e vida
Namorados de outros serão

Em vastos oceanos
Ele atravessava
De um país a outro
Remando em canções
Chamando seu nome no fim
Ela não havia
E nem sabia mais a razão
Ele virou numa esquina
E sumiu na retina
A sua visão
E aí, conta uma lenda...
Quer que o amor se prenda?
Solte dentro do coração
Até que o destino, milagres
Presságios e sonhos...
Outra vida, outras ruas
Cruzem, então
Os amores, olhares
De dois corações

Ele virou vento
Ela virou flor
Ele esperou no tempo
Ela dormiu na espera
Ele seguiu na correnteza
Ela na primavera
Ele chorou, no entanto...
E ela com certeza.

Antonio / 2005

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Uma canção, um parceiro



Caros leitores (as),

Alguns de vocês já conhecem, mas gostaria de compartilhar com os demais também, uma canção que compus em parceria com meu amigo Eduardo Borges. Digo amigo, pois além de parceiros na música, somos amigos nos momentos de alegrias e tristezas — já há 10 anos. Como em toda relação, às vezes nos debatemos em alguns pontos de vistas — o que é natural —, mas de volta à música tudo nos une de novo. Sei que ele anda preguiçoso para “mexer” com música, mas é inegável o talento que sempre teve, e isso não vai perder nunca. Espero.
Desde o início da amizade, fizemos umas 05 músicas, mas a última canção ficou marcada. E posso dizer que foi nossa melhor parceria: “Amor da Vida”.
Em setembro de 2007, mandei por e-mail um esboço (na arquitetura se diz “croqui”) de uma letra. Algumas horas depois, minha impaciência me tomou e peguei no telefone. Quando perguntei se ele havia recebido o e-mail, ele pegou o violão e cantou a música pra mim. Não acreditei, me aprontei logo para ira a sua casa e terminar de fazer o resto.
A canção faz bem aquele estilo “sertanejo romântico”, talvez se eu soubesse “mexer” bem no violão e fosse também o autor da música, saísse mais com cara de Chico Buarque. Mas, ficou como teria que ser. Ele acertou.
Faz 01 mês eu registrei a música e agora já podemos divulgá-la, e depois quem sabe receber uma proposta de gravação. Já temos alguns contatos.
O vídeo acima está postado agora no youtube, e vocês podem ver clicando aqui (Amor da Vida).
A música, com arranjo e como foi registrada, está no sítio “músicas registradas” e se vocês quiserem ouvir também podem clicar aqui (Músicas registradas).
Escolhi para o Blog esta gravação acústica (violão e voz), sem os arranjos, pois está como a música foi feita. A voz, é claro, não é minha. O cantor é Eduardo Borges.
Em tempo, um agradecimento ao meu outro amigo palmeirense João Pedro pelos créditos do vídeo, que ficou muito bom.
Só para não haver dúvidas, “Anttonio Buarque” sou eu. Com qual intenção?
Espero que gostem.

AMOR DA VIDA
(Eduardo Borges/Anttônio Buarque)
27/09/2007

Amor da vida
Flor da primavera
O tempo fez em mim.
Sua longa espera

Amor da vida
Sol do meu caminho
Vem morar comigo
E aquecer o meu ninho

Poeiras e pedras
Passei para estar aqui
Antes de você chegar
Meu destino um deserto
Meu futuro incerto
Foi Deus que mandou você pra mim.

|Quantas noites vazias
|Em meu quarto
|Eu te chamo
|No meu sonho
|Nele você vem
|Há tantos motivos
|Pra dizer que
|Eu te amo
|Você é minha razão
|E me faz tão bem
|E me faz tão bem...

Canção pra vida
Hoje tocou em nós
Tatuou nossos corpos
Marcou nossos lençóis

Amor da vida
Será pra sempre assim
Eu em você
Você dentro de mim.

REFRÃO
Eduardo Borges e eu
Postado por Antônio - 04/10/2010